Equipa de investigadores portugueses inventou um novo método de rastreio que deteta a doença em fase inicial e com baixos custos. O kit aumenta de 15% para 80% as hipóteses de sobrevivência.
Descobrir que o cancro do pulmão já entrou numa fase avançada é a grande tragédia que torna esta doença cancerígena a mais mortal em todo o mundo. Detetar logo no início uma doença que avança em silêncio até ser tarde demais é uma ambição frustrada da medicina em qualquer parte do mundo. No entanto, pode ter chegado ao fim com um simples kit completamente português.
Elvira Gaspar, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, é a coordenadora do projecto AirMarkers - um teste de rastreio ao cancro do pulmão em que a única coisa que se pede ao paciente é que sopre num saco de plástico e espere entre 24 e 48 horas. Se conhecer o veredicto mais cedo, o doente poderá começar o tratamento em tempo útil e aumentar as hipóteses de sobrevivência 60% a 80%.
É uma solução tão simples que custa a imaginar não ter sido inventada antes. "Este kit deteta no hálito determinadas moléculas que funcionam como biomarcadores da doença num estádio inicial", conta Elvira Gaspar, explicando que a descoberta é o resultado de quase uma década de investigação. Um sopro é o suficiente para evitar os métodos usados até agora em todo o mundo - raio X e tomografia axial computorizada (TAC) - e que, por envolverem radiações, são responsáveis por acelerar a propagação das células cancerígenas.
As vantagens do kit português são inúmeras, a começar pela precocidade do diagnóstico da doença, esclarece a investigadora. "O AirMarkers é um exame não-invasivo e pode ser repetido em curtos espaços de tempo sempre que os resultados são inconclusivos." Os custos serão também mais baixos, uma vez que uma TAC ronda os 400 € e o kit português não deverá ultrapassar uma centena de euros.
O AirMarkers representa um "novo paradigma na detecção do cancro", defende Elvira Gaspar, mas levará ainda algum tempo a chegar aos hospitais, clínicas, laboratórios e empresas em Portugal. A equipa de investigadores está ainda a validar a sua experiência e conta lançar o seu produto nos Estados Unidos no prazo de 5 a 6 anos. "A estratégia de entrar primeiro no mercado americano prende-se apenas com o facto de terem uma entidade reguladora com regras mais apertadas", justifica a investigadora. Ultrapassados os obstáculos do mercado americano, a comercialização do kit de rastreio de cancro do pulmão nos países europeus será "muito mais fácil" e poderá acontecer 1 ou 2 anos mais tarde.
A notícia só vem (re)confirmar que somos tão bons, ou melhores do que outros e que a situação e o crédito negativo associado ao país, não vem do povo, ou da sociedade civil, que vai marcando pontos na cena mundial.
A concretizar-se a descoberta, é certo e sabido que virá qualquer multinacional comprar a patente e lá se vai a vertente económica de que o país pudesse beneficiar do trabalho de cidadãos formados pelo nosso Estado. Não é à toa que a experimentação vai ser feita nos EUA, até porque lá os fumadores são quase tão perseguidos como os drogaditos…
Pena é que só daqui a 7 a 8 anos possamos beneficiar de tal benesse, pelos benefícios que se diz que traz e pelos malefícios que entretanto vamos aguentar, quer individualmente, quer ao nível do SNS. Dá vontade de dizer, que ainda é cedo para dar a notícia, por gerar eventualmente falsas esperanças para muitos.
Entretanto esperemos, respirando profundamente para acalmar e soprando de raiva, quando for caso disso…
Parabéns à investigadora e à equipa!
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