Mais de metade das empresas portuguesas que se encontram cotadas na Bolsa, tem ligações políticas. Segundo o JN, 47% dos políticos que integram as maiores empresas são ou foram ministros, destacando-se o PS e o PSD.
Segundo dados divulgados pelo jornal, as empresas que contam com funcionários que desempenham ou já desempenharam cargos políticos, tal como no PS ou no PSD, faturam quase o triplo das que não contam com a ajuda de qualquer governante.
Em Portugal, os antigos e atuais políticos exercem funções em cerca de 90% das 20 maiores empresas nacionais. Em 31 das 50 empresas que se encontram cotadas na Bolsa de Valores, foram contabilizados 51 políticos em cargos de gestão, administração e fiscalização, e mais 70 encontram-se igualmente envolvidos. Desses, 47% são ou foram ministros.
Estes números, analisados por Maria Teresa Bianchi, doutorada em Ciências Empresariais pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, revelam que muitos dos ex e atuais ministros desempenham funções em mais de uma empresa.
Entre os exemplos, destacam-se, segundo a doutorada, o atual ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, com funções na Portucel, na Semapa e na Impresa, António Lobo Xavier, que passou pelo BPI, pela Mota Engil e pela Sonaecom e ainda Júlio Castro Caldas, ministro de Guterres. A EDP contava com vários políticos como António Mexia, Eduardo Catroga e António de Almeida.
Segundo o estudo, 60% das empresas segue este exemplo e o PS e o PSD dividem o número de políticos, normalmente licenciados em economia ou política.
Longe de pensar que haja corrupção ou (ab)uso de influências… Mas se não acreditarmos em coincidências, se soubermos que “as mesmas causas produzem os mesmos efeitos” ou se nos lembrarmos que “ a ocasião faz o ‘ladrão’, temos que ficar com “a pulga atrás da orelha”, tanto mais que alguns dos nomeados são ou foram governantes e não deram conta do recado, o que quer dizer que não mostraram ser uns “barras” em matéria de boa gestão, razão que os levou a ser “ex-qualquer coisa”…
Não há dúvida de que querendo-se, acabava-se com as ocasiões, bastando para tanto impor a exclusividade em certos cargos, impedir a acumulação de cargos em Administrações diversas e uma fiscalização apertada sobre estas e outras empresas…
Bastava, mas como não se bastam…
No dia em que foi divulgado um relatório da Comissão Europeia sobre a corrupção na Europa, Paulo Morais, vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, considera positiva a introdução do tema na agenda das preocupações europeias, mas denuncia a falta de vontade que existe em Portugal para combater o problema.
Paulo Morais criticou o atraso na elaboração de um relatório sobre a corrupção na Europa, mas, ainda assim, elogiou a iniciativa, considerando que "mais vale tarde que nunca".
O vice-presidente da Direção da Associação Transparência e Integridade alertou também para o financiamento dos partidos políticos, que diz ser um dos aspetos mais marcantes da corrupção em Portugal.
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