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domingo, 28 de abril de 2013

Os cidadãos já estão anestesiados… E siga o baile!

Partidos responsabilizados pelo desastre económico e social do país voltam ao poder em Reiquejavique.
Os eleitores islandeses penalizaram a coligação de esquerda que governa a Islândia desde 2009 e deram a vitória ao centro-direita nas eleições de sábado. Quando estavam contados 2/3 dos votos, o Partido da Independência tinha 26,5% o e Partido Progressista 22%. As projecções davam-lhes quase 40 dos 63 lugares do parlamento.
Os sociais-democratas, da chefe do Governo cessante,  Johanna Sigurdardottir, que não concorreu e vai deixar a política, tinham apenas 13,5%.
O novo primeiro-ministro dever ser Bjarni Benediktsson, 43 anos, líder do Partido da Independência, de direita. “É tempo para fazer novos investimentos, criar empregos e começar a crescer”, disse. A confirmarem-se os resultados, o Partido da Independência tem o 2.º pior resultado desde 1944, mas formará Governo.
O outro protagonista das eleições é Sigmundur David Gunnlaugsson, 38 anos, líder Partido Progressista, uma força centrista.
Os dois partidos de centro-direita, que fizeram uma campanha apoiada na promessa de reduzir a dívida e cortar nos impostos, são eurocépticos e o seu triunfo pode levar a que o processo de candidatura da Islândia à adesão à União Europeia não avance.
O Partido da Independência  e o Partido Progressista estão habituados a governar em conjunto. Foi um governo formado por ambos que liberalizou o sector financeiro que conduziu à ruína da banca. “As pessoas têm memória curta”, disse um eleitor, depois de ter votado, comentando o regresso, já previsto nas sondagens, do centro-direita ao poder. "Estes foram os partidos que nos lançaram na confusão.”
Benediktsson é formado em direito mas dedicou-se aos negócios e é deputado desde 2003. É oriundo de uma família da elite financeira do país que foi visada nas inéditas manifestações do início de 2009, que conduziram a eleições.
As duas forças do governo cessante sofreram uma pesada derrota: os sociais-democratas perdem cerca de metade dos deputados e devem ficar com apenas 10 eleitos, o movimento Esquerda-Verdes não deve ir além dos 9.
Johanna Sigurdardottir, que aplicou durante boa parte do seu mandato receitas inspiradas pelo FMI, que emprestou 1,6 mil milhões de euros à Islândia entre 2008 e 2011, declarou-se “muito triste” com o resultado das eleições.
O Governo cessante conseguiu reverter a situação em alguns aspectos, mas as dívidas acumuladas pelas famílias islandesas através de empréstimos bancários contraídos antes da crise de 2008 – e também a aversão à integração na União Europeia, defendida pela esquerda – levaram a uma mudança do eleitorado.
Apesar de uma taxa de crescimento prevista de 1,9% e de uma taxa de desemprego abaixo dos 5%, as medidas de austeridade deram espaço de manobra aos 2 partidos que, há 4 anos, os islandeses responsabilizaram pelo desastre económico e social.
Perante tudo que se passou na Islândia: ameaça de bancarrota do país, implosão da Banca pela especulação e sua nacionalização, julgamento dos responsáveis políticos e dos administradores bancários, recusa de pagamento aos especuladores estrangeiros, retificada pela EFTA, controlo da situação financeira sem resgate, redução da taxa de desemprego, crescimento muito superior ao da UE e Eurozona, produção de uma nova Constituição feita pelo povo, mas ainda não aprovada (e não será), o soberano povo reelegeu os soberanos partidos que os lançou no poço…
Se os governantes devem estar doidos, os cidadãos já estão anestesiados!
É significativamente simbólico, nos dias que corremos, que o futuro primeiro-ministro venha de uma família da elite financeira do país, o que, para quem está de fora, conclui 3 coisas: 1) As finanças vão continuar com a brincadeira; 2) os bancos serão privatizados rapidamente; 3) os “criminosos” banqueiros serão amnistiados.
Politicamente, a nova Constituição será rejeitada no novo Parlamento e não haverá qualquer pedido de adesão à União Europeia, o que será a única consequência positiva para os islandeses…
Sociologicamente, será mais um “case study” para os especialistas e politólogos, por nos parecer uma atitude masoquista, incompreensível, por nem sequer ter havido tempo suficiente de luto, muito menos para o esquecimento e o perdão, mas por terem desistindo tão depressa da luta, elogiada pelo mundo e esperança de vários países vocacionados para a resistência ao status quo
Se os islandeses vierem a perder com esta decisão democrática, será lá com eles, mas desistirem do exemplo para o mundo e da defesa de alternativa para este mundo cão, já é connosco, para nos por de sobreaviso quanto ao futuro próximo…
Como já conhecem o caminho, boa sorte Islândia!

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