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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Assim vivem uns em cima das nossas possibilidades...

Cerca de 370.000 pessoas tinham assinado hoje uma petição para desafiar o ministro do Trabalho britânico a viver com perto de 250 euros mensais, como considerou ser possível ao defender uma reforma das prestações sociais.
"Esta petição desafia Iain Duncan Smith (...) a provar que é capaz, como afirmou, de viver com 7,57 libras por dia, ou seja 53 libras (62 euros) por semana", indica o texto, que convida o ministro conservador a fazer esta experiência "durante pelo menos um ano".
"Isto ia representar uma redução de 97% do rendimento atual que ronda 1.581,02 libras por semana, ou 225 libras por dia, depois de impostos", acrescenta o texto. O texto da petição refere-se às declarações do ministro, entrevistado pela BBC sobre uma reforma governamental do sistema de prestações sociais.
Ao jornalista que lhe perguntou se podia viver com 53 libras semanais, Iain Smith respondeu: "Se tivesse que ser, sim".
Num jornal local, o ministro considerou a petição "uma farsa que pretendia desviar a atenção da reforma do sistema social, que é bem mais importante".
"Estive desempregado duas vezes na minha vida", afirmou ao Wanstead and Woodford Guardian. "Sei o que é viver com o mínimo".
O ministro das Finanças britânico apresentou uma reforma das prestações sociais, considerando o atual sistema "quebrado". Uma das propostas refere-se ao subsídio de aluguer de habitação para as residências que tenham um quarto vazio. Por outro lado, define também o aumento de algumas ajudas abaixo da taxa de inflação.
A petição está disponível online em change.org.
O negócio dos paraísos fiscais sofreu esta quinta-feira um dos mais duros golpes de que há memória, com a divulgação de uma lista com nomes e valores das fortunas de milhares de milionários guardadas nas Ilhas Virgens Britânicas.
É o resultado de uma investigação conjunta do International Consortium of Investigative Journalists - ICIJ e de vários meios de comunicação social de vários países, incluindo o jornal britânico The Guardian, que descreve a lista agora publicada como "um abalo sísmico em todo o mundo no florescente negócio das offshore".
A divulgação dos nomes pode causar uma crise de confiança no sector, que assenta no anonimato como forma de transmitir segurança a quem pretende deslocar grande parte da sua fortuna para fora do país de origem. Da lista destacam-se alguns nomes bem conhecidos, que ficam agora ligados à deslocação de capitais que poderiam pagar impostos nos seus países de origem.
Jean-Jacques Augier, tesoureiro da campanha presidencial de François Hollande em 2012.
Bayartsogt Sangajav, antigo ministro das Finanças da Mongólia.
Carmen Thyssen, baronesa espanhola;
Ilham Aliyev, Presidente do Azerbeijão;
Olga Shuvalova, mulher do vice-primeiro-ministro russo, Igor Shuvalov;
Tony Merchant, marido da senadora canadiana Pana Merchant;
Maria Imelda Marcos Manotoc, filha do antigo Presidente filipino Ferdinand Marcos e actual governadora da província de Ilocos Norte;
Denise Rich, ex-mulher do magnata Marc Rich, que recebeu um perdão presidencial de Bill Clinton em 2001 relativo ao não pagamento de impostos na ordem dos 100 milhões de dólares.
O responsável financeiro pela administração do território britânico nas Caraíbas, Neil Smith, recusou a acusação de que a ilha funcione como "um porto seguro para pessoas com falta de ética". "A nossa legislação favorece um ambiente mais hostil para a ilegalidade do que a maioria das outras jurisdições", disse o responsável.
O ICIJ e o The Guardian dizem ter mais de 200 gigabytes de dados relativos a operações efectuadas na última década nas Ilhas Virgens Britânicas, mas também em Singapura, Hong Kong e nas Ilhas Cook, que serão revelados ao longo dos próximos dias.
Fica patente que a chamada “política de austeridade” não tem nada a ver com os países da Eurozona intervencionados pela troika, nem tem nada a ver com a dimensão (territorial ou económica) dos mesmos países, porque se assim fosse, estas medidas de cortes nas prestações sociais não aconteceriam no Reino Unido e são mesmo estratégicas e ideológicas. Seja qual for a família ideológica dos respetivos governos ou a sua posição nos rankings de riqueza desses países, todos aplicam a mesma “austeridade”, cortando direitos e fabricando pobreza…
E quando tomamos conhecimento de que, o próprio Reino Unido alberga em territórios sob a sua administração offshores, que permitem que fortunas de milhares de milionários de todo o mundo (e haverá muitos britânicos) possam fugir de pagar impostos nos seus países de origem, percebe-se a enorme imoralidade, ignóbil, que reina entre a classe de líderes que vagueiam pela União Europeia, e não só, que tem estômago para proteger as fraudes dos ricos e atacar o direito ao pão dos pobres…
E mais preocupante é que ainda venha alguém responsável dizer que a legislação dos offshores defende mais a legalidade do que a maioria de outras jurisdições, que se presume serem oficiais… Inqualificável!
Esperemos pelas listas que prometem divulgar, para conhecermos todos (esperemos) os nacionalistas e patriotas, as quantias que resguardam e os valores dos respetivos impostos a que fugiram, para sabermos que não foram os “Zés Povinho” que andaram a viver acima das suas possibilidades e que não se fique só pela denúncia, mas pelo pagamento de todas as fugas ao fisco, com juros.
Perante isto, e tendo em conta a imposição das medidas de “austeridade”, com as consequências desumanas na vida de milhões de pessoas, a nível planetário, a definição de “Crimes contra a Humanidade” tem que ser alterada nas normas do direito internacional, de modo a abranger os beneficiários diretos da miséria dos cidadãos, bem como dos governantes que as impõem, degradando a Moral, borrifando-se na Ética e perpetuando o confisco durante gerações, impunemente.
O que é demais é exagero, mas o que é de menos devia ser crime!

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