Jeffrey Sachs & Bono
|
O economista norte-americano Jeffrey Sachs lançou o seu nome como candidato à presidência do Banco Mundial – numa campanha pública pouco usual para este cargo.
As declarações de Jeffrey Sachs foram feitas nesta sexta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal Washington Post, no qual o economista argumenta que a sua experiência passada e crédito o tornam melhor candidato que os banqueiros e políticos normalmente escolhidos por Washington.
“Ao contrário dos anteriores presidentes do Banco Mundial, eu não venho de Wall Street nem sou um político dos Estados Unidos”, lê-se no artigo. Sachs destacou também a sua prática em “desenvolvimento económico”, tanto como professor como autor de artigos sobre o tema. “Não acredito que este seja um trabalho para amadores”, insistiu, referindo também que poderia aproximar a instituição da investigação científica, de forma a tomar melhores decisões.
O economista prometeu também – caso venha a ser o escolhido – colocar mais tecnologias ao serviço da saúde e educação, assim como melhorar a cobertura de energia eléctrica nos países pobres.
Sachs foi durante largos anos conselheiro nas Nações Unidas e colaborou com vários governos em temas relacionados com a pobreza. Neste momento está à frente de um instituto de investigação que se debruça sobre as temáticas do desenvolvimento e cuja sede fica na Universidade Columbia, em Nova Iorque.
O actual presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick (executivo no Goldman Sachs, Vice-secretário da Defesa e Representante para o Comércio do Estados Unidos), nomeado em 2007 por George W. Bush, informou no passado dia 17 de Fevereiro que vai deixar a liderança da instituição no final do mandato, a 30 de Junho. “Juntos, focámo-nos no apoio aos países em desenvolvimento, para ultrapassar a crise, e ajustar as alterações económicas”, disse Zoellick, citado pela Bloomberg. “O Banco está agora forte, saudável e bem posicionado para as novas mudanças, por isso é a altura certa para eu seguir em frente e apoiar a nova liderança”, acrescentou.
Durante o seu mandato, o Banco Mundial fez um aumento de capital que o dotou de 5,1 mil milhões de dólares, para minimizar os impactos da crise global que se seguiu à crise financeira de 2008. Uma herança pesada que deixará este ano ao seu sucessor.
A público já vieram outros nomes que poderão ser da preferência do Presidente dos Estados Unidos. De destacar Lawrence Summers, que liderou o Conselho Económico de Barack Obama e que já se manifestou disponível para ocupar o lugar. O nome de Hillary Clinton também chegou a ser divulgado, mas a própria já veio dizer que não está nesta corrida. A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, é também referida com frequência. No entanto, os países em desenvolvimento têm vindo a clamar por uma voz mais forte, adianta a agência noticiosa Reuters.
Até agora o Banco Mundial não comentou o assunto, explicando que só tornará pública a lista de “finalistas” em Abril. Até dia 23 de Março os países podem propor nomes para o cargo. Um pacto informal determina que sejam os Estados Unidos a nomear o presidente desta instituição, enquanto os líderes europeus escolhem o número um do Fundo Monetário Internacional.
Tendo o Banco Mundial como missão o financiamento do desenvolvimento dos países mais pobres e de auxílio financeiro e conhecendo-se o currículo de Jeffrey Sachs e a sua dedicação constante ao combate à pobreza, com propostas concretas e muitos trabalhos em vários países em todo o mundo, seria seguramente o homem certo para o lugar certo, mas…
Tendo em conta que são os EUA a nomear o presidente do BM, embora sejam propostos pelos países que dele fazem parte, apesar de Sachs ser americano, será muito improvável que venha a ser escolhido, bastando ter em conta que o ainda no ativo seja mais um “Goldman Sachs”, que parece ser uma fonte para o domínio universal e se perfilem políticos sem preparação específica e muito menos vocação, aliando o “pormenor” de Jeffrey ser um crítico das políticas americanas, sobretudo as belicistas, e do próprio BM.
Leitor assíduo dos artigos deste economista em que o humanismo é a motivação para o trabalho que desenvolve, razão por que publico aqui alguns desses artigos, caso ele chegasse ao lugar a que se propõe, ficaria com a esperança do cumprimento das propostas e promessas desenhadas e dormiria mais descansado, sabendo que alguém, genuinamente, combateria as causas e as condições de pobreza a nível mundial, apesar do pouco dinheiro com que conta, o que não é um bom augúrio para uma solução estruturada e sustentada.
Mas a esperança já era alguma coisa e talvez fosse mais fácil atingir-se os Objetivos do Milénio em tempo útil…
Sem comentários:
Enviar um comentário