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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O burlesco do “falso” opinador que falou verdade(?)

Artur Baptista da Silva classifica como “assustadores” os resultados das medidas de austeridade implementadas em Portugal e fala mesmo de irracionalidade, ao condenar o caminho de depreciação dos custos do trabalho.
O Governo do PSD e CDS-PP deve encetar com rapidez um processo de renegociação de 41% da dívida soberana, uma parcela contraída desde meados da década de 80 para que Portugal pudesse “ter acesso aos fundos estruturais” da União Europeia – foi esta a proposta submetida a órgãos de soberania e parceiros sociais portugueses por 7 economistas das Nações Unidas. O resultado de um ano de avaliação dos impactos da austeridade é explicado pelo coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para a Europa do Sul, Artur Baptista da Silva.
A proposta do Observatório Económico e Social das Nações Unidas para a Europa do Sul culmina o trabalho de avaliação dos efeitos do Programa de Assistência Económica e Financeira em Portugal que aquela estrutura levou a cabo durante o último ano.
O coordenador do Observatório, que nos próximos 2 anos fará de Lisboa o seu quartel-general, sinalizou a inquietação da ONU perante os crescentes índices de pobreza na porção meridional da União Europeia.
Em Portugal, advogou o economista Artur Baptista da Silva, a solução passaria por renegociar uma parcela de 41% da dívida soberana “a dez anos” e “com juros de referência”.
“Esses 121 mil milhões de euros têm que ser separados do resto da dívida. Porque isso não foi viver acima das possibilidades, não foi por os portugueses terem todos a mania que são ricos, sendo pobres. Não. Foi o Estado que teve que aportar este dinheiro, endividando-se no exterior, para ter acesso aos fundos estruturais, os tais fundos de ajuda”, sustentou o coordenador do Observatório Económico e Social para a Europa do Sul, integrado no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O Observatório da ONU, explicitou o economista português, propõe que “o artigo 123 dos tratados”, que impede o Banco Central Europeu de adquirir dívida no mercado primário, “seja suspenso durante dez anos”.
“Não faz nenhum sentido que os países, durante o período de assistência, continuem a ter os bancos como intermediários e a dar aos bancos 4% a 5% de aporte financeiro por serem intermediários, apenas e só”, frisou Baptista da Silva.
“Agiotagem”
Segundo o economista da ONU, foram díspares as respostas dos órgãos de soberania e dos parceiros sociais à ideia de uma renegociação parcial da dívida portuguesa. Os primeiros, adiantou, “agradeceram muito”, mas apenas prometeram “ponderar” e “analisar os dossiês”, argumentando desconhecer “até que ponto será possível encetar negociações”. A resposta dos segundos foi “muitíssimo mais interessante”. “Alguns deles, inclusive, disseram: Se vocês estiverem interessados, nós estamos disponíveis para assinar a vossa proposta. A proposta de renegociação, que nós apresentámos aos parceiros sociais, duas confederações patronais e uma das centrais sindicais prontificaram-se a subscrever. Ou seja, nós estávamos a propor aquilo que eles pensam que é a solução”.
Na leitura de Artur Baptista da Silva, os próprios efeitos do programa de ajustamento justificam a exigência de uma renegociação das condições que enquadram o resgate financeiro português. Os juros que Portugal vai suportar pelo empréstimo de 78 mil milhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional afiguram-se, para o grupo de 7 economistas da ONU, como “agiotagem”.
Na mesma entrevista, o economista português fala de um plano para a compra de dívida soberana de Portugal na esfera dos países lusófonos, que comportaria condições menos gravosas do que aquelas que são impostas pela troika. O projeto, que contou com o beneplácito do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ainda teve a aprovação de Brasília, mas foi rejeitado pelo poder político em Lisboa. Artur Baptista da Silva só encontra uma justificação para esta postura: “Teimosia ideológica”.
Artur Baptista Silva propõe renegociação da dívida portuguesa e explica situação portuguesa – No Expresso da Meia-Noite

Artur Baptista da Silva apresentou-se aos órgãos de comunicação como coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para a Europa do Sul, mas as Nações Unidas, bem como consultor do Banco Mundial. Imprensa diz que as instituições não o reconhecem. O DN diz mesmo que o responsável esteve detido até Dezembro do ano passado.
Foi entrevistado por quase todos os órgãos de comunicação social. Apresentava-se como coordenador de um observatório das Nações Unidas e transmitiu alertas, em nome da ONU, sobre a situação económica em Portugal e na Europa. Artur Baptista da Silva poderá ser afinal um impostor.

Nos seus contatos profissionais, Artur Baptista da Silva fornecia a "sua" tese de doutoramento, "Growth, Inequality and Poverty, Looking Beyond Averages", um documento plagiado a um quadro do Banco Mundial.
Para além de consultor das Nações Unidas, Artur Baptista da Silva intitulava-se professor catedrático, com o grau obtido numa universidade americana com a tese ""Growth, Inequality and Poverty, Looking Beyond Averages", a qual fornecia aos seus interlocutores. Porém, trata-se (ver ficheiros em anexo) de um plágio de um trabalho de Martin Ravallion, quadro do banco Mundial.
Compare as duas teses:
1. A original do Banco Mundial
2. A versão plagiada de Artur Baptista da Silva
Uma rápida comparação entre ambos os trabalhos (o de Martin Ravallion encontra-se disponível da Internet), revela uma cópia perfeita.
Quando a notícia saiu, logo agendei um post sobre o assunto para publicitar aquilo que queríamos ouvir, com o reforço da autoridade, mas logo, logo, a “certificação” do declarante foi posta em causa, o que poderia por em causa a racionalidade e justeza das afirmações e retirei, a tempo, a notícia que virou “escândalo”…
Passados estes dias, verifiquei que, quer nos media, quer nas redes sociais, todos os ataques feitos ao Sr. Artur Baptista da Silva, se resumiram a classificá-lo de “burlão”, a espalhar dúvidas sobre a sua representatividade (funcionário da ONU), a recriminar quem o convidou para palestras e entrevistas, mas sem porem em causa a sua formação académica, mas o mais grave, sem ninguém a contra-argumentar o que o cidadão Artur Baptista da Silva tinha anunciado, justificado e proposto.
Se olharmos com mais vagar sobre o episódio, teremos que analisar os vários atos desta “pseudo” charlatanice e chegar à conclusão que os estilhaços da “bomba” atingiram os dogmáticos do status quo, que ficaram mudos e quedos, sem argumentos técnico/científicos para contrariar o “burlão”…
1 - Artur Baptista da Silva existe (não é nenhum fantasma);
2 - Artur Baptista da Silva falou e expôs as suas ideias, com argumentos que outros “iluminados” ouviram, sem o rebaterem (veja-se o Expresso da Meia Noite);
3 - Artur Baptista da Silva poderá ou não ser Economista (o que não interessa, porque a maioria dos políticos e opinadores públicos não tem essa formação);
4 - Artur Baptista da Silva poderá ou não ser funcionário ou ex-funcionário da ONU ou do Banco Mundial, o que só hoje foi desmentido por um representante das Nações Unidas, que confirmou oficialmente que Artur Baptista da Silva não está ligado à instituição (embora não haja confirmação de que o representante da ONU também não seja um “burlão”);
5 – Pelo que se constata, Artur Baptista da Silva plagiou, ou melhor, apropriou-se de um trabalho de Martin Ravallion, quadro do Banco Mundial, fazendo suas as conclusões daquele técnico (e aí reside a burla);
6 - Martin Ravallion não é burlão (não deve ser), o seu estudo não deve ser trapaça e as suas conclusões devem ter bases técnico-científicas.
Assim sendo, Artur Baptista da Silva revelou o que Martin Ravallion tinha comprovado e era apenas isto que devia ser discutido, para podermos enquadrar as medidas preconizadas pelo memorando, a credibilidade da troika que as desenhou, a crença do governo que as aceita como dogmas, a fé com que os “crentes” e comprometidos com o poder as defendem, mas sobretudo para aferirmos a avaliação e as consequências de toda esta estratégia trágica.
Se lermos agora devagar o que Artur Baptista da Silva defendeu, não anda muito longe ou anda até muito perto do que já tanta gente defende (lá fora e cá dentro) e que preocupa individualidades de topo mundial (alguns Prémios Nobel), instituições internacionais (o FMI à cabeça e a CE e agora Merkel) e vários governantes à beira do resgate (Espanha e Itália). Portanto, nada de novo! De novo, só Artur Baptista da Silva ser um outsider, eventualmente ter cometido alguns pecados veniais (mas muitos ex-políticos e ex-governantes também o fizeram e acreditamos neles)…
Concluindo, se o mensageiro não é o original, mas onde está a dúvida sobre a veracidade da mensagem? A realidade está aí e tão coincidente com o que disse o “burlão", que era pedagógico que perante isto, viessem os Passos, os Gaspares, os Relvas, os Portas, os Cavacos, os troikanos e todos os “Belezas” que defendem a inevitabilidade das suas soluções pantanosas e a austeridade assassina para nos impor, capciosamente, uma ideologia de direita radical, para benefício dos da sua “casta”, mesmo hipotecando o futuro de milhões de portugueses, por décadas e a BEM da NAÇÃO...
Transformemos um assunto sério transformado em “fait diver”, numa oportunidade de debater a essência das ideias e de não assassinar “um” mensageiro…
Mais enganosas e burlescas tem sido as mensagens do PM e “sus muchachos”, a de Natal incluída e (ainda) não foi ridícularizada…
Há tanto Artur Baptista da Silva por aí, mas nenhum deles nos traz a esperança que o verdadeiro nos incutiu…

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