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quarta-feira, 24 de abril de 2013

24 de abril de 2013: desemprego, exclusão e extorsão

Os Centros de Emprego de Portugal registam a cada hora 85 novos desempregados. Desde a irrupção da crise internacional o desemprego já somou 650.000 pessoas, 251.000 desde que o país foi resgatado há 2 anos. Agora são já 939.000 as pessoas sem trabalho num território que conta com 4.800.000 de residentes em idade ativa.
O gráfico do desemprego desenha uma montanha que se aproxima com celeridade dos 20%, quando em 2004 só tinha o tamanho de 4%.
O imparável enceramento de empresas e a queda do investimento nacional e estrangeiro aceleram el desemprego, mesmo que o custo laboral favoreça o contrário. Uma hora de trabalho em Portugal custa só 12,2 euros em média, enquanto em Espanha se situa nos 21 euros, segundo as contas do Eurostat.
“Situação de guerra”
“Isto parece-se cada vez mais com uma situação de guerra, com um desânimo geral, um desemprego sem travões, uma juventude muito bem formada que é empurrada para a emigração ou para a pobreza e uma realidade que já não encaixa no Excel do ministro de Economia”, disse Daniel Deusdado, produtor televisivo e analista da economia portuguesa.
À sensação de período de pós-guerra soma-se o facto de que 500.000 de trabalhadores só recebem 432 euros líquidos por mês do salário mínimo e 700.000 mais auferem o salário médio do país, que caiu para os 550 euros brutos.
A troika pressiona para que Portugal reforme o seu sistema de pensões públicas, que apresenta notáveis desigualdades e permite acumular vários pagamentos, como faz o Presidente da República, que renunciou ao seu vencimento de Chefe do Estado por ser menor que as duas pensões públicas a que tem direito.
Construção e emigração
“Poderíamos aligeirar esta pressão que os desempregados estão a exercer sobre as sus famílias se o Governo adotasse um plano de reabilitação urbana”, assegura o secretário-geral do Sindicato da Construção Civil de Portugal, que estima que com esse plano seria possível recuperar 80.000 empregos dos 250.000 destruídos no setor em 4 anos. A maioria deles optou pela emigração, baixando os preços se necessário. “Alguns portugueses foram agredidos na Alemanha por aceitar 9 euros à hora em trabalhos que se pagam a 20”, conta o sindicalista.
A emigração e as suas remessas de dinheiro converteram-se num pilar de uma economia que baixou inclusive o consumo de bacalhau, como advertem com receio os pescadores noruegueses.
Para o professor universitário Pedro Nogueira Ramos, autor do livro “Torturem os Números que Eles Confessam” e antigo diretor de Contas Nacionais do INE, se se olhar para o PIB 'per capita', constata-se uma “diferença abissal entre aquilo que se passava em 2010 e aquilo que se passava em 1974”.
“Aquilo que penso que é diferente entre 2010 e 1974 e que, de alguma maneira contraria esta ideia de que vivemos muito melhor nos nossos dias do que em 1974, tem a ver com o modo como o próprio PIB e o próprio rendimento e o fruto da riqueza gerada é distribuído pelos portugueses. A começar pela taxa de desemprego”, afirmou o professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Apesar dos direitos garantidos dos desempregados, cuja taxa atingiu em fevereiro 17,5% segundo dados do Eurostat, Pedro Nogueira Ramos refere que estes são, “de algum modo, uma classe excluída deste enorme ganho de riqueza”, que em 2010 fez com que Portugal atingisse o PIB 'per capita' dos Estados Unidos em 1974.
Pedro Nogueira Ramos, porém, realça que não é possível “só olhar para os números no sentido de dizer que o PIB ’per capita’ é muito maior hoje do que era há 40 anos nem no sentido de dizer que agora há muito desemprego e na altura pouco”.

15 comentários:

  1. Não se esqueçam da depressão e do suicídio. Sou relativamente jovem, tenho formação superior, e não tenho emprego. Tenho andado a ver trabalhos no estrangeiro mas estes são muito difíceis de arranjar e de qualquer forma isso irá separar-me da minha família e do meu lar. Isto enterrou-me numa depressão para a qual não há terapias nem milagres. Todos os dias penso em por um fim á minha vida e acho que já não vou andar cá muito mais tempo. Após vários anos a sofrer e sem soluções, obrigado Portugal por me teres destruído a vida e os sonhos. Não sou apenas eu que vou por um fim á vida. Muitos o fizeram e outros o farão. Não se consegue ser forte eternamente e sofrer assim tanto. Adeus...

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    1. Caro "Anónimo"
      Em primeiro lugar, nem pense em desistir da vida, muito menos dos sonhos.
      Depois não se esqueça de que os sonhos são de cada um e cada um tem que fazer TUDO por os concretizar.
      Finalmente, procure soluções para a depressão junto de um médico, para ficar em forma e lutar pelos seus sonhos e poder estar eternamente com os seus.
      Eu sou reformado, tenho filhos e netos, estou super revoltado pelos jovens e pelo futuro (deles) e este blogue serve-me de terapia para não cair na "fossa". Invente, faça voluntariado, dê aos outros o apoio que não lhe dão e dê tempo a si e às "coisas"...
      Vai vencer! E volte aqui, embora os temas que publico não sejam animadores...
      Abraço solidário.

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    2. 'Anónimo', sei bem o que é esse querer desistir de tudo, esse cansaço, esse nada valer a pena.. Gostava de ajudar .. uma conversa que seja ..
      Abraço amigo,
      Ana

      Abraço também para ti, Miguel..

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    3. Caro Anónimo,

      Compreendo bem aquilo por aquilo que passa. Compreendo a desilusão e a revolta pela situação para a qual fomos atirados por "meia dúzia" de gente.

      Não sei que idade tem mas penso que estaremos no mesmo barco. Também eu já deixei de acreditar no país não tendo, à partida, idade para isso. No entanto, digo-lhe, não é por causa de se desacreditar num país enquanto um todo que a nossa vida torna-se impossivel, que os nossos sonhos e aspirações sejam automaticamente tornados impossiveis de realizar.

      O país pode não querer ir a lado nenhum até, mas se nós queremos é a isso que nos temos de agarrar. Como foi antes dito, não há tempestade que não passe. Por isso, temos de acreditar em nós, enquanto individuos. Não somos inúteis por muito que o país às vezes queira por-nos essa ideia. Não somos, de facto, inúteis.

      Temos sempre um caminho que podemos percorrer. As coisas acabam sempre por melhorar, disto lhe garanto. Quando menos esperamos, a vida sorri-nos.

      Tenho a certeza que familia e amigos acreditam em si por isso, vá, acredite em si também! Acredite na sua capacidade e nas suas faculdades. Tenha esperança!

      Muitos deixaram aqui contactos e disponibilizaram-se para ouvirem o que lhe desespera a alma. Faço eco dessas palavras. Envie-me uma mensagem para desvarios.de.um.louco@gmail.com se precisar de desabafar, de partilhar esse desespero.

      E, mais uma vez, acredite em si!

      Um abraço!

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  2. Caro anónimo, não há nenhuma tempestade que seja eterna, por muito forte que seja. Não tenha vergonha de pedir ajuda. Há instituições que podem ajudá-lo. Diga aqui o que sabe fazer, que formação académica tem (se tem), que tipo de trabalho procura... Eu, que não o conheço de lado nenhum, prometo divulgar o seu apelo e pedir aos meus amigos que o partilhem no Facebook! A morte não é opção, nem sequer um direito, se tem filhos, se tem cônjuge, pai e mãe, enfim, aqueles que o/a amam de verdade.

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  3. Não há bem que não se acabe, nem mal que sempre dure!

    Vamos acreditar! TODOS!

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  4. Concidadão anónimo:
    O seu grito rasgou-me a alma. Não lhe trago milagre nem terapia. Trago-lhe apoio para encontrarmos um caminho. Diga-me onde está. Irei ter consigo. Abril não acabou. Um abraço grande como a vida que pode viver.
    Santana Castilho
    s.castilho@netcabo.pt
    919532151

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  5. Caro Anónimo,
    Sempre que quiser falar comigo, esteja à vontade e se não quiser que publique o comentário, é só dizer.

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  6. Meu caro anónimo... está a ver? O seu "grito" foi ouvido. Já tem consigo gente com muita fibra, gente de palavra, gente boa. E também tem um dos Portugueses que eu mais estimo e admiro: Santana Castilho. Não podia estar em melhor companhia! Caro anónimo, eu acredito que a sua vida vai mudar.

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    1. Luís
      Até eu fiquei surpresa com a atitude de Santana Castilho e se o "anónimo" o conhecer, aproveite o contacto.
      Esperemos...

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    2. Oxalá o anónimo ouça o Santana Castilho. Fica também o meu contacto:919312696

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  7. Miguel, Santana Castilho é que parece ser! Isto diz tudo sobre o Homem.

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  8. Corrijo: "Santana Castilho é QUEM parece ser".

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  9. Já corrigi o meu comentário, mas acho que não "entrou". Volto a fazê-lo:

    "Miguel, Santana Castilho é quem parece ser. Isto diz tudo sobre o Homem".

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  10. ue país malvado e padrasto que deixou de ser mátria e trata os seus filhos desta forma lançando-os na escuridão e não vendo saídas para a vida. A esse anónimo só posso dizer não desista, há momentos muito maus, mas procure ajuda e vai ver que não estando sozinho, os problemas lhe parecerão mais fáceis de ultrapassar.Por favor, não desista de certeza que a vida lhe trará novas oportunidades. Se puder ajudar, disponha.

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