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terça-feira, 13 de março de 2012

Quantos mais somos, há poucos fortes e muitos fracos

Não podemos criticar a União Europeia por não poupar esforços quando se trata de comunicar a sua atividade e as suas iniciativas.
Esta semana, a Comissão Europeia quis fazer muito barulho, lançando um pequeno filme, The more, the stronger, destinado a promover os benefícios do alargamento da União junto dos jovens.
Nele, podemos ver uma jovem branca, do género Uma Thurman em Kill Bill que, perante 3 agressores de etnias chinesa, indiana e brasileira, se multiplica a fim de os cercar e apaziguar. Ela e os seus 11 clones transformam-se depois,  tornando-se nas estrelas da bandeira europeia. O slogan “The more we are, the stronger we are”“Quantos mais somos, mais fortes somos”, encerra o vídeo.
Não tiveram em conta o facto de que, na Internet, não se pode escolher o nosso público: nas horas que se seguiram ao seu aparecimento na rede, o filme foi alvo de violentas críticas tanto de cibernautas como da imprensa. Acusado de ser racista e sexista, foi retirado pela Direção Geral do Alargamento, que reconheceu o seu erro e pediu desculpa.
Costuma dizer-se que a erro corrigido se desculpa metade. Mas tanto quanto à forma como quanto ao fundo, este assunto dá que pensar.
Quanto à forma, ilustra bem a dificuldade que a UE tem em falar aos europeus. Uma tarefa árdua, porque se trata de se dirigir a 500.000.000 de pessoas que falam línguas diferentes, tanto em sentido próprio como figurado, e que, frequentemente, têm das instituições europeias uma opinião mitigada – segundo o último Eurobarómetro, 31% dos europeus têm uma imagem positiva da UE, contra 26% que têm uma imagem negativa.
Quanto ao fundo, como sublinha Annika Ström Melin no Svenska Dagbladet, o filme reforça a tendência dos líderes europeus para, à medida que a crise económica se agrava, atribuírem as suas causas a inimigos externos. “É uma maneira clássica – e perigosa – de soldar uma comunidade atribuindo a outros a origem dos seus problemas”, escreve ela. “É verdade que a Europa está exposta à concorrência mundial, com a China à cabeça. Mas a União teria muito mais a ganhar se ficasse unida, tirando partido do mercado único e falando a uma só voz.”
Ora, é exatamente isso que a União Europeia não faz. A ausência de pedagogia, e até mesmo a hostilidade, demonstrada pelos governos perante a adesão à UE de novos Estados, e as divisões de que deram provas perante a crise, leva-nos a pensar que é sobretudo a eles próprios que é preciso dirigir as mensagens incitando à unidade e à abertura.

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