Chineses pagam prémio de 40%, omanenses de 30%. Encaixe de 600 milhões, mais mil milhões para financiar a REN. Foi por um triz: rating ameaçou negócio.
Quando, na semana passada, a Standard & Poors cortou o "rating" de Portugal, os alarmes soaram no Ministério das Finanças. A dias das propostas finais para a REN, os interessados mostraram dúvidas de última hora. O preço acabou por ser menos elevado do que se chegou a supor, mas a privatização da REN caminha para o sucesso: os chineses da State Grid propuseram comprar 25% oferecendo um prémio de 40% face à cotação da REN na sexta-feira; os omanenses da Oman Oil querem comprar 15% pagando um prémio de 30%. E assim o Estado pode vender todo o lote de 40%, encaixando 600 milhões de euros.
A proposta dos chineses aproxima-se dos 2,90 euros por acção e os dos omanenes acerca-se dos 2,70 euros, valores que comparam com os 2,07 euros de fecho na sexta.
Apesar de no passado recente se ter discutido as PRIVATIZAÇÕES, só por si, tal “solução” para “ajudar” a pagarmos as dívidas já não é posta em causa, como não foi a da EDP e Águas de Portugal, por se ter desviado a conversa para os administradores…
Se bem me lembro, ouvi e li que a REN era mais valiosa do que a EDP, até estrategicamente falando, mas parece que não é verdade, porque se 21,3 % da EDP valeram 2,69 mil milhões de euros ao Estado, como é que 40% da REN só valem 600 milhões? De tanto se falar em milhões e milhares de milhões, que o comum dos mortais nunca visualizará, é fácil ficarmos confundidos…
Mas, se o montante é tão pouco, em que é que este número ridículo, que fechará torneiras de receitas para o Estado, vai ajudar a reduzir a dívida? Ainda bem que vieram omanenses, a ver se “omanizam” a nossa sociedade e a orientação política do “nosso” governo para não se insistir na estafada “piada” de mais um "negócio da China”…
Mais do que discutir a nacionalidade dos candidatos, interessa perceber se é um bom negócio para o Estado português e tudo indica que sim.
Primeiro, Portugal tinha que vender porque a ‘troika' impõe. Perante isto, os candidatos complementam-se. Os chineses podem ser um parceiro industrial, uma vez que têm experiência no sector. Já o fundo Oman Oil será um accionista com interesses financeiros.
Depois, as propostas parecem boas. O prémio associado à oferta dos chineses deverá ser de 50% relativamente aos valores actuais das acções.
Por último, nenhum dos novos accionistas deverá ter lugares executivos no conselho de administração da REN, o que deverá garantir que os interesses nacionais vão continuar a sobrepor-se na gestão da rede eléctrica.
Há ainda um aspecto político. Se a operação da REN for concluída com sucesso, como tudo parece indicar, o Governo fecha duas privatizações importantes. Isto é um sinal relevante para o exterior. Mostra que apesar da má situação económica e da classificação de lixo, há investidores estrangeiros interessados nas empresas portuguesas. Isto é obviamente positivo.
A justificação da bondade do negócio, pelos vistos, assenta na premissa de Portugal ter que vender, PORQUE A ‘TROIKA' IMPÕE… e pronto!
Pelo que nos é dado a conhecer, nenhum dos novos acionistas deverá ter lugares executivos no conselho de administração da REN o que dispensa o governo de partidarizar o preenchimento de tais lugares e ser acusado de coisas feias… mas deverá haver umas trocas de cadeiras, caso contrário até parecerá que o governo não tem autoridade…
E pelos vistos há quem veja vantagens POLÍTICAS com as privatizações da EDP e da REN, por mostra que apesar da classificação de lixo, há estrangeiros que se dedicam à reciclagem. Só não vislumbramos onde entra nisto a política e em que é positivo, se nos livramos do que nos era rentável. Mas há quem o diga e ache positivo, provavelmente por se estar a falar de eletricidade e de pólos…
Enfim, todos mais pobretes, mas mais alguns mais alegretes…
Miguel
ResponderEliminarAnda por aí um vídeo com uma reportagem muito interessante sobre as recentes e modernas cidades chinesas praticamente vazias . Constroem, constroem só para impressionar.Centros comerciais gigantescos sem ninguém!Onde é que isto irá parar? Numa guerra económica sem fim à vista?
maria
EliminarChegou-me ontem e vou publicar hoje.
Os mesmos erros, os mesmos efeitos, mas os economistas é que sabem...
Sabem, não sabem? Sabem tanto que, por este andar, vai acabar tudo num grande estouro.´
ResponderEliminarVou partilhar e fico à espera desse vídeo.
às 19H00 o vídeo vai para o ar, acompanhado do novo ano chinês do Dragão.
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