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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A insurreição vem de cima. Não é ótimo, mas é bom!

“Uma mudança de direção liderada por Roma, Londres e Haia”, considera o Corriere della Sera.
“Doze”, escultura de Vladmir Kush
A 20 de fevereiro, os primeiros-ministros David Cameron, Mario Monti e Mark Rutte enviaram uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a pedir-lhe para contribuir para “o restauro da confiança na capacidade da Europa gerar um crescimento económico forte e duradouro”.
Co-assinado pelos seus homólogos de 9 países (Estónia, Letónia, Finlândia, Irlanda, República Checa, Eslováquia, Espanha, Suécia, Polónia), o documento define as grandes linhas de um plano para evitar o risco de recessão criado pela austeridade: a abertura do mercado interno dos serviços, a implementação de um mercado comum da energia em 2014 e um mercado digital em 2015, com especial atenção para a investigação e o desenvolvimento, a abertura dos mercados mundiais como a Índia, regras mais flexíveis para as pequenas e médias empresas, a inclusão das mulheres e dos jovens no mercado de trabalho, a abertura das profissões protegidas e a criação de um setor financeiro “firme e dinâmico”.
Dois dirigentes faltaram à chamada: Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. “A Europa que pede um estímulo emerge”, constata El Mundo, para quem esta carta é “a resposta mais coordenada da UE à política de controlo do défice defendida por Angela Merkel”:
A carta chega num momento chave, numa altura em que a economia da UE está quase em recessão e o desemprego aumenta. Deve-se ter em conta esta iniciativa, desde que a UE esteja consciente de que os governos cumprem os seus deveres para controlar o défice e reduzir a dívida. E Merkel deverá tomar nota desta revolta coordenada.
Finalmente começa a haver reações à petulância da dupla Merkozy pela tentativa de usurpação do poder da “União”, mas estranhamente a frente não vem dos países que estão a ser vilipendiados (os PIIGS) pelos dois “artistas”, como tanta gente, há tanto tempo tem sugerido como auto defesa, mas por 3 países (Grã Bretanha, Itália e Holanda), cansados de serem tratados como 3 zeros à esquerda… E há mais 9, que pelas mesmas razões(?) assinaram a carta.
Matematicamente ficaram de fora 15 países membros dos 27, politicamente cada um terá as suas razões, entre os quais Portugal, que permitem uma interpretação subjetiva, enquanto não houver explicação para a não adesão.
Tendo em conta que o sumo da carta se traduz na exigência de medidas para gerar crescimento na Europa para evitar o risco de recessão criado pela austeridade que a “dupla” impõe, não se entende por que ficamos de fora e por isso:
O secretário-geral do PS acusa Passos Coelho de ser "um primeiro-ministro de braços caídos e sem iniciativa", lamentando que o chefe do Executivo não tenha assinado a carta em que 12 governantes defendem políticas europeias de crescimento económico.
Assino por baixo, sem complexos de faciosismo, como assinei uma petição de cidadãos europeus sobre matéria idêntica, cujo site deixo aqui para quem quiser fazer o mesmo, em consciência:

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