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quinta-feira, 24 de abril de 2014

“iPods” viver, virtualmente, neste mundo de solidão real?

Sou de uma geração que para telefonar era necessário ir até ao único posto de telefone da cidade, a não ser que houvesse telefone fixo na casa de algum parente ou vizinho.
Jackislandy Meira de Medeiros Silva
O acesso à comunicação era restrito às classes mais abastadas, à elite política ou às famílias dos grandes empresários da região. Havia poucas cabines telefónicas espalhadas pela cidade à base de fichas. A comunicação era, com isso, mais lenta porque menos acessível, por isso menos democrática. A minha geração, hoje chamada popularmente de geração “x” viu a TV a preto e branco, a cores era uma raridade. Esta geração valorizava muito mais a reflexão, a concentração e o foco.
Sou de uma geração que viu nascer e popularizar-se o computador residencial e até móvel, porém ainda não existia internet, tampouco uma grande rede de pessoas que se comunicam imediata e virtualmente pelo “orkut”, “facebook”, “twitter”, “MSN”... Vi, vivi e cresci um pouco no meio de um mundo analógico e com menos interatividade, onde as brincadeiras de crianças eram nas ruas, os jogos eram sensíveis e manuais. Hoje, não só o mundo virtual é uma realidade, mas a própria realidade vem traduzida pelo virtual. Virtual e real confundem-se, fundem-se, misturam-se a ponto de não sabermos em que mundo, afinal, estamos a viver. Os jogos, o entretenimento das crianças, dos jovens e adultos são absolutamente virtuais que independem cada vez mais de um parceiro humano.
Sou de uma geração em que os amigos eram mais ouvidos, não as máquinas. Estamos rodeados de máquinas. Máquinas e eletrónica por todos os lados. É curioso, houve um tempo em que pouco recorríamos às máquinas, mas hoje, quase não vivemos sem elas. Ah, as máquinas passaram de ferramentas secundárias para ferramentas essenciais em todas as áreas da vida humana. Para não esquecer, agora a pouco, da varanda da minha casa vi passar 4 jovens juntas que, certamente, iam para a praça da cidade, mas todas, sem exceção, portavam telemóveis ou “iPods” com os seus fones de ouvido. Pergunto-me: Conversavam? Se sim, por que não se livravam um pouco dos aparelhos enquanto conversavam? Se não, o que estavam a fazer juntas? Esta é um pouco a confusão desta geração: gosta de fazer tudo ao mesmo tempo. Chamam a esta geração de “y”.
Engraçado, de dentro da geração “x” (Bill Gates) nasce a geração “y”. Com a mega empresa de informática “Microsoft”, o mundo começa a nascer vislumbrado pelo desenvolvimento da internet, também da geração “x” com origens na guerra fria.
Sou da geração que viu e fez nascer a internet.
Sou da geração que viu e fez nascer os telemóveis.
Sou da geração que viu e fez nascer os “iPods” e “iPads”.
Sou da geração que viu e fez nascer os “notebooks”.
Sou da geração que faz uma coisa só de cada vez.
Sou da geração obcecada pelo conhecimento.
Sou da geração “x” que viu a “y” nascer, a qual não me viu nascer. Porém, tal como o presente que funde passado e futuro, assim são as gerações que se fundem numa só, dispostas a viver num mundo diferente, aberto à aventura do novo. Um novo mundo que, embora seja estranho para alguns, se torna possível. Tanto é possível que agora, no hoje da minha história, vejo-me a assistir ao filme num LCD, ao mesmo tempo em que atualizo o meu blog e o meu twitter na internet que, simultaneamente, converso com minha esposa e, depois atendo ao telemóvel que toca sem parar. Oh, ainda não acabou, não me dou por satisfeito, pois consigo comer um pedaço de pizza enquanto faço tudo isso, pois é o meu aniversário.
Parabéns p’ra você, da geração “x”, que não se perdeu na geração “y”!

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