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terça-feira, 17 de maio de 2011

E ainda dizem que nascemos todos iguais…

O gene 5-HTT regula o transporte de serotonina – químico associado ao sentimento de bem-estar - ao cérebro. Quem tem a variante mais longa deste gene tende a viver mais feliz. A conclusão é de um estudo que analisou 2.574 adolescentes ao longo de 13 anos, entre 1995 e 2008.
A investigação de Jan-Emmanuel De Neve, da Escola de Londres de Economia e Ciência Política, vai ser publicada no “Journal of Human Genetics”. O objectivo foi tentar perceber porque é que algumas pessoas parecem naturalmente mais felizes do que outras.
Cada pessoa tem duas variantes do gene: a variante longa deste gene permite uma libertação e uma reciclagem melhor da serotonina do que a variante mais pequena.
Os 2.574 adolescentes responderam a um inquérito que perguntava quão satisfeitos estavam com a vida. Ao analisar a informação genética, a equipa verificou que 69% dos jovens, que tinham duas cópias grandes do gene, diziam estar satisfeitos (34%) ou muito satisfeitos (35%) com a vida. Dos que tinham duas cópias curtas, só 38% diziam que estavam satisfeitos ou muito satisfeitos (19%). No total, cerca de 40% dos adolescentes disseram que estavam "muito satisfeitos" com a vida.
Quem é que não gosta de tentar perceber porque é que algumas pessoas, que aparentemente não terão razões para a alegria que, permanentemente lhes vemos estampada no rosto, enquanto nós, com razões “naturais” e condições materiais para sermos mais felizes do que elas, refletimos o contrário?
A levar em conta os resultados do estudo em causa, parece que o ditado que diz que “o dinheiro não traz felicidade” tem uma base científica, embora baseado no empirismo, mas não faz mal nenhum acreditar que o dinheiro ajuda a comprá-la.
Até é provável que os resultados encontrados sejam “rigorosos”, mas é bom ter em atenção a ressalva colocada pelo próprio coordenador, quando refere que é sobretudo a experiência que vamos tendo ao longo da vida, que interfere no grau de felicidade de cada um e nem sequer faz referência às condições sócio-económicas de que se desfruta.
Pode ser que o estudo tenha uma análise mais esmiuçada do que a notícia nos apresenta e que passe pela descrição das condições de vida dos jovens estudados, para que possamos “acreditar” nesta inevitabilidade congénita, porque assim sendo nem verdade é o que dizia Abraham Lincoln:
Todos os homens nascem iguais, mas é a última vez que o são”…

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