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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Filho e neto de portugueses acorrentado à Lusofonia

A 13ª edição do Correntes d’Escritas começou hoje, e da melhor forma: com o anúncio dos vencedores dos Prémios Literários e com a apresentação da Revista Correntes d’Escritas 11.
Rubem Fonseca é o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa, com a obra “Bufo e Spallanzani”. O escritor brasileiro esteve presente neste arranque do Encontro e lamentou “só agora ter vindo à Póvoa de Varzim”. O autor disse estar “encantado com a cidade, com as pessoas. Estou muito feliz aqui”. Filho e neto de portugueses, “e com muito orgulho”, Rubem Fonseca afirmou perentoriamente: “amo a língua portuguesa”. Ao tomar, esta manhã, o pequeno-almoço com dois poetas – contou – “recordei Luís Camões e como, na minha casa de infância, o meu pai tinha livros apenas de poetas e prosadores portugueses. Ele gostava muito dos sonetos de Camões e hoje, gostaria de prestar uma homenagem a esse grande poeta, lendo um dos seus sonetos”. E, emocionando a plateia, em extremo silêncio e com grande atenção, leu:
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Eduardo Lourenço, a quem a Revista Correntes d’Escritas 11 é dedicada, comentou que “este é um momento de grande estímulo, numa fase descendente da vida em que me encontro. O General De Gaulle dizia que a velhice é um naufrágio. Mas, já que naufragamos, que seja um naufrágio à Titanic, uma coisa gloriosa, com honras nas páginas dos jornais”. Eduardo Lourenço apreciou ouvir Rubem Fonseca, “sobretudo porque, neste momento, precisávamos de uma espécie de luz. Camões é um poeta sempre muito consciente da situação trágica da humanidade em geral, mas que é aquilo que nós precisávamos para não sucumbirmos a esta tentação de pessimismo que nos está a invadir. Portugal é um grande país e não se vai afundar, como o Titanic”.

2 comentários:

  1. Miguel,
    obrigada pela partilha, invejáveis correntes d' escritas por tamanha corrente d'emoção!
    beijinho e bom fim de semana!

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    1. Andy, vou dando conta do que se passa, mas bom mesmo é ouvir.
      Bfs

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