A política só pode ter profundidade e consistência, baseada em factos. Ora, o que uma vez mais verificaram os deputados, e todos os cidadãos, é estarem a ser apresentados temas da maior importância - como os contratos de gestão de risco de taxas de juro de empresas públicas (swap) ou, na data-limite, o Documento de Estratégia Orçamental 2013/2017 - sem que sejam revelados os seus elementos documentais essenciais. O contorcionismo da equipa das Finanças, para falar do que apenas se revela em versão parcial e editada, rebaixa o escrutínio parlamentar a uma formalidade embaraçada. O relacionamento entre órgãos de soberania merece e exige uma outra qualidade. E levar o confronto político até ao ponto de imputar incapacidade patológica aos adversários, como o fez, na sua nova atitude agressiva, o ministro das Finanças não ajudará a convencer o principal partido da oposição - com o qual o Governo procura nos últimos dias alcançar um acordo de fundo para lá desta legislatura.
Não há forma de entender, com o que foi revelado, porque é que, nos próximos 3 anos, a "restrição orçamental" vai ter de atingir 4.700 milhões de euros. Como não é possível formar uma opinião séria sobre a linha que separa 74 contratos swap "bons", isto é, defensivos e não especulativos face ao risco das taxas de juro, de outros 66, "maus", ou seja, especulativos e potencialmente nocivos do bem comum... Vem aí uma comissão de inquérito, que analisará, em regime protegido de confidencialidade, tudo o que foi feito em anos passados quanto aos swaps. Seja.
O essencial é passar do psicologismo à política pura e desta ao apuramento de responsabilidades sérias e objetivas, se estivermos perante atuações temerárias de responsáveis constitutivas de crimes.
A união no trabalho
Portugal é o 3.º país com mais desemprego. A Áustria tem a taxa mais baixa com 4,7% |
Com dois líderes novos (à frente da UGT, Carlos Silva substituiu João Proença há apenas uma semana) e uma radicalização de posições e discursos, o desemprego e o novo Código do Trabalho pode ser o ponto fraturante na Concertação Social. E sem esse instrumento, a fragilidade das políticas do Governo atingirá pontos de não retorno.
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