Em 2015, ano de eleições, a austeridade decorrente dos cortes anunciados será muito menor. Na carta enviada à troika, fica claro que o grosso dos sacrifícios acontece em 2014.
Dos 4.800 milhões de euros que o governo conta poupar até 2015, o grosso acontece já no próximo ano, com um esforço de 3.600 milhões de euros.
Neste ano de 2013 os cortes vão ser de 700 milhões de euros, em 2015, ano de eleições, a soma dá menos de 500 milhões.
Partindo do princípio de que o Orçamento Retificativo, tal como foi o OE2013, terá que ser aprovado no Parlamento, ser enviado para o PR e sujeito, de novo, ao crivo do Tribunal Constitucional, por iniciativa do Presidente da República ou de Deputados da AR, consideremos este desenho de mais uma obra-prima de Gaspar e Coelho como um esboço, mesmo conhecendo-se o resultado final, pela falta de Inteligência Espacial que está notoriamente demonstrada, nas anteriores borradas abstratas…
Mesmo sabendo-se que a metodologia do exercício “académico”, cientificamente está baralhada e incompleta, marimbando-se para os parceiros institucionais da Concertação Social e Partidos da oposição, e mais ainda para todos os avisos de especialistas, nacionais (do CDS e do próprio PSD) e estrangeiros de mérito reconhecido (Prémios Nobel), não nos podemos esquecer da boca relativamente recente de PPC:“Que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”,
para ficarmos com a pulga atrás da orelha, com esta “socratice” de aliviar a carga aos burros em ano eleitoral e sem gastar mais palavras (a austeridade obriga) para lermos a mensagem:“Que se lixe Portugal, o que interessa são as eleições”…
Haja burros que cheguem para carregar esta alcateia! Haverá?
Realmente Passos Coelho não aumentou impostos. Optou por ir directamente ao ganha--pão de cada uma das pessoas que trabalham para o Estado ou daquelas que descontaram uma vida inteira e têm reformas ou pensões.
Eduardo Oliveira Silva
Títulos do
DN, JN, Público, “i” e CM
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O que mais aflige é o ataque a reformados e pensionistas. É um modelo insensível, impiedoso e injusto. Afecta os mais indefesos, os que já contribuíram e não têm expectativa de melhorar a sua vida. É certo que protege mais as pensões mais baixas, mas a regra das pensões é corresponderem a descontos.
Noutros campos o discurso foi oco. Sobre o desemprego nada. Sobre retoma quase nada. Sobre PPP e swaps nada de nada. É lamentável e triste.
O discurso de Passos foi a concretização de medidas já genericamente inseridas no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), que as embrulha de miserabilismo num preâmbulo vergonhoso, que mais parece escrito por um alemão de direita ou por um daqueles fanáticos chamados “verdadeiros finlandeses”.
Sem o menor pudor ou respeito pelos portugueses e pelos sacrifícios que têm feito desde 2008, o documento arrasa tudo, fala em atavismos, e no fundo tem subjacente um preconceito antipatriótico, porque não fala da agiotagem, das vigarices e das roubalheiras montadas por consórcios internacionais para usarem deliberadamente os países do Sul. Depois desse primeiro enquadramento, patético e pateta.
O DEO entusiasma-se com as medidas que o actual governo tem levado a efeito desde 2011, tecendo-lhes loas e elogios tão ditirâmbicos como absurdos. Absurdos porque estão assentes em pressupostos errados e objectivos inatingíveis, mas sobretudo porque o documento ignora olimpicamente uma realidade social que está muito próxima da ruptura. E ignora também que, desde a chegada catastrófica de Vítor Gaspar, todos, mas mesmo todos, os indicadores se têm degradado com as sucessivas medidas de austeridade recessivas. Ainda ontem a União Europeia se mostrava mais uma vez pessimista relativamente a Portugal. Foi outro outlook negativo a juntar a muitos.
Quem tenha lido o DEO não ficou minimamente surpreendido com as medidas que Passos Coelho anunciou ao cair da noite de ontem, porque elas não passam de mais uma decorrência de uma visão que “miserabiliza” o país.
O lado manhoso da comunicação Sexta-feira, 20 horas. Fim-de-semana já em curso. Toca de apresentar as más notícias ao pagode, que está mais virado para o repouso. Ainda por cima o futebol está ao rubro. Da última vez foi meia hora antes de um jogo. Não há jornais de economia e os outros têm pouco tempo para a análise. Os mercados estão fechados. Portas desapareceu outra vez. Artimanhas.
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