(per)Seguidores

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O “Centralão” centraliza as mesmas preocupações…

Nunca como antes o país viveu “uma crise tão grave”, nem estiveram tão em causa as “conquistas sociais” da Revolução dos Cravos: “O Serviço Nacional de Saúde, as pensões sociais, a dignidade do trabalho, a tendencial gratuitidade do ensino”. “Tudo isto pode estar em jogo de perder-se, mas também é a própria democracia que pode vir a ser posta em causa, dadas as exigências dos mercados especulativos e desregulados e a dependência que deles tem a comunicação social”, alerta.
Mário Soares questiona a fraqueza dos líderes europeus perante a crise económica e financeira, para a qual, lembra, veio a avisar nos últimos anos e que já levou 3 países a pediram ajuda externa: Grécia, Irlanda e Portugal (ao que se deve acrescentar a Itália e a Hungria).
Europeísta convicto, Soares admite que Portugal, desde a adesão à então CEE, “habituou-se a viver acima dos seus recursos”. Portugal está a ser “a 3ª vítima da ganância dos mercados especulativos e da audácia criminosa das agências de rating”.
A crise - diz ainda Soares – “só pode agravar-se” quando se chega “a uma situação tão estranha”, em que “os mercados comandam os Estados ditos soberanos - em vez de ser o contrário”.
A presidente da Assembleia da República portuguesa, Assunção Esteves, defendeu que a política deve voltar a assumir o papel central na sociedade, sendo vital que a Europa decida a revisão dos tratados europeus e criticou a atuação dos partidos europeus na atual crise. "Os partidos europeus estão a falhar o seu papel. Estão silenciosos. Ninguém ouve falar do papel do PPE do PSE nesta crise", afirmou.
Segundo a responsável, a "política perdeu peso para o poder económico", pelo que é necessário que a União Europeia esteja unida e decida a revisão dos tratados europeus e acredita que "numa folha A4 se podia mudar a Europa toda."
Das duas análises feitas por duas figuras com crédito político que chega e basta, quer se concorde com cada um, ou não, há algumas preocupações comuns, seja a da sobrevivência da DEMOCRACIA como regime europeu no futuro muito próximo, seja a constatação e o repúdio de uma inversão de poderes, entre o político e o económico, ganhando preponderância este (embora hoje se deva apelidar de poder financeiro).
E enquanto Mário Soares sublinha a ameaça da perda de direitos e a desregulação do mercado pelo poder político, com a conivência do poder dos media, Conceição Esteves denuncia o silêncio dos partidos do Parlamento Europeu e fruto da democracia por terem sido eleitos diretamente por nós, reduzindo a solução (política) a uma folha A4.
Perante tão lúcidas visões, que qualquer cidadão bem informado aceita e assina por baixo, tem que haver tramas e tramóias que cegam aqueles que não querem ver. Inocentemente divertidos com uma pseudo guerra entre a esquerda e a direita, a extrema direita avança em todos os países, ameaçando mesmo a democracia, levando-nos a ver filmes que já vimos a preto e branco, mas agora de tão coloridos, até nos podem parecer socialmente aceitáveis…
Cautela com caldos de galinhos, podem fazer mal a muita gente, como já se sente.

Sem comentários:

Enviar um comentário