A revista “The Economist” vê em Portugal um “elevado risco” de agitação social no próximo ano. Não é o único. Espanha, Brasil, África do Sul e Paquistão são outros exemplos. Na Grécia, a situação poderá ser mais grave, com um risco “muito elevado”.
A Economist Intelligence Unit, uma empresa “irmã” da revista britânica, mediu o risco de agitação social em 2014 em 150 países de todo o mundo, tentando perceber onde é mais provável o surgimento de protestos, uma realidade que tem vindo a crescer ao longo do tempo.
“De movimentos anti-austeridade a revoltas de classe média, tanto nos países pobres como nos países ricos, a agitação social tem vindo a aumentar em todo o mundo”, escreve a revista sobre o estudo que concluiu que 65 dos 150 países têm um “elevado” ou “muito elevado” risco de instabilidade social em 2014.
No caso europeu, os protestos têm sido entendidos como respostas à crise económica. A publicação não fala especificamente de Portugal mas refere que, de um modo geral, a instabilidade social tem-se justificado um pouco por todo o mundo não só pela crise económica mas pela sua conjugação com factores como a desigualdade salarial, os reduzidos níveis de apoio social, as tensões étnicas e, mais importante, a crise na democracia, que mina a confiança nas instituições e na elite política.
Em Portugal, desde que, em 2011, Portugal iniciou a implementação de medidas de austeridade, grande parte delas incluídas no programa de ajustamento económico e financeiro acordado com os credores financeiros, quase paralelamente têm emergido vários protestos. “A austeridade está ainda na agenda para 2014 em muitos países e isso vai ser um motor de agitação social”, opina a “The Economist”.
Em 2014, Portugal vai ter de manter a implementação de medidas de consolidação orçamental ao mesmo tempo que vai tentar recuperar a confiança dos investidores para conseguir deixar o programa de resgate e financiar-se autonomamente nos mercados.
Portugal encontra-se no nível de “elevado risco” de agitação, ao lado de países como Espanha mas também como África do Sul, Paquistão e Brasil (no ano que se irá realizar o campeonato mundial de futebol, cuja preparação esteve, em parte, na origem dos protestos ocorridos no país este ano).
Há países numa situação potencialmente pior. Um deles é a Grécia, que vive a mais aguda situação desencadeada pela crise da dívida europeia. Líbia, Argentina e Egipto são outros dos países com “muito elevado” risco de ocorrência de protestos.
São 65 países com “elevado” ou “muito elevado” risco em 2014, 43% do total, mais 19 do que há 5 anos, explica a publicação.
Irlanda, no ano em que vai provar se consegue libertar-se das “amarras” da troika, algo que iniciou no final deste ano, apresenta um risco “médio” no mesmo indicador, ao lado de Angola, Cabo Verde, Moçambique e Itália.
Áustria e Japão estão entre os países que não se precisam de preocupar por não serem propícios a revoltas no próximo ano, dado o “muito baixo” risco. Com um risco “baixo” está a Alemanha mas também se encontram os EUA ou Hong Kong.
Há muito que se fala e se espera que a violência social seja a resposta de um povo que é violentado infundamentada e quotidianamente, não só em Portugal, mas em muitas outras latitudes. Recentemente disse o Papa Francisco: "Esta economia mata", chamando a atenção para as causas que este estudo elenca e as consequências que lhes estão determinadas.
Entretanto a surdez dos governantes revela-se endémica e confundindo os desejos com a realidade, como se pode depreender destes exemplos: Rajoy: “2014 será um ano muito melhor” e "Os melhores anos estão para vir”, prevê Passos Coelho.
Assim seja!
Bom Ano de 2014 e muita saude para noscontinuar a brindar com tao boa informação.
ResponderEliminarAproveito e divulgo um grafico que me parece de interesse http://pmcruz.com/work/an-ecosystem-of-corporate-politicians
António Cristóvão
EliminarObrigado e o dobro para si e os seus. Agradeço que me (per)siga, com a persist~encia com que o faz.
Abraço
António Cristóvão
ResponderEliminarObrigado pelo link, mas deixou-me mais cético em relação ao presente e ao futuro... São poucos porcos para tanta gamela!