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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ninguém a quer e os europeus tem que a gramar?

“Triunfo do SPD na Renânia do Norte-Vestefália – Desastre da CDU”: é o resumo que o Frankfurter Allgemeine Zeitung faz do resultado das eleições locais de 13 de maio no estado federado mais populoso do país, que viu o partido de Angela Merkel, liderado pelo ministro do Ambiente, Norbert Röttgen, perder mais de 8% dos votos, ao mesmo tempo que a oposição social-democrata, os Verdes e o partido Pirata foram os grandes vencedores. As eleições são o último de uma série de infortúnios para a chanceler, que acumula derrotas eleitorais desde que a crise estalou na Europa.
Para o diário de Frankfurt,
o tema de redução da dívida, que já tinha estado no centro da campanha falhada da CDU nas eleições regionais do estado federado de Schleswig Holstein, não é mobilizador porque soa a nada. O ministro do Ambiente personificou esta contradição: temos de poupar, poupar, poupar, dizia ele, enquanto procedia a uma modificação do paradigma energético extremamente onerosa. Para além disso, era contraditório falar de “condições gregas” e constatar, ao mesmo tempo, que a Alemanha só agora é que começou a estar melhor. E, finalmente, é contraditório que a CDU se comporte como se os eleitores tivessem um endividamento suficiente, ao passo que os franceses e os gregos parecem vindos de outro planeta.
Em França, precisamente, Le Monde estima que os resultados das eleições alemãs “são, simultaneamente, uma má notícia para a chanceler alemã e uma boa notícia para François Hollande, com encontro marcado para dia 14 de maio em Berlim, assim que assumir as suas novas funções”.
François Hollande fez, nestas últimas semanas, de porta-voz europeu de uma estratégia de relançamento do crescimento para sair da crise do euro, ao passo que Angela Merkel dá prioridade ao saneamento orçamental, que servirá, a seus olhos, para garantir um “crescimento sustentável”. A vitória de François Hollande e das ideias por ele defendidas suscitou uma expectativa considerável nos países da UE, confrontados com a crise da dívida, e nas fileiras do SPD além-Reno. Angela Merkel tem noção disso e a humilhação eleitoral de domingo é mais um incentivo para que esqueça a questão do leste em relação ao pacto de crescimento.
“Os alemães tomam a Grécia e a Europa pela Jugoslávia”, indigna-se To Vima. O sítio de Internet do semanário escreve que “as eleições na Renânia do Norte-Vestefália foram uma terrível bofetada para Merkel: neste Land federal, transformaram-se em referendo nacional contra a política de austeridade”. Mas, no mesmo dia, “Der Spiegelfez ironia com o destino da Grécia” e pediu a sua saída do euro. “Berlim, começando pela Grécia, dissolve a Europa”, acusa To Vima. “Fazem ao nosso país o mesmo que fizeram à Jugoslávia no início dos anos de 1990, com bombas financeiras.”

A chanceler rejeita qualquer responsabilidade na derrota do seu partido nas eleições da Renânia do Norte-Vestefália. Horst Seehofer, líder do CSU, a organização bávara dos democratas-cristãos, fala, no entanto, de uma catástrofe política e exige que a coligação governamental de Berlim tire as consequências devidas deste ato eleitoral. 

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