O ex-Presidente da República diz num artigo de opinião, que Portugal não deve assumir uma posição de subserviência perante a troika do FMI, BCE e CE.
"Não devemos aceitar as receitas que a troika nos vai propor, com subserviência e sem discussão. Somos um Estado independente há quase nove séculos - com grandes serviços prestados à Europa - e não podemos consentir que nos tratem sem respeito ou que nos pretendam atirar para uma recessão sem remédio", frisa Mário Soares.
O antigo líder do PS lembra que a "troika não nos dá nada, empresta-nos com juros elevados" e insiste que as medidas apresentadas devem ser avaliadas por Cavaco.
Apesar de reconhecer que a margem de negociação de Portugal com os representantes do FMI, BCE e CE é curta, Mário Soares considera que antes que o trabalho da troika seja publicado e discutido em público, o "Governo, o maior partido da oposição e o Presidente da República devem, a uma só voz, apresentar os ajustamentos e as propostas que lhes parecerem necessárias".
Mário Soares faz ele próprio 6 sugestões para contrapropostas que Portugal deve apresentar, sublinhando que a redução do défice e da dívida "tem de ser compatível" com a retoma do crescimento, de modo a diminuir o desemprego e a pobreza. E sublinha que "a taxa de juro, que iremos pagar pelo empréstimo, tem de ser mais baixa e razoável e o prazo para o pagar alargado".
Para o ex-Presidente, é necessário continuar a incentivar as exportações e o Orçamento do Estado deve prever verbas para financiar os "investimentos-chave para o país, nomeadamente a contrapartida dos fundos estruturais". Mário Soares admite cortes nos despesismos, mas defende que "o Estado Social tem de poder manter as suas funções básicas".
O histórico socialista sugere também que seja feito um plano que identifique as áreas em que o país deve apostar, como o mar, as florestas, as indústrias tradicionais, a agricultura, o turismo, indústrias inovadoras e criativas e as tecnologias ambientais.
Sobre a presente disputa eleitoral, o antigo Presidente da república é claro: "As disputas eleitorais que, infelizmente, já têm aflorado um pouco azedas, entre os maiores partidos devem ser guardadas para mais tarde. Agora a prioridade das prioridades deve consistir em como resolver a situação nacional e evitar a bancarrota."
De acordo, de acordo e de acordo, mas…
Não foi o Mário Soares que defendeu o CDS, aquando do Comício no Palácio de Cristal, no Porto e não foi Mário Soares que defendeu o PCP depois do 25 de Novembro? Porque a Democracia…
E vem agora (sem lhe retirar a lucidez que um rico intelectual, um tal Henrique Raposo pretende) defender a redução dos partidos representativos do povo português, ao governo, ao PSd e ao Presidente da República, eliminando (já FMInizado) o mesmo PCP, o mesmo CDS e o BE? Então estes partidos não são democráticos e não representam os democratas que votam neles? O conceito de democracia de Mário Soares terá “evoluído” tanto? Ou acha que basta o “centralão” para a estabilidade governativa e para conter a instabilidade social? E o direito à indignação?
Afinal, ao contrário do que defende, ao dizer que a prioridade das prioridades deve consistir em como resolver a situação nacional e evitar a bancarrota, não está a dar o flanco à troika?
E quando diz que as disputas azedas entre os maiores partidos devem ser guardadas para mais tarde, não está a dizer que nem vale a pena fazer campanha, porque o PROGRAMA da TOIKA será o PROGRAMA ELEITORAL(?) dos PARTIDOS DO ARCO e nessa medida será o mesmo, por palavras diferentes?
E assim sendo, há razões para alterarmos o conceito de DEMOCRACIA e apagarmos da nossa memória os seus apelos, noutras circunstâncias, ao DIREITO À INDIGNAÇÃO?
Mudam-se os tempos…
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