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domingo, 30 de junho de 2013

A consciência cidadã emergente passará por “ISTO”?

“Se você acha que educação é cara, experimente a ignorância.” (Derek Bok)
Nestas últimas semanas assistimos em redes nacionais e internacionais a uma grande prova que o nosso empenho, enquanto profissionais da Educação Reflexiva, tem surtido efeito.
Presenciamos não só nas capitais do (nosso) País, mas em muitos municípios de todos os estados do Brasil. Cidadãos de todas as idades insatisfeitos com a forma injusta que o nosso país vem sendo administrado.
Geverson Luz Godoy
Podemos considerar estas manifestações frutos da democracia, mas algo faz-me acreditar que é mais do que isto, é uma quebra de paradigmas, uma mudança da cultura do pensar, uma transformação. Isto leva-me a acreditar que mais do que um movimento da democracia, a maior exigência é fruto do que semeamos nas nossas escolas, quando trabalhamos desde a Educação Infantil até à Universidade os conceitos de justiça, família, unidade, ética, moral, partilha, solidariedade, perdas, ganhos, cooperação, empreendedorismo, etc...
Faz diferença numa sociedade, quando os educandos desenvolvem habilidades de raciocínio como “ouvir, respeitar a opinião dos outros, investigar, dialogar, observar, verificar, descrever, inferir, formular questões, comparar, contrastar, contextualizar, contestar, interpretar, dar e pedir razões, identificar similaridades e diferenças, identificar causas e efeitos, ato e potência, fins e consequências, estabelecer conclusões”, entre outras habilidades de raciocínio.
Desenvolver estas habilidades com competência faz-nos perceber que estas ferramentas da filosofia e da educação reflexiva fazem diferença na vida das pessoas e nas suas relações com a sociedade.
Ainda percebo que em muitas escolas não se dê o devido valor para o desenvolvimento destas habilidades do raciocínio. Nós, educadores, sabemos que a disciplina de Filosofia ficou por muito tempo nos porões dos projetos políticos pedagógicos do mundo e, principalmente no nosso país, mediante ditaduras das mais variadas formas.
É justamente por esta causa, o despertar, a autonomia, o pensar por si mesmo..., que não se quer a Filosofia, a Educação para o Pensar e, que a educação reflexiva, aconteça nas salas de aula, pois, os nossos nobres governantes conhecem o tamanho da sua nação, e temem que este ‘GIGANTE’ desperte e saia para as ruas manifestando, protestando e reivindicando os seus direitos públicos de que foram privados. E de quem é a culpa?
É melhor continuarmos a falar sobre educação!
Uma Escola Reflexiva tem resgatado os objetivos da Filosofia que é a construção do conhecimento, a discussão dos conceitos, a formação do ser humano com um todo. O investigar e o conhecer despertam para o pensamento autónomo. Ser autónomo não é o mesmo que ser autossuficiente, o primeiro desenvolve-se no seio de uma Comunidade de Aprendizagem Investigativa (C.A.I.) sadia, onde se utiliza do diálogo, onde se aprende a ouvir tanto quanto se fala. O autossuficiente aprendeu apenas a falar, não lhe cabe ouvir o seu semelhante, não respeita a forma de pensar alheia e ainda quer impor aos outros o que pensa saber.
A pessoa que participa de uma Educação Reflexiva desperta para o autoconhecimento, desenvolve a sua autoestima e cresce com autoconfiança, valores que engrandecem qualquer pessoa.
Ser reflexivo é observar o mundo de forma atenta percebendo as suas ações e compreendendo a modificação do processo da realidade. É ver tudo como um todo, e não segmentar a vida em partes como que gavetas em que organizamos os nossos pertences pessoais. Ainda, pensar de forma reflexiva desperta para o entendimento das próprias ideias e das ideias dos outros levando ao respeito da própria vida, da vida dos outros e do mundo que nos cerca.
Para pensar de forma reflexiva é necessário organização, motivação e mediação para que haja um ambiente propício para o diálogo, a investigação e a construção do conhecimento.
Fazer educação reflexiva é Educar para o Pensar, onde se valoriza o ser humano como ser responsável, generoso, solidário, que quer e tem necessidade de ser feliz. É acreditar, enquanto educador, no desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, incentivando-o para que participe efetivamente na sua comunidade. Assim perceberá a importância de saber trabalhar e aprender em comunidade, dialogar, discutir, falar, habilidades essenciais para a vida pessoal e profissional.
Educar para o Pensar é considerar cada estudante o protagonista do seu crescimento, incentivando-o à pesquisa, à argumentação e clareza das suas ideias. Além de estimular a estar aberto ao pensar do outro, prepará-lo para os avanços científicos, sociais, culturais, tecnológicos, antropológicos e filosóficos.
Para concluir e reafirmar a importância de uma educação de qualidade, filosófica, questionadora e reflexiva, concluo utilizando as palavras do Prof. Celso Antunes: “Não sei como será o nosso amanhã; mas não duvido que será da maneira como os educadores o esculpirem.”

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