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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Dívida + dívida não é igual a maior dívida?

A emissão de Obrigações do Tesouro a 10 anos teve uma procura a rondar 9.000 milhões de euros para uma taxa a rondar 5,1%. Neste momento, as ordens dos compradores estão já fechadas e falta apenas a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) decidir o montante total a colocar e a sua distribuição pelos investidores.
O montante deverá situar-se entre 2.500 e 3.000 milhões e será sempre suficiente para assegurar as necessidades de financiamento previstas para este ano. A partir de agora, as emissões que forem realizadas servirão para pré-financiar já 2015.
Esta é a 2.ª emissão a 10 anos que Portugal faz desde o pedido de resgate. A 1.ª foi em maio do ano passado quando o IGCP colocou 3.000 milhões de euros à taxa de 5,669%. Além destas 2, o Estado realizou também 2 emissões sindicadas a 5 anos: uma em janeiro de 2013 e outra no mês passado.
Juntamente com as 2 operações de troca de dívida, estas 4 emissões serviram de reaproximação aos mercados de dívida de médio e longo prazo depois de 2 anos sem emissões.
Tenho que confessar mais uma vez, que não percebo muito ou nada de mercados, mas sei o que é uma dívida (que nunca tive), mas consigo perceber que fazer mais dívida para pagar dívidas foi o esquema que os particulares utilizaram, depois de freneticamente assediados, que permite alguns dizerem que “vivemos acima das nossas possibilidades”, embora só esses, as empresas os bancos e o Estado tenham praticado tal “modo de vida”…
E dentro da ignorância confessada, sempre me fez alguma impressão e muita incompreensão, que tendo-se perdido a possibilidade de ir pedir aos mercados e sendo, por isso, obrigados a pedir dinheiro à troika para pagar aos credores, o objetivo das medidas do Memorando fosse reganhar posição para continuarmos a pedir dinheiro, aumentando, matematicamente a dívida…
E é por isso que não entendo esta euforia de se conseguir mais empréstimos, que somados aos que ainda não pagamos e continuam a crescer, só fazem aumentar a dívida. Ainda por cima, as taxas de juros são inversamente proporcionais ao crescimento, o que quer dizer que o senhor que se seque só pode ter razão:
"Portugal está, no fundo, a fazer aquilo que fez a Irlanda, onde nunca houve receios de que o país sofresse um episódio de falta de liquidez para pagar dívida. Isso dá maior confiança aos investidores e, a prazo, traduz-se em taxas mais baixas nas emissões", diz David Schnautz, estratego em mercado de dívida pública do Commerzbank.
Pelas mesmas razões que me ultrapassam, os partidos da oposição e os da situação, têm perspetivas diferentes, como é óbvio, mas duvido que nas suas vidas fossem capazes (sei lá) de usarem os mesmos esquemas, que usaram os iscados com o “7 além”…
Mas o mal deve estar na minha ignorância, o correto no bolso dos contribuintes, que serão iscados, de novo, nas próximas eleições, seja lá para o que for…
O secretário-geral do PS considerou "insuportável" para as contas públicas a taxa obtida pelo Estado Português na emissão de dívida a 10 anos, adiantando que irá acrescentar problemas ao País. "A taxa alcançada é insuportável para as contas públicas portuguesas", afirmou o líder socialista, salientando que a dívida pública nacional cresceu agora mais 3.000 milhões de euros.
O Bloco de Esquerda advertiu para os juros "incomportáveis" com que Portugal se financiou no mercado a 10 anos, lembrando ainda que não há reflexo entre a colocação de dívida e o "milagre" económico" que o Governo quer apresentar. "Esta taxa de juro é completamente incomportável, ela torna a dívida muito difícil e muito mais pesada no futuro. É um bom negócio para a banca e um péssimo negócio para o Estado", declarou a deputada do Bloco Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas no parlamento.
O CDS-PP enalteceu os resultados da colocação de dívida portuguesa, sublinhando que emissões como a de hoje começam a tornar-se habituais e lembrando o pouco tempo que falta até se fechar o programa de assistência. "Cada vez mais emitir dívida em mercado para Portugal deixou de ser a excepção e está-se a tornar habitual. Isto torna-nos mais próximos de chegarmos ao fim do resgate e por outro lado também nos torna mais autónomos face aos credores internacionais", declarou a deputada centrista Cecília Meireles.
O deputado do PSD Miguel Frasquilho considera que a emissão de dívida realizada hoje foi "um sucesso" e constitui mais um passo para Portugal sair do actual programa de resgate "da forma mais favorável possível". É "um dado adquirido" que Portugal "não vai ter um segundo resgate" e, "a partir daí, uma saída favorável pode acontecer tanto com um programa cautelar, que é uma rede de protecção europeia, como com uma saída limpa".
A matemática, realmente, devia servir para entendermos as pequenas coisas da vida, mesmo que basicamente…

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