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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mas isto é “dar com o PES” nos empobrecidos!

O governo apresentou o Programa de Emergência Social que vai abranger um universo de 3.000.000 de portugueses. Este número é impressionante. E isto porque o plano do ministro Pedro Mota Soares se destina a pessoas que não conseguem ter 2 refeições por dia, aos casais desempregados com filhos, aos cidadãos que viram as suas casas penhoradas e não têm dinheiro para pagar uma renda normal e aos muitos que precisam de matar a fome em instituições sociais.

A verba que o Estado disponibiliza para esta emergência está longe de ser colossal. 400 milhões de euros são uma gota de água no imenso despautério que por aí vai em projectos ruinosos em que poucos ganham muito com o dinheiro dos contribuintes. Importa que seja aplicado com critério, de forma transparente e sirva essencialmente para dar condições a quem está no terreno para responder melhor e mais depressa a tanta desgraça. E que esteja preparado para o pior, isto é, para o que aí vem a curto prazo. O cenário é negro e mesmo que tudo corra muito bem não há forma de evitar que muito mais portugueses venham a cair na miséria e na fome nos próximos anos. É tão certo como 2 e 2 serem 4. Com a economia em recessão profunda, o desemprego a aumentar todos os dias, os inevitáveis cortes salariais, a inflação, os impostos a serem usados como tapa-buracos de um monstro insaciável e as crises que chegam a Portugal da Europa e dos Estados Unidos, não vale a pena ter esperança, ser optimista ou tentar descortinar no horizonte qualquer sinal de bonança para a tempestade quase perfeita que se abateu sobre o país. O mais trágico de toda esta situação é que os salários baixos, os impostos altos, o aumento das horas de trabalho, a poupança forçada sabe-se lá bem de quê e todos os sacrifícios possíveis e impossíveis podem muito bem não servir para coisa nenhuma. Nesta fase da crise, o melhor é viver o dia-a-dia, é sobreviver de manhã à noite, sem projectos para o futuro. Os crentes sempre podem entregar o seu destino a Deus. Os outros nem isso. A descrença generalizada não é boa conselheira, é verdade. Pode até ser perigosa para a coesão social e a paz nas ruas. Mas é uma forma realista de olhar para o presente sem qualquer futuro.

Portugal ainda tem o apoio da União Europeia e do FMI. O mais certo é que os 78 mil milhões não cheguem para as encomendas da nação e, já agora, de economias, como a italiana, que estão pelas ruas da amargura. Como o tsunami está mesmo a chegar, não há tempo a perder na montagem de uma estrutura de guerra que vá para o terreno salvar as pessoas da fome de hoje e também de amanhã. Com planos de emergência que vão necessariamente ter um horizonte temporal mais alargado e sem um fim à vista. O que ontem os portugueses ouviram deve ser um solene aviso à navegação. Numa passagem de nível pode salvar-se uma vida com o velho "pare, escute, olhe". Numa desgraça social como a que Portugal está a viver, o "pare, escute, olhe" não salva coisa nenhuma. Serve apenas para muitas pessoas perceberem que amanhã podem ser os beneficiários desta emergência contra a fome.

“Editorial” de António Ribeiro Ferreira

"Estas são medidas concretas para ajudar a suportar melhor os sacrifícios que os portugueses têm de fazer, é isto que é justiça social", argumentou o deputado do PSD, Fernando Negrão e garantiu que até 2014 “ninguém será deixado para trás".

Num comentário ao PES, Sónia Fertuzinhos garantiu que os socialistas "não defendem, nem nunca defenderão a lógica assistencialista de apoios sociais às pessoas".

Jerónimo de Sousa, criticou o PES, que cria estigmas, perpetua situações de pobreza, constitui uma "migalha" que não resolve os problemas e algumas das medidas contribuem para aumentar a exclusão.

Para o BE, "sem se taxarem os mais ricos não há possibilidade de um verdadeiro plano que responda às dificuldades das pessoas".
Tenho que começar por dizer, que simpatizo com o atual ministro da Solidariedade e Segurança Social, pelo seu empenho nas funções de que foi incumbido, mas mais pela sua coerência doutrinária e não político-partidária. Mas, como o fazer tem que ter uma sustentação ideológica, a boa fé, neste caso não basta, porque o assistencialismo governamental, não é senão a governamentalização institucional dos cidadãos, com todas as consequências que a sociologia “prevê” e os sociólogos deviam denunciar…
Quando lemos o que os políticos dizem, com, ou sem formação na matéria, percebemos que a perspetiva de cada um se limita ao campo de visão do seu partido, sem qualquer síntese objetiva e científica do fenómeno. Já Pierre Bourdieu se lamentava do silêncio dos intelectuais e académicos sobre medidas governamentais específicas e das suas áreas, para também nós constatarmos o mesmo e assistirmos a opiniões individuais, algumas verdadeiras heresias.
E custa ouvir um ex juiz, Fernando Negrão e deputado do PSD, dizer sobre o PES que ISTO É QUE É JUSTIÇA SOCIAL e ficar satisfeito (acreditando) que até 2014 ninguém será deixado para trás. Mesmo que fosse verdade e se fizesse prova, não é função dos governos levar o país para a frente, com os homens do leme? Pobres objetivos!
Por outro lado vem os socialistas dizer tout court, que nunca defenderão a lógica assistencialista, com tantas culpas no cartório e sem pedirem desculpa por tanta asneirada.
Jerónimo de Sousa, vem dizer que o assistencialismo cria estigmas, perpetua a pobreza e algumas medidas contribuem para aumentar a exclusão, que é um paradigma irrefutável, que o passado e a sociologia explicam.
Já o BE assegura, que se não se taxarem os mais ricos não há possibilidade de um verdadeiro plano para responder às dificuldades das pessoas, sem colocar em questão a justiça e as consequências do assistencialismo…
O que era bom para compreendermos as causas e os efeitos de um plano assistencialista, gostávamos e todos merecíamos ouvir as opiniões abalizadas de sociólogos, como a de Alfredo Bruto da Costa, de Boaventura Sousa Santos, de António Barreto e de outros, sem que eles ficassem à espera que lhes perguntassem e tomassem a iniciativa de desmontar o que nos parece óbvio, pela nossa formação judaico-cristã…
Mas, se desconfiamos da opinião dos políticos, acreditamos mais na análise de um jornalista, no caso António Ribeiro Ferreira, que não anda longe da dos vários partidos, mas não tem qualquer “rótulo” e como os políticos (da esquerda radical e da pragmática) conclui que todos os sacrifícios possíveis e impossíveis podem muito bem não servir para coisa nenhuma, que como se começa a ver e Fernando Negrão verá, não vai servir mesmo de nada, antes pelo contrário, logicamente...
Dar por um lado e tirar pelo outro, nem a esperança lhes resta, não só aos pobres, mas também aos empobrecidos!

2 comentários:

  1. Politiqueiros = tira, baralha e torna a tirar.

    (também simpatizo com mota soares, ainda não está besuntado, ainda...)

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  2. maria
    Eu já disse que simpatizo com o homem, mas uma coisa é a caridade cristã, outra coisa é a política social e os direitos dos cidadãos...

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