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quinta-feira, 25 de abril de 2013

A liberdade há de que passar por aqui…

“A política de austeridade atingiu o seu limite”, afirmou José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia. Foi a primeira vez que Bruxelas pôs essa política em causa. Está na hora de perceber que uma via única para países tão diferentes não resulta, comenta o “Süddeutsche Zeitung”.
Políticos responsáveis gabam-se regularmente da diversidade europeia. Referem-se, nesses casos, às tradições culturais – a maioria das quais consideradas interessantes e enriquecedoras – desenvolvidas fora das suas fronteiras nacionais. Louvam essas diferenças e insistem em que sejam preservadas. Contudo, é interessante constatar que qualquer tipo de entusiasmo e de tolerância desaparece dos seus espíritos quando se trata de diversidade económica.
Em matéria de política fiscal, os dirigentes europeus são pela unidade monolítica. Todos os Estados-membros, incluindo os da zona euro têm de cumprir exatamente as mesmas condições. O desempenho económico de cada país é aferido pelos mesmos critérios e pouco importa que as tradições económicas europeias sejam muito diferentes de uns países para os outros.
Dívidas nacionais aumentam
No contexto da crise atual, a ideia de que todos temos de trabalhar segundo o mesmo modelo atingiu o seu limite. Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda adotaram vastos programas de reforma económica, destinados a sanar as suas finanças e cumprir as normas europeias que lhes foram impostas por igual. Mas não são capazes de atingir essas metas. E as dívidas nacionais aumentam.
De um ponto de vista puramente económico, faz todo o sentido querer primeiro reduzir o endividamento e lançar reformas para retomar um crescimento sólido. O problema é que, na prática, essa estratégia não funciona. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, não está errado ao admitir que uma linha política não pode apenas ser válida, tendo também de ser aceite pelos cidadãos, caso contrário não terá aplicabilidade.
Os sociais-democratas europeus reagiram imediatamente, felicitando Barroso por, finalmente, sair de um coma de 5 anos. Parece demagógico, mas não deixa de ser verdade.
Ruturas no fornecimento de medicamentos
Há muito que já se sabia que os países mais envolvidos na crise não estão a verificar melhorias na sua situação: reduzem os gastos e votam reformas, enquanto as falências das empresas se multiplicam e o desemprego dispara. O aparelho de Estado está paralisado, as decisões dos tribunais deixam de ser postas em prática porque as impressoras não funcionam, os funcionários têm de levar o seu próprio material de escritório e rolos de papel higiénico para o local de trabalho, os hospitais têm ruturas no fornecimento de medicamentos.
Em Espanha, 1 em cada 8 cidadãos vive hoje em condições de pobreza. Trata-se de situações que pessoas de outros países mal conseguem imaginar.
Daqui, podemos extrair duas conclusões. É evidente que os países da zona euro não podem abolir os programas económicos e as reformas de um dia para o outro. Isso minaria a confiança na moeda europeia. No entanto, são necessários alguns ajustes: a Comissão Europeia tem de abrandar as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, para dar muito mais tempo aos países em crise para atingirem os seus objetivos. A prazo, há também que pôr em questão a pertinência desse pacto (outrora elevado aos píncaros) e das suas regras rígidas e indiferenciadas. A crise evidencia-o bem: apesar da moeda única, é a diversidade económica que domina a Europa.
Já ninguém tem dúvidas (só os “inteligentes” é que tiveram certezas) de que “isto” não é nada, ou melhor, é mais do que muito, porque é demais com muitos…
Enquanto o ritmo das políticas de consolidação orçamental é criticado “no próprio seio dos templos mais rigoristas”, nomeadamente pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, o Libération interroga-se se isso não assinala “uma mudança de rumo a nível europeu”. O diário de esquerda recorda nomeadamente que a política de rigor já chegou a ser posta em causa recentemente pela Holanda. Face ao risco de recessão, este “bom aluno” renunciou ao seu plano de poupanças de €4 mil milhões.
Na Europa, “6 países conseguiram, ou conseguirão, obter de Bruxelas uma prorrogação dos prazos”, para regressar a uma situação de equilíbrio orçamental. Mas, realça o jornal, “o obstáculo a uma mudança de política europeia não se situa em Bruxelas, mas em Berlim”.
E vai daí, já há gente a pensar que a “liberdade” está a chegar por aí, porque nem conhecem o Zé Manel nem reconhecem a razão deste grito libertador… Só ele e o que o futuro nos vai confessar…
E estão a esquecer-se, que a austeridade tem (más) razões que a própria ração (dos alemães) não esquece…
As declarações de José Manuel Durão Barroso, segundo as quais “a política de austeridade atingiu os seus limites” foram recebidas com hostilidade pela coligação entre cristãos-democratas (CDU) e liberais (FDP), no poder em Berlim.
Assim sendo, o vice-chefe do grupo CDU do Bundestag qualificou de “asneiras” as afirmações do presidente da Comissão Europeia, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros Guido Westerwelle (FDP) explicou que “ao abandonar a política de consolidação do orçamento, reforçaríamos o desemprego em massa durante muitos anos na Europa”.
Segundo as últimas estatísticas da UE, publicadas a 22 de abril, o défice da zona euro atinge os 3,7%. Vários especialistas preocupam-se com o facto de que “a Europa possa prosseguir com os seus esforços”, perante esta situação de fraco crescimento económico.

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