A Zona Euro precisa de parar de dar 2 passos em frente e 1 atrás. Os países precisam de assumir as suas responsabilidades – o que implica reformas estruturais e consolidação orçamental, com apoio ao crescimento. A própria Europa também tem de ajudar, nomeadamente através do Banco Central Europeu.
Esta é a opinião do primeiro vice-director executivo do FMI, David Lipton, sobre como salvar o euro e como pode a Europa “ver a crise pelo espelho retrovisor e finalmente regressar ao crescimento e criação de emprego”.
Num discurso proferido em 25 de Abril, David Lipton referiu que a Zona Euro está na mais baixa das 3 velocidades de recuperação que se verifica hoje no mundo. As economias emergentes, por um lado, e os Estados Unidos, por outro, já estão a ganhar terreno. É por isso que a Europa tem de “actuar de uma forma decisiva” em várias frentes.
A primeira dessas frentes no caminho para a recuperação passa pela assunção de responsabilidades por parte dos países, na sua opinião. “Tem havido um foco sobre a política orçamental. Não é apenas uma escolha simples entre austeridade e crescimento. Muitos países na Europa precisam de ajustamento sustentado para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas”, declarou o vice-presidente do FMI.
“Mas também temos de falar sobre como tornar a política orçamental mais amiga do crescimento, nomeadamente sobre a composição da despesa e das receitas para determinado défice”, concretizou David Lipton, referindo que os países que conseguem poupar no orçamento deveriam apoiar a economia de uma forma que “encoraje o sector privado a investir e a impulsionar a procura”. Diz, contudo, que são necessárias melhores políticas estruturais para a melhoria da competitividade, com destaque para os países do Sul da Zona Euro. Este é, aliás, um traço dos pacotes de intervenção da instituição de Washington.
Mas as responsabilidades não são apenas dos países, segundo Lipton. A Europa, e nomeadamente o BCE, tem de actuar. A política monetária tradicional, defende, provou que não é suficiente. E há “alguma margem” para que a posição de Frankfurt seja “ainda mais acomodatícia”. E haverá espaço para “outras medidas não convencionais”. Lipton fala, também, na união orçamental como um passo que tem de ser dado.
O resto do mundo também tem um papel a desempenhar para que a Zona Euro não fique estagnada. Os países com défice estão a ajustar as suas economias, mas aqueles que têm excedentes têm de “impulsionar a procura interna”, defende.
A ideia de Lipton é a de que sem uma acção política forte e sustentada, a Europa não vai ver a crise pelo retrovisor mas pelo vidro da frente.
Mais um, de peso, a contrariar as políticas europeias de austeridade e empobrecimento, defendendo inclusive o aumento da procura interna… Com esta o Gaspar (ainda) não concorda…
Só é pena, que mais uma vez, alguém do FMI venha alertar para os perigos e contágios da epidemia, mas de seguida diga aos seus funcionários para aplicarem uma dose maior do “chá” aos que já estão em estado terminal…
A hipocrisia devia ter limites!
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