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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um relato da Cimeira com mais achas p’rá fogueira?

O plano anunciado pelos líderes europeus em Bruxelas está a ser recebido positivamente a nível mundial. Os principais parceiros económicos da União Europeia dizem que foi um passo na direção certa para debelar a crise da dívida, que ameaçava ter consequências negativas para a economia global.
Esta Cimeira teve a estrutura sequencial dos jogos de futebol, em que se faz um filme previsível, todos vemos o jogo, e por fim vários intervenientes e assistentes relatam o jogo que cada um quis ver…
O que se pensava que era a “solução” final, afinal não foi (mais uma vez) mais do que um passo na direcão dos interesses abismais. Os EUA consideram que a cimeira lançou “um alicerce crítico” para resolver a crise na Zona Euro, que é o mesmo que dizer, falaram, falaram, falaram… Por outro lado a China saúda "consenso europeu", por ter sido chamada (sem consenso), a dar uma mãozinha cheia de Yuan, o que lhe dará alguma soberania sobre a Europa, o que é bom para eles e muito mau para nós. Entretanto o Japão promete continuar a apoiar a Europa, que pelos vistos não tem resultado, mas não abandona os seus aliados (na boa tradição de lealdade), enquanto a Rússia diz que "é suficiente por agora", pelo que se depreende que é insuficiente (não querendo entrar com rublos para o FEEF, porque são deles). O Reino Unido não contribuirá para o reforço do FEEF, não só porque não pertence ao euro, mas porque não concorda com o “auxílio” da China.
Mas como o problema é da Banca e dos seus acionistas, por muito que queiram dourar a pílula, os Bancos prometem cooperar (cobraram juros tão altos, que agora nem perdem com os “perdões”), mas já vão avisando que as Necessidades dos bancos poderão ser maiores, o que quer dizer que, absurda e abruptamente serão os cidadãos (cada vez mais tesos) a RECAPITALIZAR (esta palavrinha tem que ser acrescentada ao dicionário, como sinónimo de “encher a mula” do senhorio) e que é o ÚNICO PONTO de todas as agendas de todas as Cimeiras!
No mesmo tom dos países acima referidos e na defesa dos financeiros, o FMI saúda "progressos substanciais", o que significa, na melhor das interpretações, progressos (passos), para a RECAPITALIZAÇÃO, mas nunca uma chegada ao ponto desejado e prometido, de desenvolvimento para criação de riqueza para se pagar as dívidas e irmos vivendo, morrendo…
Mas há outros relatos do jogo, que não dizem bem, bem, a mesma coisa:
“Alemanha adverte para guerra na Europa”, titula o Daily Express – uma manchete que obrigatoriamente faz acelerar o pulso aos ingleses. Segundo o tablóide nacionalista britânico, a chanceler Angela Merkel fez este “assustador aviso” poucas horas antes da cimeira europeia ter “remendado” com um bilião de euros a tentativa para salvar o euro. Anteriormente, ao dirigir-se Parlamento alemão, a chanceler disse: “Se o euro falhar, a Europa falha. Temos uma obrigação histórica: proteger por todos os meios o processo de unificação da Europa, iniciado pelos nossos antepassados, depois de séculos de ódio e de derramamento de sangue”. Quanto ao resultado da “caótica” cimeira de Bruxelas, este jornal ferozmente UE-fóbico cita um dirigente conservador que desvaloriza o acordo a que se chegou, classificando-o como “um penso rápido sobre uma ferida aberta”.
Por falar em sangue, eles lá sabem as marcas que deixaram na história, embora a cremação não deixasse vestígios e este processo agoniante também não…
Em Bruxelas, na cimeira da zona euro, a UE podia optar por “se recompor ou pelo caos”, estima o Libération. “O que as vontades políticas nacionais recusavam fortemente há pouco tempo, a folia especulativa acabará por impor. De facto, a União passou a ser federal. E deverá vir a sê-lo ainda mais”, afirma o diário no seu editorial. É verdade que os “Estados Unidos da Europa” têm vindo a ser ilustrados como uma série de fábricas de gás monetárias e financeiras, de remendos inventados à última da hora para colmatar as lacunas da zona euro. Mas o essencial está presente: “os dirigentes europeus, sobretudo Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, compreenderam que mais valia constar nos livros de história como refundadores da União, do que como os seus destruidores. Só falta desbravar esse continente político. Cabe aos países-membros superar o estado intergovernamental, tão tranquilizador, e conceder, finalmente, certos poderes ao Parlamento europeu”, conclui o diário.
Só se estão a esquecer que FEDERALISMO, SEM DEMOCRACIA, eleições estaduais e federais, é uma ditadura política disfarçada de ditadura financeira, que se espera que não seja aceite por nenhum dos representantes dos países membros, embora Merkel diz que "vão ser necessários muito outros passos" para debelar a crise, mas para além do “nosso” Passos, esperemos que não haja mais Passos tão servis, que vão na conversa, só porque é inevitável… “Inevitável é a tua tia!”
Concluindo, ao Centro nada de novo e tanto é assim, quartel general em Berlim!

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