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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Inquérito com resultados previamente conhecidos…

Há 3 anos que o euro está em crise, 2013 aproxima-se, e ainda têm dúvidas? O ensaísta Hans Magnus Enzensberger também. Este tonitruante mata-mouros da burocracia bruxelense teve a ideia de criar este questionário – totalmente objetivo, como é óbvio. Boa sorte!
Uma mulher inteligente e com um alto cargo afirma: “Se o euro falhar, a Europa também falha”. Trata-se:
1. de uma ameaça? Sim? Não?
2. de uma forma de se desculpar? Sim? Não?
3. ou simplesmente de uma idiotice? Sim? Não?
4. Acha que este continente continua a existir, quando, no decorrer dos 2 últimos milénios, o talento, o denário, o florim, a libra, o lépton e o marco alemão desapareceram? Sim? Não?
5. Sabe quem inventou o termo “euro”, que ninguém pronunciava até ao final do século XX? Sim? Não?
6. Consegue descodificar os acrónimos BCE, FEEF, MEE, ABE e FMI? Sim? Não?
7. Considera que a maioria dos países europeus já não são regidos há muito por instâncias democraticamente eleitas, mas por estes acrónimos? Sim? Não?
8. Elegeu estas organizações? Sim? Não?
9. Farão estas parte da constituição alemã ou de qualquer outra constituição da União Europeia? Sim? Não?
10. Nestes últimos anos, já ouviu dizer que não existia "outra opção" que as decisões destas instituições? Sim? Não?
11. É verdade que os sem-abrigo, os toxicodependentes, os salariados ou os pensionistas não têm o direito de pedir financiamentos, ao contrário dos membros do Eurogrupo ou dos conselhos de administração dos bancos? Sim? Não?
12. Esses pedidos costumam ser concedidos? Sim? Não?
13. Já se deparou com o termo técnico “repressão financeira”? Sim? Não?
Se sim, o que significa:
14. uma redução das reformas? Sim? Não?
15. um aumento dos salários? Sim? Não?
16. uma diminuição da dívida? Sim? Não?
17. uma retenção obrigatória? Sim? Não?
18. a inflação? Sim? Não?
19. reformas monetárias? Sim? Não?
20. Sabe o nome e o endereço exatos dos “mercados” que decidem o que os salvadores do euro devem fazer? Sim? Não?
21. Deverão os guardas costeiros assegurar-se de que os passageiros em apuros não representam “riscos sistémicos” antes de os salvar? Sim? Não?
Aprova os seguintes pontos de vista?
22. “O poder é o privilégio de não ter de aprender.” (Karl Deutsch, 1912-1993) Sim? Não?
23. “É possível viver sem um tribunal institucional, mas não faria qualquer sentido.” (O pug de Loriot [humorista alemão declarou um dia: “É possível viver sem um pug, mas não faria qualquer sentido”]) Sim? Não?
24. “Tomamos uma decisão, colocamo-la na mesa e esperamos um bocado para ver o que acontece. Se não provoca revoltas nem tumultos, uma vez que a maioria das pessoas não percebe nada do que foi decidido, prosseguimos – passo a passo, até não ser possível voltar atrás.” (Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, 1999) Sim? Não?
25. “Os responsáveis políticos parecem medíocres cavaleiros, esforçam-se de tal forma para não cair do cavalo que deixam de poder estar atentos ao caminho a seguir.” (Joseph A. Schumpeter, 1944) Sim? Não?
26. Saberá a Comissão Europeia o significado do termo bárbaro “subsidiariedade”? E, se sim, será que o esqueceu? Sim? Não?
O que designa a expressão “flexibilização quantitativa”?
27. um exercício de ioga? Sim? Não?
28. uma aceleração do processo de impressão de dinheiro? Sim? Não?
29. Será que o professor de Direito Constitucional, Christoph Gusy, de Bielefeld, tem razão quando declara [acerca da lei que autoriza a conservação dos dados]: “Basta um bebedouro para ver porcos a correr”? Sim? Não?
30. Conseguiu habituar-se ao discurso metafórico delirante dos salvadores do euro ou considera-o radical, confuso ou até mesmo ridículo? Sabe estabelecer uma distinção entre um mecanismo de estabilidade, uma alavanca, uma “grande bazuca”, um Grande Bertha, um guarda-fogo e um plano de resgate? Sim? Não?
31. Consegue manter-se confiante ao relembrar-se do que dizia [o Charlie Chaplin alemão] Karl Valentin: “Com um bocado de sorte, as coisas não ficarão piores do que já estão”? Sim? Não?
32. Caso a introdução de um novo papel-moeda resulte não numa maior integração da Europa mas na sua divisão, e não na compreensão, mas no ódio e no rancor, não consideraria mais indicado abandoná-lo em vez de agir precipitadamente? Sim? Não?
33. A menos que tal decisão, que iria certamente ferir o orgulho dos políticos responsáveis, seja impensável? Sim? Não?
34. Existirá uma Europa fora das instituições da UE e dos seus 40.000 funcionários, ou serão estes os únicos representantes do nosso continente que têm voz? Sim? Não?
35. Será da responsabilidade destas pessoas decretar quem deve ser considerado “antieuropeu”? Sim? Não?
36. Percebe por que motivo os responsáveis políticos europeus desvalorizam os tratados de Roma e Maastricht, como se nunca tivessem assinado estes textos? Sim? Não?
37. Acha que estes abdicariam de boa vontade dos referendos e das votações, ao ver que a posição assumida pela população poderia pôr em risco os seus esforços para apaziguar os "mercados"? Sim? Não?
38. Será a democracia tão má ideia que podemos abdicar dela quando necessário? Sim? Não?
39. Será a China um exemplo de que podemos renunciar à democracia e tornar-nos uma potência mundial na era da mundialização? Sim? Não?
40. Será portanto a colocação sob tutela política dos cidadãos inevitável e a sua expropriação económica uma consequência lógica? Sim? Não?
O Euro Quiz de Hans Magnus Enzensberger fará parte do prefácio do novo livro do economista [alemão] Joachim Starbatty, Tatort Europa [Europa, cena de crime], que será publicado em fevereiro de 2013.
Quer responda ao inquérito, quer não, o resultado será (por enquanto) o mesmo, até porque não são apresentadas as respostas corretas, à cautela…
E assim começa 2013, na passagem natural de um dia para o outro, exceto nos preços de serviços privados e bens essenciais para o público, que sobem, enquanto os salários continuam na mesma e em muitos casos até desçam, bem como os rendimentos de quem pagou adiantado…
Feliz ano novo?

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