Há 40 anos que assisto à cerimónia parlamentar do 25 de abril, com mais ou menos parcimónia, mas desta vez e nas circunstâncias que vivemos e com que nos fazem viver, fiquei com a sensação surreal de estar a ver os tripeiros a festejarem o 33.º campeonato do SLB no Marquês de Pombal… Houve uma exceção, que registo e aconselho a ouvir…
Coube à mais jovem deputada da sua bancada, Mariana Mortágua, a representação do Bloco de Esquerda na sessão solene do 25 de Abril.
De calças de ganga e camisa branca, aplaudida apenas pela sua bancada, Mariana Mortágua disse que "o País não pode suportar a escolha entre a austeridade nefasta e a austeridade fofinha". "A austeridade não é um remédio, é uma peçonha."
Dirigindo-se implicitamente ao Presidente da República, sentado atrás de si na mesa da presidência da AR, Mariana Mortágua criticou duramente os apelos ao "consenso". "Chamam consenso à passagem do tempo da troika para o tempo do Tratado Orçamental. Um salto limpo da panela para a frigideira."
Ora "este consenso da austeridade e do Tratado Orçamental é a ameaça sobre o nosso futuro" - e por isso recordar Abril não se faz "por saudosismo" mas sim por "vontade de futuro". "Celebrar a revolução é lembrar cada tijolo com que se construiu a liberdade e, com ela, a democracia", sendo que um "futuro feito de inevitabilidades é uma fraude" porque "não há democracia sem escolha".
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