Raquel Varela defende no seu mais recente livro que os trabalhadores não devem arcar com o pagamento dos juros da dívida pública.
Desde o início da crise financeira mundial, em 2008, a Zona do Euro presenciou fases de estagnação e recessão económica, crises políticas, implosão das suas dívidas soberanas nacionais, altas taxas de desemprego e, principalmente, uma forte tendência de corte em direitos sociais e laborais da população. A justificativa dada pelos governos é que essas medidas são fundamentais para que os países atinjam um equilíbrio fiscal e, consequentemente, receberem aportes financeiros da Troika – dedicados a pagar os juros dessas dívidas e salvar as principais instituições financeiras desses países da bancarrota.
No entanto, sindicatos, estudantes, académicos e outros setores progressistas dos países mais afetados articulam-se para, além de resistir a essas imposições, desconstruir os discursos utilizados pelos defensores da austeridade, que alegam que os países em pior situação (notadamente Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda) se encontram endividados porque, durante anos, gastaram mais do que tinham.
Em Portugal, uma das principais oponentes desse discurso é a historiadora Raquel Varela que, no seu mais recente livro, “Quem Paga o Estado Social em Portugal”, lançado em terras lusas no mês passado, não só defende a moratória da dívida como também afirma que a população do país não deve absolutamente nada. Em entrevista ao Opera Mundi, a professora da ISSH (sigla em inglês para Instituto Internacional de História Social, em Amsterdão) explica as razões e as contradições da crise atual, além de lembrar exemplos históricos, como a Revolução dos Cravos, em 1974, que marcou o fim da ditadura, quando a população se mobilizou para tomar o controlo das empresas e retomar o crescimento.
Opera Mundi: A primeira pergunta é inevitável: quem paga o Estado Social em Portugal?
Segue a entrevista…
Raquel Varela no Inferno
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