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sábado, 19 de março de 2011

O BOM e o bom do nuclear nos media europeus!

A catástrofe de Fukushima leva os países europeus a testarem a segurança das suas centrais nucleares ou mesmo a fechá-las. Prudência ou pânico? A imprensa europeia inclina-se, maioritariamente, para a segunda hipótese.
A notícia teve o efeito de uma bomba. No dia em que os 27 países da União Europeia chegaram a acordo para efetuarem testes de resistência aos 153 reatores existentes nos seus territórios, a 15 de março, a Alemanha anunciou o encerramento imediato e durante 3 meses de 7 das suas centrais.
As centrais alemãs não são menos seguras hoje do que eram há uma semana”, reconhece o Frankfurter Runschau, “mas o que conta é o resultado. E o resultado é bom. 7 velhas centrais foram desligadas da rede, e deve fazer-se, na Alemanha, um debate sobre as normas de segurança. E isso também é bom”.
“Tanto o público como os grupos energéticos foram surpreendidos por este zelo”, escreve o diário, “de um dia para o outro, o Governo privou as empresas de energia de milhares de euros de lucros. Seria de desejar ver mais vezes tal coragem, dinamismo e vontade de enfrentar o conflito”. Mas lembrando que todos os governos alemães baixaram a cabeça perante o poderoso lobby nuclear, o FR escreve que “as felicitações só são válidas para hoje. A verdadeira confrontação com as grandes empresas de eletricidade ainda não começou. A chanceler só terá credibilidade se as centrais continuarem paradas e se as empresas forem obrigadas a modernizá-las, uma vez finda a moratória de 3 meses e as eleições regionais”.
“A Alemanha engana-se completamente com a sua reação de pânico” escreve por seu lado o Trouw. É verdade que a energia nuclear envolve perigos e é “humano entrar em pânico quando as coisas correm mal”, sublinha o diário holandês. Mas Merkel devia ter “mantido o sangue frio”, porque parar algumas centrais para as inspecionar é “um absurdo”. Por enquanto, ainda não conhecemos exatamente o problema que originou o drama de Fukushima, mas “é evidente que um cenário idêntico jamais poderia ocorrer na Alemanha. A decisão do Governo alemão só serve para alimentar o medo e a desconfiança”.
No entanto, a Alemanha não está sozinha observa Le Figaro. A Itália pode renunciar ao nuclear, “a Polónia levanta as mesmas interrogações? A Áustria foi o primeiro país a pedir testes de resistência à escala europeia. A Suíça anunciou a suspensão dos seus projetos enquanto espera por normas de segurança mais restritas”. Só a França mantém a confiança naquela que é uma das suas principais indústrias.
A Europa tornou-se “a campeã mundial da histeria em torno do nuclear” denuncia o Hospodarské noviny, lamentando que os políticos europeus “cavalguem uma onda de emoções”. O diário económico checo apoia-se no mais recente estudo da OCDE, que compara os riscos da energia nuclear com os das outras fontes de energia, para concluir que “o nuclear é o mais seguro”. Entre 1969 e 2000, a energia hidráulica foi a mais mortal, com 29.924 mortos num único acidente, na China. “O estudo conclui que a possibilidade de um acidente nuclear que provoque direta ou indiretamente a morte de centenas de pessoas é dez vezes menos elevado do que o risco de um acidente que envolva os filões fósseis (carvão, gás, petróleo) ou hidráulicos”. Na atual situação, considera o Hospodarské noviny, as emoções são compreensíveis mas, em política, é a razão que importa.
“É possível que um ou outro país decida fechar as suas centrais ou cortar nos seus programas” escreve, por sua vez, o Dziennik Gazeta Prawna. Mas isso levanta uma questão: “Devemos substitui-las com o quê? A Alemanha, por exemplo, diz que vai acelerar a transição para as energias renováveis. Quer produzir a energia elétrica mais cara do mundo e, como efeito colateral, contribuir para as perturbações nos mercados agrícolas, porque as culturas tradicionais serão substituídas, pelo menos em parte, por estações energéticas”. “Por muito dramáticas que sejam as imagens vindas de Fukushima, a energia nuclear demonstrou ser uma solução que funciona”, garante o diário polaco.
Pelo que parece, a imprensa europeia pensa maioritariamente que o pânico ganhou raízes. Realmente, com 153 reatores nos territórios dos 27 e nem todos têm, é mesmo motivo para pânico, tanto mais que as fronteiras não funcionem nestas situações.
Na Alemanha, onde todos os governos se ajoelharam perante o poderoso lobby nuclear, só agora se fala em abrir o debate sobre as normas de segurança, apesar de há muito, muita gente dizer e saber que ninguém sabe o que pode acontecer. Entretanto, por ter encerrado 7 centrais para vistorias, o governo já foi acusado de privar as empresas de energia de milhares de euros de lucros (as pessoas que aguentem!).
Mas, ao mesmo tempo que reconhecem que a energia nuclear envolve perigos, alguém tem o desplante de vaticinar que um cenário como o de Fukushima jamais poderia ocorrer na Alemanha, saiba-se lá por que (grande lobby com argumentos pequeninos!).
Entretanto a Itália pode renunciar ao nuclear, a Polónia tem dúvidas, a Áustria pediu testes de resistência à escala europeia, a Suíça suspendeu os projetos. Só a França tem confiança numa das suas principais indústrias (as pessoas que aguentem!).
E há quem se baseie num estudo da OCDE, que conclui que o nuclear é o mais seguro do que outras fontes de energia, dez vezes menos elevado (estes publicitários são uns exagerados!), no caso de morte direta ou indireta. Pois, omitindo as gravíssimas sequelas para toda a vida nos que recebem as radiações e as repercussões nas gerações que nascem das pessoas afetadas (mas isso não entra nas estatísticas). E Chernobyl tão perto, no espaço e no tempo, para não falar no próprio Japão, com Hiroshima e Nagazaki
E pergunta o inteligente: Devemos substitui-las com o quê?
A Alemanha diz que vai acelerar para as energias renováveis. Que bom que lhes poderemos vender as ventoinhas que pagamos nas taxas da eletricidade, embora os lucros sejam para a EDP, ou trocá-las pela dívida...
Não entremos em pânico? Com estes lobbies?

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