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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Afinal a coisa está a ir ou estamos a ser levados?

Apesar de pagar menos 434 milhões em juros do que o previsto e de um ganho cambial de 1.000 milhões, a dívida portuguesa parece continuar numa trajectória imparável.
A dívida pública portuguesa atingiu 129,4% do PIB no final do ano passado, segundo o último relatório da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) do parlamento sobre endividamento.
Os técnicos do parlamento assinalam que o "valor supera a última estimativa oficial efectuada em Outubro, de 127,8%". A UTAO destaca que, a confirmar-se o valor estimado, terá havido um aumento de 5,6% do PIB em relação a 2012 e 2013 terá sido mais um ano em que a dívida portuguesa furou as metas previstas pelo governo e pelas instituições internacionais, não obstante um ganho cambial de cerca de 1.000 milhões de euros, resultante da desvalorização do dólar face ao euro e a redução de 434 milhões de euros na factura com juros face ao valor previsto no Orçamento de 2013.
Reestruturar ou estagnar
Perante a trajectória da dívida portuguesa, a UTAO cita a última versão do estudo de Reinhart e Rogoff, já com a gralha corrigida. Os economistas concluem que o crescimento económico per se poderá não ser suficiente, insistindo na eventual necessidade de reestruturação da dívida.
O estudo diz que a evidência histórica associa dimensões elevadas de dívida a "períodos de crescimento anémico durante 2 décadas ou mais" e defende que o efeito da estagnação pode estender-se aos países centrais do euro devido ao esforço do apoio aos periféricos e contrapõe que a ajuda dos mais ricos é "uma forma de investimento" e sublinha que os países credores têm beneficiado da descida dos seus custos de financiamento.
Crescimento de 1,6% em termos homólogos e de 0,5% em cadeia. A economia portuguesa está a afastar-se do período recessivo mais grave das últimas décadas, mas ainda há sinais de alerta em relação à sustentabilidade da retoma.
Este facto não deixa descansado José Silva Lopes. “Se o principal contributo vem do consumo privado, isso vai piorar a balança de pagamentos mais cedo ou mais tarde. Estou muito preocupado com a balança de pagamentos”, afirma o ex-governador do Banco de Portugal, que vê com dificuldades uma retoma prolongada e forte neste cenário. “Crescer com base em mais consumo, isso era o que estávamos a fazer antes da crise. Não conseguimos manter ritmos de crescimento altos por muito tempo”, alerta.
A ideia fundamental do programa da troika para Portugal era a de que, com reformas estruturais e com uma redução dos custos de trabalho, a economia portuguesa conseguiria passar de um modelo de crescimento baseado no consumo para outro baseado nas exportações, que seria mais sustentável e saudável. Os números que o INE tem vindo a apresentar neste regresso a taxas de crescimento positivas não permitem concluir que é isso que esteja a acontecer.
Vítor Bento confia na manutenção de taxas de crescimento positivas nos próximos tempos, mas manifesta ainda dúvidas quanto à dimensão das mudanças operadas na economia portuguesa. “A não ser que as coisas se compliquem na frente externa, não parece que [a retoma] venha a ser interrompida no futuro mais imediato. A grande questão que se poderá colocar, porém, é qual terá sido o efeito das reformas no potencial de crescimento e se este será suficiente para aliviar a pressão financeira nos próximos anos”, afirma o economista e conselheiro de Estado.
Sérgio Rebelo vê “sinais claros de recuperação em Portugal”, mas também não tem grandes esperanças no aparecimento de taxas de crescimento muito fortes. “Os dados que temos neste momento apontam para uma recuperação lenta da Europa, com taxas de crescimento anuais à volta de 1%. Neste contexto, é natural que a recuperação económica em Portugal seja gradual, o que significa que, infelizmente, vai demorar tempo a substituir os empregos que foram perdidos”, prevê o economista radicado nos Estados Unidos.
O mais pessimista é José Reis. O professor da Universidade de Coimbra defende que “é muito provável que estejamos perante um quadro geral de estagnação ou de crescimento pontual medíocre, sucessivamente anulado por evoluções negativas da mesma natureza”. Isto porque “não parece que a redução do peso da dívida, a qualificação e plena vigência de um sistema de emprego inclusivo e a presença de dinâmicas produtivas geradoras de fortes efeitos positivos agregados estejam sob perspectivas animadoras”. Para o economista, no actual cenário, o que espera Portugal dificilmente poderá ser mais do que “uma longa estagnação”.
Parece que não há dúvidas de que a dívida continua a crescer, mesmo com algumas inesperadas vantagens. Imagine-se se não tem havido bónus… E quem o diz Unidade Técnica de Apoio Orçamental do parlamento, que deve estar por dentro dos números oficiais e projeta um período longo de estagnação, ou seja cada vez mais na mesma…
Por outro lado, para além de muita gente no governo dizer que a retoma está aí, embora timidamente anunciada, há também simpatizantes do executivo a fazer eco da esperança (“milagre”), com outros tantos (antipatizantes?) a dizerem o contrário ou a travar a euforia, que deixa o povo baralhado, sem saber quem nos anda a baralhar as ideias ou a realidade…
Uma coisa é certa, se devemos mais estamos pior, se nos continuam a roubar a verdade é que nos estão a mentir… Básico!
Para piorar a perspetiva sobre a realidade e pelo que se lê sobre os prejuízos da banca, se os acionistas apenas recebem os lucros quando os há e dividem os prejuízos pelos contribuintes, com a ajuda suja do governo, não só ficaremos estagnados, como recuaremos ainda mais, até 2015, quando Paulo Portas cumprir a promessa de reduzir o IRS, se não for apenas 0,001%...
Assim, à 2.ª vista, parece que andamos a ser enganados e continuaremos, até à Eleições Europeias…
Abramos os olhos, que a mente já há quem no-la tolde!

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