Artur Baptista da Silva classifica como “assustadores” os resultados das medidas de austeridade implementadas em Portugal e fala mesmo de irracionalidade, ao condenar o caminho de depreciação dos custos do trabalho.
O Governo do PSD e CDS-PP deve encetar com rapidez um processo de renegociação de 41% da dívida soberana, uma parcela contraída desde meados da década de 80 para que Portugal pudesse “ter acesso aos fundos estruturais” da União Europeia – foi esta a proposta submetida a órgãos de soberania e parceiros sociais portugueses por 7 economistas das Nações Unidas. O resultado de um ano de avaliação dos impactos da austeridade é explicado pelo coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para a Europa do Sul, Artur Baptista da Silva.
A proposta do Observatório Económico e Social das Nações Unidas para a Europa do Sul culmina o trabalho de avaliação dos efeitos do Programa de Assistência Económica e Financeira em Portugal que aquela estrutura levou a cabo durante o último ano.
O coordenador do Observatório, que nos próximos 2 anos fará de Lisboa o seu quartel-general, sinalizou a inquietação da ONU perante os crescentes índices de pobreza na porção meridional da União Europeia.
Em Portugal, advogou o economista Artur Baptista da Silva, a solução passaria por renegociar uma parcela de 41% da dívida soberana “a dez anos” e “com juros de referência”.
“Esses 121 mil milhões de euros têm que ser separados do resto da dívida. Porque isso não foi viver acima das possibilidades, não foi por os portugueses terem todos a mania que são ricos, sendo pobres. Não. Foi o Estado que teve que aportar este dinheiro, endividando-se no exterior, para ter acesso aos fundos estruturais, os tais fundos de ajuda”, sustentou o coordenador do Observatório Económico e Social para a Europa do Sul, integrado no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O Observatório da ONU, explicitou o economista português, propõe que “o artigo 123 dos tratados”, que impede o Banco Central Europeu de adquirir dívida no mercado primário, “seja suspenso durante dez anos”.
“Não faz nenhum sentido que os países, durante o período de assistência, continuem a ter os bancos como intermediários e a dar aos bancos 4% a 5% de aporte financeiro por serem intermediários, apenas e só”, frisou Baptista da Silva.
“Agiotagem”
Segundo o economista da ONU, foram díspares as respostas dos órgãos de soberania e dos parceiros sociais à ideia de uma renegociação parcial da dívida portuguesa. Os primeiros, adiantou, “agradeceram muito”, mas apenas prometeram “ponderar” e “analisar os dossiês”, argumentando desconhecer “até que ponto será possível encetar negociações”. A resposta dos segundos foi “muitíssimo mais interessante”. “Alguns deles, inclusive, disseram: Se vocês estiverem interessados, nós estamos disponíveis para assinar a vossa proposta. A proposta de renegociação, que nós apresentámos aos parceiros sociais, duas confederações patronais e uma das centrais sindicais prontificaram-se a subscrever. Ou seja, nós estávamos a propor aquilo que eles pensam que é a solução”.
Na leitura de Artur Baptista da Silva, os próprios efeitos do programa de ajustamento justificam a exigência de uma renegociação das condições que enquadram o resgate financeiro português. Os juros que Portugal vai suportar pelo empréstimo de 78 mil milhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional afiguram-se, para o grupo de 7 economistas da ONU, como “agiotagem”.
Na mesma entrevista, o economista português fala de um plano para a compra de dívida soberana de Portugal na esfera dos países lusófonos, que comportaria condições menos gravosas do que aquelas que são impostas pela troika. O projeto, que contou com o beneplácito do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ainda teve a aprovação de Brasília, mas foi rejeitado pelo poder político em Lisboa. Artur Baptista da Silva só encontra uma justificação para esta postura: “Teimosia ideológica”.
Artur Baptista Silva propõe renegociação da dívida portuguesa e explica situação portuguesa – No Expresso da Meia-Noite
Artur Baptista da Silva apresentou-se aos órgãos de comunicação como coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para a Europa do Sul, mas as Nações Unidas, bem como consultor do Banco Mundial. Imprensa diz que as instituições não o reconhecem. O DN diz mesmo que o responsável esteve detido até Dezembro do ano passado.
Foi entrevistado por quase todos os órgãos de comunicação social. Apresentava-se como coordenador de um observatório das Nações Unidas e transmitiu alertas, em nome da ONU, sobre a situação económica em Portugal e na Europa. Artur Baptista da Silva poderá ser afinal um impostor.
Sem comentários:
Enviar um comentário