Pedir desculpa “pelo que foi feito de errado na etapa anterior”. É este o objectivo do anúncio que o Novagalicia Banco publica hoje nos jornais espanhóis e que o “El País” cita (ver imagem do jornal espanhol). Em causa está, sobretudo, o facto de, durante a gestão anterior, o banco ter comercializado acções preferenciais junto dos seus clientes que agora se arriscam a perderem o valor investido e a não receberem dividendos por estas aplicações. Vários destes “investidores” são analfabetos, deficientes e menores de idade, recorda o jornal.
“Pedimos perdão pelo erro de termos comercializado acções preferenciais junto dos nossos clientes particulares sem conhecimentos financeiros suficientes”, subscrevem o presidente não executivo e o CEO da instituição, José María Castellano e César González-Bueno, respectivamente. Ambos assumiram a gestão da instituição depois da sua nacionalização em Setembro do ano passado, já depois de terem sido cometidos os “erros” que motivam o pedido de desculpas público.
“Estamos a dedicar todo o nosso empenho em resolver as situações injustas criadas pelas acções preferenciais. Colaboramos com a justiça para solucionar os prejuízos resultantes da situação anterior”, penitenciam-se os dois banqueiros.
Castellano e González-Bueno pedem ainda perdão pelas indemnizações milionárias que foram pagas aos anteriores gestores do Novagalicia Banco e pelos investimentos “pouco prudentes” feitos pelos seus antecessores, como operações ruinosas com a imobiliária Astroc ou a compra de uma ilha.
Os anteriores responsáveis da instituição que resultou da fusão das “cajas de ahorros” de A Coruña, liderada por José Luis Méndez, e de Vigo, presidida por Julio Fernández Gayoso, estiveram décadas à frente destas entidades. Fizeram investimentos ruinosos no negócio imobiliário, que deixaram o banco com 12.000 imóveis em carteira, e investiram em escritórios em vários pontos do mundo, escreve o “El País”. Por causa das perdas geradas por esta gestão, o banco já necessitou de 3.627 milhões de euros de fundos públicos e precisa de mais 6.000 a 7.000 milhões a financiar pelo resgate europeu à banca espanhola.
“Estas desculpas não são apenas palavras para melhorar o estado de ânimo de muitas famílias. São uma responsabilidade. Garantimos que não voltará a acontecer nada de semelhante”, sublinham os dois banqueiros que apelam ainda à renovação da confiança dos clientes na instituição. “Estamos em pleno processo de capitalização, as ajudas públicas que estão em curso dão-nos uma garantia de futuro e solvabilidade. Não há dúvidas de que o Novagalicia Banco oferece hoje a poupança mais segura”, defendem.
Os responsáveis da instituição alertam ainda que esta “é a última oportunidade” para a Galiza ter o seu próprio banco, até porque a alternativa à reestruturação é a liquidação do banco em hasta pública, como já aconteceu com a Catalunya Caixa. “Ninguém disse que vai ser fácil”, avisam.
É quase ridícula a atitude e inconsequente, mas sendo pouco mais do que nada, se a compararmos com o que se passou em tantos países, até parece muito, embora transmita a sensação de uma manobra de marketing, com dois “Egas Moniz” a imolarem-se em nome de uns tantos trafulhas…
Mas tendo em conta a amnésia que deu nos responsáveis por idênticas vigarices que por cá fizeram e que estamos a pagar (eu sei que é chato estar a repetir estas coisa, mas…), sem que nada lhes tenha acontecido (e já lá vão anos), dá quase vontade de dar mérito a quem só se conhece demérito…
Mais longe foi a Islândia, que já julgou e prendeu gente da mesma laia, continuando um processo de procura e criminalização dos (ir)responsáveis que ainda andam à solta.
Sem Justiça não há democracia, sem democracia não há liberdade e sem liberdade estas coisas não mais acontecem…
Não basta isso.
ResponderEliminarÉ preciso que nos indemnizem!
Mas ao menos em Espanha pedem desculpa...!
Indemnizar os prejudicados e libertar do ónus quem não tem responsabilidades e JUSTIÇA!
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