O especialista de Relações Internacionais do Estado brasileiro de Salvador da Baía, Leonel Pinto, defendeu a elaboração conjunta de um roteiro turístico lusófono para promover e difundir a cultura dos países membros, quando dissertava no I Fórum Empresarial sobre Turismo da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), realizado em Luanda, sobre “A experiência das cidades da UCCLA no desenvolvimento do turismo”.
O especialista considerou que com este guia turístico haverá maior intercâmbio cultural entre os Estados membros e um aumento gradual dos negócios.
Ao caracterizar as cidades da UCCLA sob o ponto de vista do turismo, afirmou que Salvador da Baía disponibiliza uma série de opções turísticas que atraem qualquer visitante. Para além de Salvador da Baía, outras cidades como Macau, Lisboa (Portugal) e Praia (Cabo Verde) possuem igualmente um sistema avançado de organização e estruturação das actividades turísticas.
Macau possui uma diversidade de produtos turísticos que movimenta anualmente 25.000.000 de turistas, dispondo de 20.000 quartos. Lisboa, por seu turno, tem a simpatia de estar na Europa e possuir uma cultura milenar, repleta de história antiga e um estilo de vida contemporâneo. A cidade da Praia, em Cabo Verde, tem o turismo como uma das suas fontes de receitas e já recebe anualmente mais de 50.000 turistas.
Em contrapartida, em cidades como o Huambo (Angola), Água Grande (São Tomé e Príncipe) e Maputo (Moçambique), as actividades turísticas ainda são incipientes, considerou. Huambo oferece hoje uma série de atractivos naturais e patrimoniais que podem convidar qualquer visitante. A cidade já realizou alguns investimentos em hotéis, estradas e serviços e atualmente, conta com 182 quartos e 41 restaurantes, tendo recebido, em 2008, mais de 5.000 turistas. Maputo tem no turismo a sua fonte de redução da pobreza e aposta neste setor como uma das grandes metas. A cidade de Água Grande, em São Tomé e Príncipe, por seu lado, precisa de mais investimento. Tem riqueza natural e algum património histórico.
No encerramento do Fórum, o vice-ministro da Hotelaria e Turismo, Paulino Baptista, disse que o Executivo projeta a política nacional de desenvolvimento turístico entre a especialização profissional e as localizações específicas das províncias.
A valorização de uma oferta turística diversificada inclui, entre outras, unidades ambientais e a sua exploração, a qual deve ser efectuada de uma forma controlada, para prevenir problemas ecológicos: “O turismo deve ser feito de forma ética e ecológica, de modo a assegurar a sustentabilidade ambiental e cultural, a inflação do mercado interno e a inserção, no cenário político, na Comunidade de Desenvolvimento dos países da África Austral (SADC), na Organização Mundial do Turismo (OMT) e outras organizações”.
O secretário-geral da UCCLA, Miguel Correia, considerou, que o evento possibilitou às pessoas que falam a língua portuguesa perspetivar que, no futuro, possam ser levadas a cabo ações de cooperação para o desenvolvimento do turismo numa perspetiva de parceria.
Em Luanda, discute-se um dos vetores da lusofonia, que passa pela Economia/Turismo e naturalmente pela elaboração conjunta de um roteiro turístico lusófono para promover e difundir a cultura de cada um dos países membros.
E para começar, por que não o incentivo às viagens de cidadãos lusófonos, para os países lusófonos, para conhecimento dessas culturas e elemento aglutinador desse património universal? Ao mesmo tempo, a promoção destes destinos para cidadãos não lusófonos, mas com um desenho que mostre o espírito da lusofonia, tão diverso de outros de outras culturas e por isso mais rico, se for genuíno.
Claro que, fugir do desenvolvimento do turismo numa perspetiva de parceria e dominado por qualquer país que vá mais à frente, seria matar a ideia à nascença e nem valia a pena iniciar.
Portugal, Angola e o Brasil podem formar uma “poderosa rede global”, segundo Poças Esteves, sócio gerente da Saer – Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco, durante a conferência organizada pelo SOL “Grandes Desafios de Portugal nos Alvores do Séc. XXI”, em Lisboa.
Poças Esteves apresentou o livro do economista Ernâni Lopes, “O Triângulo Virtuoso Angola – Brasil – Portugal” e defendeu “que este objectivo tem todas as condições para ser alcançado, tendo em conta os activos fundamentais comuns: a língua, as pessoas e o mar”.
“A lusofonia ainda é um longo caminho que todos temos a percorrer. Ainda não é um espaço articulado de negócios, nem um actor económico global, mas tem toda a capacidade para o ser”, observou.
O antigo presidente da República Ramalho Eanes defendeu, na conferência Triângulo Virtuoso organizada pelo SOL, que as relações entre os países lusófonos assumem uma importância estratégica na cooperação entre Angola, Brasil e Portugal, reforçando o peso de cada um dos países em três continentes. O antigo presidente acredita que na actual conjuntura económica a Lusofonia pode ser uma luz ao fundo do túnel. “As conjunturas 'crisicas' podem ser o prenúncio de uma nova e mais promissora alvorada”.
O antigo chefe de Estado considera ainda que há duas vias para enfrentar os desafios: a via da decadência, em que não se arrisca, e “semear com incerteza o aproveitamento de novas oportunidades” e deve ser esta última via que os países lusófonos devem seguir.
Entretanto em Lisboa, quando se fala sobre o triângulo virtuoso: Angola – Brasil – Portugal e dentro do espírito da lusofonia, seria redutor o espaço físico e geográfico, aliado ao poder económico emergente, porque o verdadeiro Triângulo Virtuoso, que tem que ser a estrutura base de qualquer boa intenção par potenciar a Lusofonia, só pode passar por: LÍNGUA - PESSOAS - MAR. Fugir disto, é matar a ideia à nascença e nem vale a pena iniciar.
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