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terça-feira, 4 de março de 2014

O cultural também não fica mal…

A história do carnaval tem as suas origens na Antiguidade, sendo uma festa tradicional e popular que chegou ao Brasil durante a colonização.
Tales Pinto
O carnaval é a festa popular mais celebrada no Brasil e que, ao longo do tempo, se tornou elemento da cultura nacional. Porém, o carnaval não é uma invenção brasileira nem tampouco realizado apenas neste país. A História do Carnaval remonta à Antiguidade, tanto na Mesopotâmia quanto na Grécia e em Roma.
A palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é retirar a carne. O significado está relacionado com o jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e também com o controlo dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa de a Igreja Católica enquadrar uma festa pagã.
Na antiga Babilónia, 2 festas possivelmente originaram o que conhecemos como carnaval. As Saceias, eram uma festa em que um prisioneiro assumia durante alguns dias a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com as suas esposas. No final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.
O outro rito era realizado pelo rei nos dias que antecediam o equinócio da primavera, período de comemoração do ano novo na região. O ritual ocorria no templo de Marduk, um dos primeiros deuses mesopotâmicos, onde o rei perdia os seus emblemas de poder e era maltratado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. Em seguida, assumia novamente o trono.
O que havia de comum nas 2 festas e que está ligado ao carnaval era o caráter de subversão dos papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao deus. Possivelmente a subversão de papéis sociais no carnaval, como os homens vestirem-se de mulheres e vice-versa, pode encontrar as suas origens nessa tradição mesopotâmica.
As associações entre o carnaval e as orgias podem ainda relacionar-se às festas de origem greco-romana, como os bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). Seriam festas dedicadas ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcadas pela embriaguez e pela entrega aos prazeres da carne.
Havia ainda em Roma as Saturnálias e as Lupercálias. As primeiras ocorriam no solstício de inverno, em dezembro, e as segundas, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias com comidas, bebidas e danças. Os papéis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais dos seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos.
Mas tais festas eram pagãs. Com o fortalecimento do seu poder, a Igreja não via com bons olhos estas festas. Nessa conceção do cristianismo, havia a crítica da inversão das posições sociais, pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade, invertia-se também a relação entre Deus e o demónio.
A Igreja Católica buscou então enquadrar tais comemorações. A partir do século VIII, com a criação da Quaresma, tais festas passaram a ser realizadas nos dias anteriores ao período religioso. A Igreja pretendia, desta forma, manter uma data para as pessoas cometerem os seus excessos, antes do período da severidade religiosa.
Durante os carnavais medievais por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam às ruas e campos durante algumas noites. Diziam-se habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos e invadiam os domicílios, com a aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com comidas e bebidas, e também com os beijos das jovens das casas.
Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados, cuja popularidade ocorreu até ao século XVIII. Em Florença, foram criadas canções para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria ombros e cabeça, além de chapéus de 3 pontas e uma máscara branca.
A história do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que na colónia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros géneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil.
Cálculo do dia do Carnaval
Todos os feriados eclesiásticos são calculados em função da data da Páscoa, com exceção do Natal. Como o Domingo de Páscoa ocorre no 1.º domingo após a primeira lua cheia que se verificar a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no hemisfério sul), e a Sexta-Feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa, então a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.

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