Grandes jornais eram vistos tradicionalmente como garantia para o jornalismo de qualidade. Mas a concorrência da internet já deixa marcas: alguns jornais já pararam as máquinas e muitos diminuíram o número de tiragens.
Richard A. Fuchs
A nova geração já definiu onde quer buscar informação e escolheu pela forma instantânea e gratuita: a internet. Como consequência, a circulação dos jornais impressos apresentou uma queda acentuada nos últimos tempos e alguns meios de comunicação impressos já declararam falência, como o jornal Frankfurter Rundschau e o jornal de economia Financial Times Deutschland.
Já o renomado Süddeutsche Zeitung prepara um corte de gastos. Na redação dos jornais regionais a situação segue a tendência e são tomadas medidas de sobrevivência como fusões e cortes de funcionários.
Velocidade e precisão
Há uma década a informação impressa e digital conviviam lado a lado e ampliaram a diversidade dos meios de comunicação na Alemanha. No entanto, de acordo com o analista Sven Gabor Janszky, a triagem começou e o impresso já perdeu grande espaço: "O setor de informação em massa no futuro vai funcionar quase completamente de forma eletrónica", prevê o chefe da empresa de pesquisa de tendências 2b Ahead. "Quem ganha dinheiro com os meios de comunicação impresso terá dificuldade para continuar a lucrar."
Para Janszky o jornal impresso tornou-se obsoleto porque é muito lento. "Queremos ter a informação a todo momento e onde quer que estejamos." Com os smartphones, laptops e redes sociais, não há mais espaço para produtos impressos, diz Janszky. Os programas eletrónicos que analisam automaticamente e de forma muito precisa o tipo de busca de cada usuário tornam-se cada vez mais importantes.
Na área de comunicação de massa, a ferramenta de filtro absorveria cada vez mais a tarefa dos jornalistas. Isso permitiria que a informação fosse adaptada precisamente de acordo com as preferências de um usuário, prevê o analista: "O jornal no meu visor apareceria diferente do seu."
Mudança de conteúdo
O fim do jornal impresso, no entanto, não significa necessariamente o fim da informação em papel, acalma Janszky os fãs dos media impressos. Porém, no futuro será um item de luxo. "As informações impressas serão direcionadas para um segmento privilegiado que busca informação num contexto editorial."
Não haverá mais notícias factuais impressas, haverá apenas publicações direcionadas para uma elite que circulam uma vez por semana, uma vez por mês ou até trimestralmente, explicou.
As análises e material de background seriam apenas um complemento da informação já obtida diariamente na rede. Um exemplo positivo é o semanário Die Zeit que, ao contrário da tendência dos meios impressos, regista em cada semana novos recordes de vendas.
Para o resto do setor impresso, fechar as portas é algo que está por vir, prevê o analista de tendências. Para ele, a qualidade da cobertura jornalística será prejudicada. “Vamos ver que o jornalismo de qualidade vai reduzir-se a um nicho que é muito caro, mas que possui um público-alvo. Teremos que nos despedir dos produtos de massa que ainda são de qualidade”, afirma Janszky, provocando pessoas como Frank Schirrmacher.
Schirrmacher é editor de um dos jornais alemães mais respeitados, o Frankfurter Allgemeine Zeitung(FAZ), e luta fortemente contra a completa digitalização do setor de informação. "O que aconteceu com a democratização da informação?", questionou Schirrmacher de forma retórica seus leitores numa das edições do seu jornal. A resposta dele, contudo, é pouco favorável aos meios digitais: A "nova e bela economia da informação" resultou no surgimento de grandes empresas como Amazon, Google, Facebook e Apple.
Solução em conteúdo digital pago
A crise do impresso entrou na agenda do governo alemão, influenciado também por acontecimentos na imprensa dos EUA e Reino Unido. Recentemente, a revista norte-americana Newsweek encerrou a edição impressa após 80 anos de circulação. A partir de 2013, o conteúdo será apenas disponibilizado online. No vídeo semanal gravado pela chanceler federal Angela Merkel e veiculado pela internet, ela comentou estar preocupada com essa tendência e desejou um bom futuro para os jornais e revistas tradicionais.
Já o professor de jornalismo Klaus Meier ainda demonstra otimismo frente aos media impressos alemães. "Eu não acho que num futuro próximo novos jornais serão completamente fechados na Alemanha", diz o especialista em Crossmedia da Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt.
Os jornais impressos já percorreram um longo caminho, diz Meier, "Se comparar o jornal de hoje com o de há 20 anos atrás, é possível notar a diferença gráfica e como são mais avançados."
Para Meier, apesar do declínio nas vendas, o jornal impresso ainda é forte e prevê que a longo prazo os media online conviverão com os media impressos reduzidos. "Os jornais que eram diários vão aparecer ainda uma ou duas vezes por semana com uma edição impressa, ao contrário da edição online, então com publicações atuais e interativas."
Modelo de gestão
Se essa mudança vai afetar a qualidade do jornalismo, a decisão dependerá de qual será o modelo de gestão que os donos dos meios de comunicação irão impor. É cada vez mais frequente o sistema "Paywall", no qual o usuário paga pelo conteúdo digital do site, diz o professor. "Por outro lado, vamos perceber cada vez mais que o jornalismo não é 100% comercializável, e que precisamos pensar em modelos de instituição, talvez através de investimentos do Estado."
Como exemplo, comenta a criação de organizações não governamentais, como a Pro Publica, nos Estados Unidos, que apoia os jornalistas ou editores através de bolsas de estudos para pesquisas. No entanto, nem mesmo o especialista pode afirmar se isso seria suficiente para garantir o espaço dos media impressos.
Entretanto, continua-se a ministrar em todo o mundo, cursos de jornalismo tradicional, levando no engodo muita gente, que nunca exercerá a profissão, muito menos verá o retorno do investimento feito pelas suas famílias (não pelo seu país)…
E como todos já sabemos, que os privados só prestam “Serviço Público”, se tiverem lucros dessa atividade, ou fecham ou agarram-se ao Estado, que entretanto (perceba-se!) quer privatizar esse mesmo “Serviço Público”…
Fica-se ainda pendente de um défice enorme sobre o direito à informação e à livre expressão, quer por omissão, quer por manipulação…
É um presente do futuro…
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