Ontem
Eram de musgo negro os muros
De vidro
As paredes das casas
De penhora
Os olhares na penumbra dos passos.
Mas a voz fez ouvir a palavra
A mão teceu um terminal de luz
Em plenitude
O Homem resgatou o sonho.
Hoje
Hoje
Veste-nos de novo
A música ressurgida nos ouvidos
O retrato
Respirado na memória dos olhos.
A consciência do bafo
A consciência do bafo
Interminável da demora
Dorme a nosso lado
Segue os nossos passos hora a hora.
Mas amanhã
Mas amanhã
A lágrima virá
Em alegria de pétalas da sombra.
O mar e a terra
O mar e a terra
Coniventes
Tragarão a tempestade e a dúvida.
E este pulsar
E este pulsar
De forças insuspeitas renascido
Este bater de um coração
Renovado de seiva na raiz
Será, então
Uníssono
Inteiro
Articulado
O coração refeito
De um País.
Soledade Martinho Costa
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