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domingo, 16 de janeiro de 2011

Quanto mais o mundo muda, mais caímos no mesmo!

Diálogo entre Colbert e o Cardeal Mazarino no reinado de Luís XIV (de 1643 a 1715)
Colbert em frente a Mazarino
Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.
Trecho de “Le Diable Rouge" uma peça de teatro contemporâneo de Antoine Rault e cujo tema é o seguinte:
"No auge do seu poder, mas no fim da sua vida, o Cardeal Mazarino aperfeiçoa a educação do jovem rei Luís XIV, sob o olhar da rainha-mãe Ana de Áustria e de um Colbert, que espera a sua hora. Todos estes personagens, os seus cálculos e as suas rivalidades são uma reminiscência dos jogos de poder e as suas relações estreitas entre negócios públicos e vida privada na cena política de que hoje somos testemunhas. Tanto é verdade que os regimes mudam, mas as motivações dos homens continuam as mesmas... "

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