A subserviência do nosso Primeiro-ministro e da tropa instalada neste miserável governo à chanceler alemã e sua agenda privada só não se torna mais escandalosa porque é, em certa medida, um traço distintivo da nossa nacionalidade, uma característica tipicamente portuguesa. O "agradabilismo", esta faceta mui nobre e nacional, é das coisas mais patéticas e praticadas neste país de moços de recado, "jotinhas", trepadores de aparelho e engraxadores de serviço que caracterizam em boa medida a nossa classe política (pelo menos a quem tem acesso ao poder), a mesma que normalmente representa o cidadão comum e é (infelizmente) a face visível de um povo lá fora. Esta gente continua a ser o nosso futuro. Estes embriões nascidos nas sedes partidárias onde o aroma a graxa barata está entranhado e se agarra a tudo o que por ali passa serão os políticos de amanhã.
Este medo comum, esta fobia doentia sentida por todos os que passam por cargos de elevada responsabilidade quando obrigados a confrontar/enfrentar líderes estrangeiros com que privam fez com que Durão Barroso recebesse nos Açores uma cimeira na qual se que se comportou como o rapazola de laçarote que serviu os cocktails aos senhores da Guerra. Mas não valeu a pena? Claro que sim, dirá ele. Uma triste figura, digo eu. E ainda o estranho caso de José Sócrates enrolado nos trapos de Kadhafi, abraços sorrisos e beijos. Uma tenda armada. Não me lembro de o ouvir comentar ou a lamentar a sua tétrica e desumana morte.
Mais recentemente, e após termos descoberto que o líder madeirense (pela voz do próprio) tinha afinal um buraco maior do que se pensava, Coelho abanou as orelhas inquieto ao mesmo tempo que criticava abertamente o que considerava ser uma "situação inadmissível". Resultado: o líder madeirense (para mim tão ou mais estrangeiro que todos os outros) venceu as eleições e lá foi Passos dar-lhe um abracinho. Patético. Simplesmente ridículo. Seguiu-se o "Sr. Silva" no palco do mesmo teatrinho representativo-democrático da nação decadente… O beija mão ao senhor do disparate, até o lorde da república das bananas é temido no burgo dos bajuladores.
Merkel não precisa de bater com a Der Spiegel no rabiosque de Pedro. Ele é extremamente obediente e ensinado. Assim foi moldado por defeito no aparelho, no torno "democrático". Passos é mais alemão do que muitos alemães, mais europeísta do que a maioria dos europeus e mais "troikista" do que a própria Troika. A obediência, a subserviência do nosso governo aos mandos e desmandos da europa, do mundo e de meia dúzia de especuladores de pacotilha só não são simpáticas porque são diretamente proporcionais aos sacrifícios que os portugueses têm de despender para cada um deste baixar de calças. Por cada festinha que o nosso Coelho recebe é mais uma palmada no lombo de todos nós. Por cada aplauso que estes senhores ouvem lá fora (para mais tarde disfrutarem, obviamente...) menor é a esperança deste país. Maior o buraco. Mas "tudo pelo povo", é claro. Viva Portugal.
Tiago Mesquita
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