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sexta-feira, 13 de abril de 2012

“O lugar onde se nasce nunca devia morrer”

Para Paulo Macedo, as preocupações do Executivo não passam pela "questão do edifício", mas sim pela preservação dos centros de excelência da MAC, como de outras unidades em Lisboa e em outras partes do país.
À parte qualquer sinal de insensibilidade de um ministro da Saúde pelos utentes da saúde, diminuindo os instrumentos para o exercício da Missão do seu ministério e dos profissionais, não deixa de ser escandalosa a insensibilidade, até mesmo desprezo, do mesmo ministro pela “questão do edifício”, para quem não será mais do que um amontoado de pedras com argamassa, que deve ter custado uma pipa de massa… A arquitetura, a história, o património e a memória de uma cidade e de um país é coisa pouca, ou mesmo nada.
O cidadão Paulo Macedo tem direito a ser insensível, até ignorante, em áreas que não são da sua formação académica, mas um ministro do meu país não o tem, porque todos nós temos direito ao nosso passado e ao nosso património.
Não será por acaso que a Cultura, neste governo, tem um Secretário de Estado e não um ministro, que subalterna uma e outro, caso contrário já teríamos um parecer do IPAAR e não haveria dúvidas sobre a “questão do edifício”, a não ser que o instituto venha a ser extinto e os particulares deixem de estar sujeitos aos seus pareceres e orientações.
O edifício da Maternidade Alfredo da Costa, que foi construído sobre os alicerces de um templo, é um projecto de um dos grandes arquitectos portugueses e de seu nome Miguel Ventura Terra.
E mais não digo…
O ministro Paulo Macedo tem um álibi para as suas decisões: não tem dúvidas. Pelo contrário: tendo aterrado há menos de um ano no Ministério da Saúde tem o casaco forrado de certezas.
Só que as suas palavras não correspondem aos actos. Diz que reforma hospitalar "não é sinónimo de fechos". A realidade parece ser, pelo contrário, uma foice: prepara-se o desaparecimento de várias unidades, algumas delas centros de excelência médica.
O ministro Paulo Macedo pode querer fazer sem parecer. Mas a reforma hospitalar não parece ser outra coisa do que fechar hospitais a eito. Para ele o fecho da Maternidade Alfredo da Costa é uma certeza. Mas a estratégia é caótica.
O ministro, para tentar evitar o pânico, causa o pânico. A MAC é o bastião de segurança desta área hospitalar. Destruí-la é dinamitar a segurança das pessoas. Já se percebeu que este Governo tropeça sistematicamente com a comunicação das suas ideias. Nele não há silêncio calculado, há pura improvisação.
O ministro Macedo deveria perceber que, no caso da MAC, é mais importante convencer do que fazer. Mas o que está a improvisar é governar sem ter de explicar-se. Isso poderia significar ter poder. Na realidade significa medo. Ninguém consegue perceber porque se quer acabar com a unidade em que as famílias confiam.
Galileu dizia que "todas as verdades são fáceis de compreender quando se descobrem; o problema é descobri-las".
As pretensas explicações do ministro não são consistentes nem eficazes. São unicamente um caso de incapacidade de escutar o bom senso. É preciso saber exercer o poder. Quando não se sabe entra-se em pânico e sai asneira. 
Fernando  Sobral
Entretanto, no meio da discussão parlamentar sobre o assunto, o ministro da Saúde atirou para a agenda lúdica dos media um tema que mete criancinhas e tudo, porque o homem afinal não é de pedra…
Só não lhe veio à ideia proibir a circulação de automóveis, inclusive o(s) dele, que traz imensos problemas de saúde às crianças, aos adolescentes, aos adultos, aos idosos e ao Planeta…
Marketing, para aliviar as (a)tensões…  

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