"Por que razão a Alemanha precisa de quotas para as mulheres?" Depois da publicação do relatório do Governo sobre a igualdade, e agora que a ministra da Família e do Trabalho pretende fazer deste tema o seu próximo grande projeto, Der Spiegel advoga a introdução de quotas para que haja mais mulheres em posições de responsabilidade nas empresas. Os autores do artigo observam que, a começar pela redação do Spiegel, estamos longe da igualdade com "32 homens a chefiar secções contra apenas duas mulheres. Há mais homossexuais do que mulheres entre os redatores", e explicam que no resto do país a situação é ainda pior. Nos conselhos de administração das 100 maiores empresas alemãs apenas 2,2% são mulheres. Em causa está a impossibilidade de conciliar a família com a carreira profissional na Alemanha. O Governo pretende inspirar-se nos seus vizinhos, como a Noruega, que impôs uma quota de 40% de mulheres nos conselhos de administração até 2008, a França e a Espanha com 40% até 2015, a Holanda prepara uma quota de 30%, e a Comissão Europeia ameaça impor quotas, se nada for feito nos outros países até ao final de 2011.
“Mulheres, uma luta sem fim”, titula Le Monde na ocasião do Dia Mundial da Mulher. Mas no seu editorial, o diário parisiense pronuncia-se “a favor da abolição do dia 8 de março”:
Acaba por ser algo irrisório o facto de se insistir, uma vez por ano, em colocar na ribalta metade da população mundial para constatar que esta não tem a mesma igualdade que a outra metade. A luta pela igualdade das mulheres é uma luta diária, que não é travada apenas no dia 8 de março.
De facto, o ano que passou demonstrou claramente que a luta das mulheres é constante e a Primavera Árabe mediatizou cidadãos que constituem um verdadeiro desafio para os partidos islamitas. “Na Europa, e nomeadamente em França, as mulheres também não conseguem baixar a guarda um único dia no ano.”
Mas tomando a França como exemplo, Le Monde recorda que as mulheres continuam muito afastadas das responsabilidades na política e na alta administração e que a discrepância dos salários continua a atingir os 25%. Em suma, conclui Le Monde “a luta continua”, com ou sem o dia 8 de março.
- Mulheres mais desiguais do que os homens “Fokus”, Estocolmo
- O factor mulher “International Herald Tribune”, Paris
- Onde param as mulheres? “La Stampa”, Turim
Correndo o risco de ser denunciado à inquisição “feminista”, não quero deixar de dizer quatro coisas, que repito em todo o lado, quando é oportuno, confessando que sou absolutamente pela igualdade:
1. A igualdade de oportunidades para homens e para mulheres, dentro de um conceito “absoluto” da IGUALDADE, só pode assentar na igualdade de competências para os mesmos desempenhos;
2. A igualdade entre géneros, dentro de um conceito “absoluto” da IGUALDADE, não se pode restringir aos cargos diretivos e de administração, quer nas empresas, quer na política, mas ser estendida a todos os cargos que os homens desempenham no mundo do trabalho, mesmo os de incidência braçal;
3. A igualdade de vencimentos entre homens e mulheres, dentro de um conceito “absoluto” da IGUALDADE, é assunto que não tem justificação e nem vale a pena discutir, se a produtividade for igual;
4. Pelas razões acima e dentro de um conceito “absoluto” da IGUALDADE, as QUOTAS exigidas para as mulheres (imagine-se aplicadas na área da docência), e já conseguidas em vários países, inclusive no nosso na área da política, são a prova de que, por esta via, a “igualdade” entre homens e mulheres é falaciosa por excluir à partida a igualdade de competências e resultar na discriminação de ambos os sexos (géneros).
Agora, podem bater-me…
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