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domingo, 19 de agosto de 2012

E a trapalhada do Carnaval continua em trabalhadas…

Código do Trabalho usa essa expressão (eliminação), mas Nunciatura de Lisboa insiste que Estado e Santa Sé só acordaram uma “suspensão temporária”. É uma questão de semântica a que a Igreja se recusa a fechar os olhos, por ir contra aquilo que foi acordado entre o Estado e a Santa Sé sobre os feriados religiosos.
Esse acordo “não prevê a supressão mas uma suspensão temporária durante 5 anos do feriado civil no que diz respeito às festas religiosas do Corpo e Deus (que a partir de 2013 será celebrada no domingo seguinte) e de Todos os Santos (que continuará a ser celebrada no dia 1 de novembro, mesmo que não lhe seja reconhecido o carácter de feriado civil”, lê-se num esclarecimento. Estas declarações decorrem do facto de na revisão do Código do Trabalho constar a palavra “eliminação”.
O artigo 10.º diz que “a eliminação dos feriados de Corpo de Deus, de 5 de outubro, de 1 de novembro e de 1 de dezembro, resultante da alteração efetuada pela presente lei ao n.º 1 do artigo 234.º do Código do Trabalho produz efeitos a partir de 1 de janeiro de 2013”. Não se faz a ressalva de que a suspensão é temporária para as festas religiosas, durante 5 anos.
Ninguém tem dúvidas de que esta questão da eliminação de alguns feriados é um verdadeiro fait diver, até que alguém muito competente em contas e muito sagaz na argumentação dê conta ao povo (saiba comunicar, como se diz) qual o DEVE e o HAVER de tal decisão, no aumento da produtividade (com uma percentagenzinha, mesmo aldrabada), nos ganhos financeiros (com números rigorosamente calculados), no contributo para a amortização da dívida (com um exagerozinho para convencer) e na motivação para a construção de unidade e consciência nacional (mesmo que peçam ao António Barreto para explicar)…
Para já, insistem que serão os 4 feriados referidos que vão ao ar, e não se vê na lista a terça feira de Carnaval, que embora considerada, semanticamente, como “tolerância de ponto”, sempre foi feriado, porque nunca se trabalhou. Depois da brincadeira de mau gosto com que PPC gozou o povo este ano, e não pondo preto no branco no Código de Trabalho, esperemos que o PM não volte a ser trapalhão, até porque já está mais maduro, e por isso, até pode cair, como aconteceu com o seu correligionário Cavaco Silva e hoje PR…
Pelos vistos, as razões do fim dos 4 (ou 5) feriados assentam, muito simplesmente, na redução imediata de 1,71% no ordenado pago por hora a quem trabalha (por estimativas do ministério da Economia e do (des)Emprego) o que não se enquadra em nenhuma das razões que tentamos sublimar acima, sublimando a medida do governo e os governantes.
Assim sendo, vende-se em pacote, por preço irrisório e pouco digno, a Restauração da Independência de Portugal (do jugo de Espanha), a Proclamação da República (em troca da decadência monárquica), o Corpo de Deus (que não tem colaborado na ressurreição da economia) e Todos os Santos (que só nos tem ajudado para baixo), mais a memória dos nossos Finados, que a tradição antecipava para este dia. Estamos em saldos!
Afinal, mais explicações para quê? E se é suspensão ou supressão (que até pode ter sido mais um lapso dos putos que fazem de conta que são Assessores), dá tudo no mesmo, mostrando mais uma vez, que a negociar e a prometer o governo diz uma coisa e faz outra… A Igreja, que está treinada nas coisas da fé, é que acreditou, como todos nós e se trambicou, como todos nós…
Razão tinha o Relvas, que nos sermões que fazia nos tempos da palavra “doutoral” apelava sempre à “transparência” do governo, só que, como se constata, o seu conceito passava mais pela “desfocagem”, por os vidros serem foscos, ou quem sabe, por “sombras chinesas” e pouco católicas…
Deus que lhes perdoe (que não sabem o que fazem) e os antepassados também (que não tem culpa)!
Mas a troika quer…

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