O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, Jardim Moreira, não ficou surpreendido com os resultados da pesquisa da OMS sobre o impacto das desigualdades sociais e económicas nos fatores de risco para a saúde e na sua visão, a “sociedade em geral acha que é uma fatalidade ser velho”. “É essa a forma que se vai sentindo em Portugal de uma sociedade que não tem sensibilidade para amar”, rematou.
À primeira vista dá vontade de dizer, se fossem só 44% não era mau, mas deve haver qualquer equívoco nos resultados.
Se se disser que 44% das habitações em Portugal já tem equipamento pré-instalado e adequado ao aquecimento das habitações, ainda vá que não vá. O que não é crível é que 56% dos portugueses tenham as casas aquecidas, sobretudo pelos custos incomportáveis para uma família da classe média e com os últimos e futuros aumentos dos custos das energias impossibilitará irremediavelmente a melhoria das condições de vida nesta área.
Mas como a maioria dos políticos, embora instalados e residentes em Lisboa, são maioritariamente oriundos do norte e nordeste, que das zonas mais frias, ninguém melhor do que eles para entenderem o problema e tentar resolvê-lo, em nome dos seus conterrâneos, se a renúncia das origens não continuar a ser um sintoma do snobismo parolo reinante.
Entretanto, há soluções baratas e humanizadas, já postas em prática, mas interrompidas (porquê), que seriam uma solução para o problema em questão, e poderiam em simultâneo recuperar o património construído e a paisagem natural, dentro do prometido Programa de Renovação Urbana, se o mesmo abrangesse também a renovação Rural, com a vantagem da criação de emprego na construção civil, por todo o país interior…
Fica a ideia e o exemplo…
O concelho de Vila Flor, no Nordeste Transmontano, conseguiu minorar o problema da solidão dos idosos com a construção de casas comunitárias nas aldeias e garantir algo que muitos nunca conseguiram alcançar com uma vida dura de trabalho.
Uma habitação com conforto foi uma realidade que alguns dos inquilinos só experimentaram depois dos 70 anos nestas casas comunitárias, símbolo do Projeto de Luta Contra a Pobreza "Vila Flor Solidária".
O projeto terminou há 13 anos, mas ficaram 5 casas comunitárias, 1 na sede de concelho e 4 em outras tantas aldeias, que são na verdade vários lares dentro de um edifício, erguidos a partir da reconstrução de antigos palheiros e habitações em ruínas e mm quase todas permanecem ainda os primeiros.
A Santa Casa da Misericórdia de Vila Flor é responsável por 3 destas casas e as outras 2 foram entregues às respetivas juntas de freguesia.
As Casas Comunitárias são uma resposta social para a principal entidade de solidariedade social do concelho, como disse Mónica Fernandes, da SCMVF e foram concebidas a pensar, sobretudo, nos idosos, mas sempre acolheram também outras famílias, como jovens casais com fracos rendimentos ou situações de emergência social.
Para o presidente da Câmara, Artur Pimentel, estas casas "preenchem uma lacuna que continua a existir em todos os concelhos do interior e no mundo rural, que é a solidão, é o isolamento de muita gente, sobretudo pessoas de mais idade", no entanto "a relutância que houve, na altura, por parte dos responsáveis nacionais do Projeto de Luta Contra a Pobreza" em relação a este modelo, em que foram investidos metade dos cerca de 500 mil euros destinados ao concelho transmontano.
Bom para o presidente da junta de freguesia de Seixo de Manhoses, que é das maiores da região, com cerca de 500 habitantes, mas não tem emprego e as poucas jeiras na agricultura resumem-se a "15 dias de azeitona" era replicar estas casas, agora a pensar mais "nos casais jovens que não têm casa nem trabalho e estão muito carenciados".
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