“Fim da coligação”, resume, na primeira página, o Diário de Notícias, para o qual “o país perdeu ontem a liderança política na área governativa na configuração saída das eleições de 5 de junho de 2011: uma coligação entre PSD com o CDS”, de Paulo Portas. “Essa maioria”, acrescenta o jornal,
estava politicamente capaz de assegurar a estabilidade e a firmeza políticas necessárias para aplicar medidas tão duras e polémicas como um generalizado aumento de impostos, a privatização de mais empresas públicas e uma difícil reforma do Estado. [...] Fica quebrada a ligação entre o ato eleitoral de há 2 anos com a génese e a legitimação do atual Governo e da atual política executiva.
“Mais do que trágica, a crise política em que o Governo está mergulhado desde segunda-feira, é patética. E não tem saída”, considera, por seu turno, o Público. O jornal, que escreve em título “Portas entala Passos”, afirma claramente que
o Governo morreu, implodido pelas suas contradições internas e pela incompetência de um primeiro-ministro incapaz de o manter coeso. […] Aquilo a que estamos a assistir é ao haraquiri de uma coligação. […] A Europa em pânico com a autodestruição do bom aluno da austeridade terá de aceitar que o caminho das eleições é o único possível. A crise portuguesa terá repercussões pesadas no debate europeu sobre os planos de resgate e reforçará a posição dos que querem deixar os países periféricos entregues a si próprios. A irresponsabilidade de Passos e Portas vai agravar a crise europeia.
“Portugal em risco de um segundo resgate”, diz o título do Jornal de Negócios, que se mostra preocupado com as consequências da crise política. “O que se segue? E como se evita o caos?. Dificilmente. Mas só politicamente”. O diário económico interroga-se:
Têm os partidos políticos do centro capacidade de mobilizar os portugueses em torno de um projeto, se projetos nenhuns têm? […] Esta falência dos partidos políticos moderados está a acontecer em toda a Europa da austeridade, o que compromete o próprio projeto da Europa em si. Mais de metade dos países da União Europeia já tiveram quedas de Governo desde o início da crise das dívidas soberanas. [...] Numa era em que a importância dos ministros dos Negócios Estrangeiros foi substituída pelo domínio dos ministros das Finanças, a maior parte das políticas nacionais não são definidas pelos parlamentos nacionais, antes por instituições europeias das quais apenas o Parlamento é eleito. [...] A solução económica terá de ser sempre europeia, num federalismo necessariamente democrático que avançará com ou contra a Alemanha. Mas em Portugal, o problema não é apenas de uma ou outra liderança partidária. É um problema de regime, que se revela por ora incapaz e em declínio.
Refletindo as preocupações da elite económica do país quanto à hipótese de dissolução do parlamento, o Diário Económico escreve em título: “Empresários e banqueiros recusam eleições antecipadas”. Para este diário económico,
os portugueses vão regressar, nos próximos dias, ao pior dos pesadelos, a um passado com pouco mais de 2 anos, quando o Governo de José Sócrates pediu a ajuda externa. [...] Quem queria eleições antecipadas, vai ver esse desejo cumprido, só faltará agora saber a que preço. Até há 48 horas, Portugal estava a fazer um progressivo regresso aos mercados, assistido é certo, mas não menos importante. [...] Neste caos, quem nos empresta, e a que preço? Ora, com a Grécia a falhar novamente os seus compromissos, com a Alemanha a caminho de eleições, é fácil de imaginar o que os nossos credores, já sem o FMI, nos vão exigir.
“Não será necessária uma nova reestruturação da dívida grega”, afirma a chanceler alemã numa entrevista concedida a 6 diários europeus.
Nessa entrevista conjunta aos jornais Le Monde, La Stampa, El País, Suddeutsche Zettung e The Guardian, por ocasião da conferência sobre o emprego jovem que se realiza em Berlim, a 3 de julho, Angela Merkel acrescenta que “não pode ser uma geração perdida” e que “o problema do desemprego não se pode resolver apenas com dinheiro. Também é preciso fazer reformas”.
Numa altura em que nos aproximamos (mais) da Grécia, que cai e se “levanta” e torna a cair, conforme os media e os press release que as instituições europeias e os Mercados lhes distribuem, andam os nossos comentadores políticos (que nunca acertaram uma e agora ainda menos) e economistas dependentes (que nunca acertaram uma e agora ainda menos) a apregoar que vai ser uma tragédia, repetindo aquele refrão da cassete já gasta, de que “não vai haver dinheiro para os funcionários públicos e pensionistas”, enquanto a Nossa Senhora vai dizendo (agora e por enquanto) aos gregos, que não se preocupem (mais?) com o dinheiro (é o que mais há, nos países errados) e que não se pode perder uma geração (as outras que se lixem), mas que é preciso fazer reformas, ou seja, é preciso despedir…
Por outro lado… passando as culpas ao FMI:
Anda alguma gentinha a brincar (até setembro) com toda a gente…
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