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sábado, 6 de agosto de 2011

Uma cornada na (in)consciência dos “estripadores”…

Mais de 29.000 crianças morreram de fome  na Somália nos últimos 3 meses, em sequência da pior crise humanitária  no Corno de África, explicou a responsável  da Agência Americana de Ajuda ao Desenvolvimento, que sublinhou que na Somália, "3,2 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária imediata".
"Trata-se da pior crise humanitária dos últimos 20 anos", salientou  a responsável, secundada pelo senador democrata Chris Coons, que afirmou que aquela "afeta a nutrição de 12 milhões de pessoas  na Somália, Etiópia, Quénia, Djibouti e outros" países.
Desde que me conheço, que a fome em África é motivo de apelos à consciência dos cidadãos de todo o mundo, motivo para missões de todos os tipos e proveniências, fonte de fotos impressionantes sobre a “nossa” desumanidade, mote para poemas de adolescentes empenhados e o Corno de África sempre foi mais saliente nesta tragédia humana.
E vem agora falar da pior crise humanitária  dos últimos 20 anos, quando eu tenho um bocado mais do que 20…
Crise humanitária? Mas isso tem a ver com uma crise na efetiva garantia dos direitos humanos, sobretudo no que diz respeito à privação de necessidades básicas como moradia e alimentação, que neste continente é quase endémica, não por culpa da população, que não tem meios de sair dela e porque desde sempre os remorsos de alguns países os levaram a darem-lhes farinha, em vez de os ensinarem a plantar…
E só agora e nesta zona, são 12.000.000 de pessoas a sofrer e a morrer, de fome, quando mais de 50% dos alimentos gerados e colhidos em todo o mundo são destruídos, para manutenção do preço alto dos alimentos.
A crise humanitária está na consciência dos governantes países mais ricos, que gostam mais do ouro negro do continente, do que das pessoas africanas. E veja-se:
O delegado do governo alemão para os assuntos africanos, Gunter Nooke, acusou a China de co-responsabilidade na fome no Corno de África, "porque muitos investidores chineses compram terras e retiram aos pequenos agricultores a base de existência" e deu o exemplo da Etiópia, onde grandes superfícies de terra foram compradas por investidores estrangeiros ou vendidas ao Estado chinês. "Isso pode ser muita interessante para algumas elites africanas, mas para grande parte da população seria melhor que os governos locais se preocupassem em criar estruturas de produção agrícolas", disse o político democrata-cristão.
Para combater a fome em África, é necessário ir além da pequena produção agrícola e criar, por exemplo, sistemas de irrigação e de armazenamento modernos, o que é caro, reconheceu.
A chanceler alemã Angela Merkel visitou três países africanos - Quénia, Angola e Nigéria - e o combate à fome também foi abordado nas conversações com os respectivos governos, mas a intenção de exportar corvetas para Angola, sobressaiu.
O predomínio da China em África levou a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, a advertir já para um "novo colonialismo chinês", centrado na apropriação dos recursos naturais.
E agora vem os alemães dizerem que os chineses…
E vem a Sra. Merkel dizer que falou da fome em África da fome em África, enquanto tenta vender corvetas (submarinos é difícil) em África…
E vem a Sra. Hillary Clinton chamar colonizadores aos chineses…
E a China continua impávida e serena a iniciar práticas já velhas dos que agora a contestam…
Tá-se mesmo a ver que anda aqui política!
E de repente ficou todo o mundo com a consciência em lágrimas, ao ver as “lágrimas” que nem conseguem fazer verter…
Claro que como diz o alemão e qualquer inculto era capaz de adivinhar, para combater a fome em África, é necessário ir além da pequena produção agrícola e criar sistemas de irrigação e de armazenamento modernos. Mas diz ele que é caro. Porra!
E a vida humana terá preço e será mais barata?
E as ajudas cíclicas, quase sempre arrebanhadas pelos caciques abastados desses países, não ficam mais caras?
E o lucro do petróleo extraído desse continente não chega para matar a fome dos seus donos?
Vá lá, Senhores da massa, devolvam em géneros à população o que levaram em matéria prima desses países, mas só os que a levaram, não todos os cidadãos do mundo a que apelam agora à consciência… Quem comeu a carne, que devolva pelo menos uns ossitos para uma sopa de pedra…
Afinal, os Objetivos do Milénio, eram para os pobres, porque os ricos já os atingiram há muito... 

4 comentários:

  1. Infelizmente nós em Portugal somos um povo de memória curta e "passivos"... porque temos obrigação de lutar pelos nossos direitos de forma pacífica e ordeira...e na Europa também deveríamos ter uma palavra a dizer...Não somos nenhuns coitadinhos...!!!

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  2. ribas
    Eles bem querem deitar a nossa autoestima abaixo, mas é preciso mostrar o contrário, resistindo a quem tem com o que sabemos, apesar dos maus agoiros que por cá andam a fazer coro.
    No caso da fome em África, já tivemos "culpas", mas não somos os culpados e até deixamos lá tudo para os americanos...

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