(per)Seguidores

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A favor dos "factos", só há argumentos patológicos…

A política só pode ter profundidade e consistência, baseada em factos. Ora, o que uma vez mais verificaram os deputados, e todos os cidadãos, é estarem a ser apresentados temas da maior importância - como os contratos de gestão de risco de taxas de juro de empresas públicas (swap) ou, na data-limite, o Documento de Estratégia Orçamental 2013/2017 - sem que sejam revelados os seus elementos documentais essenciais. O contorcionismo da equipa das Finanças, para falar do que apenas se revela em versão parcial e editada, rebaixa o escrutínio parlamentar a uma formalidade embaraçada. O relacionamento entre órgãos de soberania merece e exige uma outra qualidade. E levar o confronto político até ao ponto de imputar incapacidade patológica aos adversários, como o fez, na sua nova atitude agressiva, o ministro das Finanças não ajudará a convencer o principal partido da oposição - com o qual o Governo procura nos últimos dias alcançar um acordo de fundo para lá desta legislatura.
Não há forma de entender, com o que foi revelado, porque é que, nos próximos 3 anos, a "restrição orçamental" vai ter de atingir 4.700 milhões de euros. Como não é possível formar uma opinião séria sobre a linha que separa 74 contratos swap "bons", isto é, defensivos e não especulativos face ao risco das taxas de juro, de outros 66, "maus", ou seja, especulativos e potencialmente nocivos do bem comum... Vem aí uma comissão de inquérito, que analisará, em regime protegido de confidencialidade, tudo o que foi feito em anos passados quanto aos swaps. Seja.
O essencial é passar do psicologismo à política pura e desta ao apuramento de responsabilidades sérias e objetivas, se estivermos perante atuações temerárias de responsáveis constitutivas de crimes.
A união no trabalho
Portugal é o 3.º país com mais desemprego. A Áustria tem a taxa mais baixa com 4,7%
Se é verdade que, como os dados ontem publicados pelo Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal se mantém estável nos últimos 3 meses (17,5%), não é menos verdade que, segundo os mesmos dados, o desemprego jovem não para de crescer. Uma realidade que mostra que o futuro dos trabalhadores no nosso país está cada vez mais hipotecado. Por tudo isto, o dia que hoje se comemora pelo mundo fora é celebrado entre nós no pior momento de que há memória nos últimos 40 anos.
A estratégia do Governo tem sido atirar parte dos trabalhadores portugueses contra os restantes, sobretudo em relação aos sectores público e privado. Mas o método pode acabar por levar a uma convergência entre todos eles, de operários a empregados de escritório, tal é a aproximação das condições de vida de uns e outros. E esta união entre quem (ainda) trabalha pode ser também a base de um entendimento sobre unidade de ações entre as duas centrais sindicais, que hoje ainda vão desfilar em separado.
Com dois líderes novos (à frente da UGT, Carlos Silva substituiu João Proença há apenas uma semana) e uma radicalização de posições e discursos, o desemprego e o novo Código do Trabalho pode ser o ponto fraturante na Concertação Social. E sem esse instrumento, a fragilidade das políticas do Governo atingirá pontos de não retorno.
Editorial

Sem comentários:

Enviar um comentário