(per)Seguidores

domingo, 13 de maio de 2012

Entre a chatice e a boa disposição, nem há escolha!

Os pacientes podem realmente melhorar as suas chances de sobreviver ao manterem-se otimistas e felizes? Especialistas dizem que o público aceita amplamente este facto. Mas, cientificamente falando, há questões que ainda têm que ser resolvidas sobre se funcionam ou não, como funcionam e o que essa conexão significaria para pacientes que não melhoram.
Apelo e promessa
Existe um apelo para acreditar que temos algum nível de controlo sobre uma doença debilitante. “Existe esta ideia de que você pode ter sucesso e conquistar qualquer coisa, mesmo doenças, com base no seu caráter”, disse James Coyne, professor de psicologia da Universidade de Pensilvânia, nos EUA, que realiza pesquisas sobre oncologia comportamental.
Estudos ligando o pensamento positivo e a saúde, frequentemente, fazem notícia. Por exemplo, um trabalho de pesquisadores israelitas sugere que as mulheres que enfrentam diversos desafios na vida, como a morte na família ou o divórcio, têm mais chance de serem diagnosticadas com cancro da mama do que aquelas que tiveram vidas mais estáveis e felizes. Os resultados foram detalhados na edição de 21 de agosto da revista científica BMC Cancer. O mesmo estudo descobriu que as mulheres com cancro têm mais chance de registarem, antes do diagnóstico, que estiveram ansiosas ou deprimidas e que coisas más aconteceram nas suas vidas.
Ronit Peled, uma das autoras do estudo, pesquisadora da Universidade de Bem-Gurion, em Israel, disse que houve evidências para uma relação entre bem-estar emocional e o risco de contrair cancro. “A mensagem principal, do meu ponto de vista, é que as mulheres que têm severos eventos na sua vida quando ainda são jovens devem ser consideradas num grupo de risco do cancro da mama e serem tratadas de acordo”, disse. “Mas sentimentos gerais de felicidade e otimismo na vida de alguém podem ter um papel protetor”.
James disse que o público geralmente entende que notícias como esta provam que o pensamento positivo é bom para a saúde. Mas a verdade é um pouco mais complicada.
Como se sente?
Na realidade não há uma resposta clara sobre se estar otimista o pode manter saudável ou curar algum problema, concordam James e Ronit. Pesquisas no assunto dividem-se entre estudos como o de Ronit e outros como os que James fez, detalhado na edição de dezembro de 2007 da revista Cancer, que descobriu que o bem-estar emocional não previa se pacientes com cancro no pescoço e cabeça sobreviveriam.
James é particularmente cético sobre o poder do pensamento positivo sobre o cancro. “O problema com o cancro é que ele é muito complexo. No momento em que ocorre o diagnóstico é possível que estivesse acumulando-se há décadas”, disse.
Para outras doenças, no entanto, o cenário positivo é mais agradável. James disse que há evidência de que o humor pode prever se alguém que teve um ataque cardíaco terá outro. E disse que há uma explicação biológica sobre por que isso pode ser possível.
Foi feita alguma pesquisa sobre a base biológica do pensamento positivo como tratamento terapêutico para doenças, mas James disse que os cientistas sabem que o cérebro e o sistema imunológico se comunicam. Os cientistas também sabem que o sistema imunológico tem um papel importante na inflamação das artérias, que podem ter um papel em ataques cardíacos, portanto é razoável deduzir que os ataques cardíacos podem estar ligados ao que ocorre no cérebro.
Bom, mau
No entanto, quando James e outros pesquisadores tentaram interceder e tratar a depressão em pacientes de ataques cardíacos, descobriram que o humor dos pacientes melhorou, mas as taxas de um segundo ataque cardíaco não. Ironicamente, James disse, a maior evidência de que a emoção afeta a saúde favorece as emoções negativas e não as positivas. Por exemplo, disse, nós sabemos que a raiva e a depressão estão correlacionadas com a ocorrência de um segundo ataque cardíaco, no entanto, o que não está provado é se manter-se positivo reduz o risco.
Outra maneira de a emoção poder afetar a saúde, mesmo em doenças complicadas como o cancro, é ao afetar a vontade do paciente em manter-se no tratamento. Pode ser um efeito indireto de um comportamento depressivo. Se uma pessoa é positiva, há mais hipóteses de aparecer para fazer todos os tratamentos, ter uma melhor dieta e fazer exercícios. E se você está muito deprimido, dorme mal e isso é mau para a sua saúde.
Mas os especialistas concordaram que as descobertas ligando as emoções e a saúde não devem ser usadas para pressionar os pacientes para que se sintam de uma ou outra maneira. Na realidade isso pode ser pior para o paciente do que deixá-lo só.
Más interpretações sobre esta pesquisa podem deixar as pessoas com medo de ter os pensamentos que têm. Há pesquisas também que mostram que manter a positividade pode ser tão stressante como manter mau humor. É stressante estar-se otimista de maneira não autêntica, todo o tempo.

Sem comentários:

Enviar um comentário