"Comida" de Aleksandra
Kusmider
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No mesmo período, o número de pessoas a viver com menos de US$ 2 (1,45 €) - faixa considerada de pobreza - recuou de 1.250.000.000 para 942.000.000.
A China foi responsável pela maior parte da melhoria do cenário mundial. Excluindo o país asiático, o resto do mundo tirou apenas 23.000.000 de pessoas da extrema pobreza, de 1991 a 2010. Também excluindo a China do cenário, o número de trabalhadores abaixo da linha de pobreza teve alta no mesmo período, de 697.000.000 para 794.000.000. “A África Subsaariana e o Sul Asiático agora respondem por uma participação muito maior dos trabalhadores pobres do que em 1991”, aponta a OIT.
O relatório da OIT também aponta que a crise económica teve um impacto considerável sobre os rendimentos.
O desemprego de longo prazo cresceu em 29 de 40 países no pico da crise em 2009. Em 2010, a situação piorou, com alta do desemprego em todos os países analisados, à exceção de Israel, Alemanha, Coreia do Sul e Turquia. “Os aumentos mais dramáticos foram registados nos países bálticos, na Irlanda e na Espanha”, diz o relatório.
Cinco notas falsas (não de dinheiro):
1 – O que é isto de 0,91 € e 1,45 € por dia?
2 – Como é que se pode comparar o mesmo salário de 1991 com o de 2010?
3 - Com estes parâmetros, como é que se conclui que houve progresso?
4 – E pelos vistos os salários diminuíram com a crise.
5 – E pelos vistos o desemprego aumentou com a crise.
Estamos a falar de EXTREMA POBREZA E DE POBREZA, DE QUEM TRABALHA!
E quantos milhões são os que não trabalham e tem um ZERO para comer?
Estudos rigorosos, para podermos comer e dormir mais aliviados? Parece que não…
Perante este número, é legítimo perguntar se os pobres podem esperar mais até que os ricos abdiquem de um pouco da sua riqueza para lhes matar a fome. Se tardar muito, a conquista tem de ser pela força, mas a nível mundial, seguindo o lema da bolsa: “agarra o que puderes e foge”.
Ecoa ainda o ano 2010 — Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social — e quase 80.000.000 vivem abaixo do limiar de pobreza, conforme dizem os dados do Programa Europeu de Apoio Alimentar.
No momento em que o Lehman Brothers faliu, em Setembro de 2008, os governos europeus apressaram-se a declarar que não havia hipótese do Velho Continente ser afectado.
Três anos depois, não só a crise ainda não foi superada como a Europa redescobre os seus pobres e, pela primeira vez desde o pós-guerra, regista um aumento real no número de pobres.
Os estudos da União Europeia revelam a “nova pobreza”: centenas de empresas fecharam as portas, mas foram os cortes drásticos nos investimentos dos governos que aprofundaram ainda mais a recessão social.
O desemprego oficial em Portugal atinge a maior taxa em 30 anos e sufoca 600.000 portugueses. Com os novos cortes de gastos, apenas metade tem direito a algum tipo de seguro social de 528,56 € por mês.
O desempregado português tinha um rendimento mínimo garantido por 3 anos e o novo pacote de austeridade limita a ajuda a 18 meses.
Hoje, 1/5 dos portugueses — quase 2.000.000 de pessoas — vive com menos de 360 € por mês.
4% dos portugueses não tem condições financeiras para fazer uma refeição a cada dois dias com carne ou peixe e os dados oficiais da UE apontam que o risco de pobreza em Portugal, que em 2008 atingia 18% da população, hoje já é de 23%.
Ao lado, a expansão da pobreza é uma realidade para os espanhóis. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística da Espanha, a pobreza relativa chega a 20,8% da população, quase 10.000.000 de espanhóis.
A crise na Grécia fez o país perder 10 anos do seu progresso social e o rendimento de um grego é metade do que ganha um norueguês.
Otaviano Canuto, vice-presidente do Banco Mundial para o combate à pobreza, aponta um cenário pouco animador para a Europa nos próximos anos: “o número de pessoas abaixo da linha da pobreza aumentará em 2011 e talvez por alguns anos mais”.
Segundo o Eurostat, 79.000.000 de pessoas vivem na Europa abaixo do limiar de pobreza e 30.000.000 sofrem de subnutrição.
Embrulhados nestes números estão pessoas mas as políticas europeias deliciam-se mais com os números e inquietam-se menos com as pessoas. Até quando?
Até quando os líderes europeus deixarem de pensar que a Pobreza é o efeito — e não a causa — da imoralidade obscena das suas políticas económicas e financeiras.
As estatísticas são frias... não nos contam os dramas humanos!
ResponderEliminarÉ por isso que eles tanto gostam de trabalhar com estatísticas e do "management by objectives"!!
Félix da Costa
ResponderEliminarO mais caricato é que há dois critérios para a classificação de pobreza, um para os países pobres (os dólares/dia) e dos ricos em que tem a ver com 1/3 do salário médio. Até os pobres são diferentes.
Mas realmente, até para ONU, números... "falsos".