Até hoje (7 de abril), o Governo estava convicto de que voltava aos mercados em 2013. As declarações de Passos Coelho, Vítor Gaspar e Miguel Relvas, feitas anteriormente, desde o ano passado, assim o atestam.
O que significa o regresso aos mercados
O regresso aos mercados significa que Portugal tem de conseguir obter os financiamentos que necessita junto da banca e investidores internacionais sem precisar do apoio da troika, o que implica uma forte redução das taxas de juro. De outro modo, não é possível o dito regresso aos mercados.
Primeiro-ministro, Passos Coelho
"Só razões externas poderão impedir o país de voltar aos mercados em 2013, conforme planeado." - Final da Cimeira informal Europeia informal, em Bruxelas, 30 Janeiro 2012
"Não há nenhuma razão para os mercados pensarem que Portugal precisa de renegociar o seu programa de ajuda externa." - Entrevista ao jornal Sol, 2 de fevereiro de 2012
"Mais dia menos dia haverá razões para que Portugal tenha condições de regressar aos mercados." - Declarações à imprensa durante a visita a Itália, 29 de fevereiro de 2012
"Já dissemos que vamos voltar aos mercados de dívida em setembro de 2013 e é o que vai acontecer." - Entrevista ao jornal 'Dagens Nyheter', durante uma visita à Suécia e à Finlândia, 8 de março de 2012
Ministro das Finanças, Vítor Gaspar
"Teremos condições para ter acesso normal ao mercado em 2013 porque 2012 é um ano de viragem do programa." - Entrevista à SIC, 6 set 2011
"A data crucial para o regresso aos mercados é 23 de Setembro e certamente que esperamos ter crescimento positivo antes disso." - Washington, 19 Março
"Não vamos pedir mais tempo, nem mais dinheiro." - Washington, 20 de março de 2012
Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas
"Nós vamos cumprir os objetivos a que nos propusemos. Cumpriremos no próximo ano o Orçamento como cumprimos neste ano. (...) Portugal há seis meses estava encostado à Grecia. Hoje afastou-se da Grécia.” - 2 de fevereiro de 2012
Presidente da Câmara do Porto, Rui Rio
"Se conseguirmos isso (regresso aos mercados 2013, conforme previsto até hoje), e parece dificílimo, temos de levar não sei quantas medalinhas de ouro, todos, desde o primeiro-ministro passando ao português mais humilde porque realmente fazemos um feito notável, principalmente da forma como os mercados funcionam. Acho muito, muito difícil." - Entrevista SIC Notícias, 1 de março
Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa
"A minha grande ambição é que o sistema bancário português dentro de um ano e meio esteja outra vez no mercado." - Porto, 30 Junho 2011
O jornal refere que "Passos Coelho não tem um trabalho invejável porque tem de impor a austeridade mais dura desde o fim da ditadura, quase há 40 anos. O seu Governo tem ido mesmo além das imposições da troika mas, até agora, com maus resultados: a economia contrai 3,3%(?) em 2012 e o desemprego está a nível recorde".
"Não há nada de novo, Portugal está e vai cumprir o programa estabelecido e, em circunstâncias normais, a 23 de setembro de 2013 Portugal voltará ao mercado", afirmou Miguel Relvas a propósito da entrevista ao primeiro-ministro publicada no jornal alemão "Die Welt".
Depois de toda a oposição já ter criticado as palavras do primeiro-ministro, Miguel Relvas disse ser "difícil compreender e reconhecer todo o ruído que nos últimos dias tem existido acerca desta questão", pois está nas mãos de Portugal o cumprimento de todo o plano estabelecido.
Questionado se houve uma interpretação errada da entrevista de Passos Coelho, o ministro adjunto enfatizou que o "que é dito é que, em circunstâncias extraordinárias, a própria União Europeia definiu uma perspetiva e políticas de apoio para os países que estão no âmbito deste programa" de ajuda financeira.
Marcelo Rebelo de Sousa culpa o primeiro-ministro pelo "verdadeiro desastre" que representou o anúncio de que os subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos e pensionistas só serão parcialmente repostos em 2015.
O antigo líder do PSD criticou ainda a entrevista que Pedro Passos Coelho deu a uma jornal alemão, o Die Welt, na qual disse ter dúvidas se Portugal conseguirá regressar aos mercados financeiros em 2013, o que considerou um sinal aos próprios mercados de que as coisas não estão a correr bem.
Marcelo elogiou o ministro Adjunto Miguel Relvas que "veio corrigir o primeiro-ministro" ao garantir que Portugal voltará aos mercados em 2013, se tudo correr dentro da normalidade. Na sua opinião, não há racionalidade na estratégia de comunicação do Governo, na qual inseriu também a medida de suspensão das reformas antecipadas.
Marcelo enfatizou a ideia de que foi o FMI a pôr ordem na casa e pedir para não serem anunciadas mais más notícias porque isso "desmoraliza".
A cronologia e a substância das comunicações dos “responsáveis”, a “interpretação contraditoriamente rigorosa” do que disse o primeiro-ministro e a classificação dos “erros de comunicação” dos membros do governo.
Para quem como MRS analisa com “rigor”, “seriedade” e “transparência” e vem gabar a estratégia do FMI que aconselha o governo a omitir doravante as más notícias, ao querer tanto resguardar o seu partido/governo, está a contrariar os princípios mais caros deste governo, que são exatamente: a exigência, o rigor, a seriedade e a transparência na política… Erro de comunicação?
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