A ministra das Finanças criticou hoje a indefinição do calendário para terminar a União Bancária, e defendeu que devem ser os próprios bancos a pagar as futuras crises bancárias.
No Parlamento, Maria Luís Albuquerque diz que Portugal defendeu em Bruxelas a consagração expressa da necessidade de criar um fundo com dinheiro dos orçamentos nacionais que complemente o fundo de resolução dos bancos (que é constituído a partir de vários fundos nacionais construídos com contribuições dos bancos) para gerir eventuais falências.
Para a ministra, o fundo único de resolução bancária (que está em discussão a nível europeu e é considerada a 2.ª perna da União Bancária) “não é credível sem um ‘backstop’ orçamental que assegure que os fundos estão disponíveis” para a resolução dos bancos.
Maria Luís Albuquerque garantiu ainda que “Portugal bateu-se fortemente pela consagração pelos diplomas em causa de referências expressas a esse ‘backstop’”, mas diz que há “diferentes sensibilidades entre os Estados-Membros”, que têm atrasado este processo.
Mesmo com este fundo com dinheiro dos contribuintes, o custo das futuras crises bancárias, diz a ministra, deve sempre ser suportado em última análise pelo setor bancário.
Maria Luís Albuquerque criticou ainda a indefinição do calendário para a 3.ª perna (que seria a última) da chamada União Bancária, que é a centralização dos mecanismos de garantia de depósitos. Estes esquemas garantem o dinheiro dos depositantes, até 100 mil euros, em caso de falência de um banco, mas o prazo para a sua discussão não está definido e já é conhecida a oposição da Alemanha a esta hipótese. “Lamentavelmente não está definido um calendário para o avanço nesta vertente, o que deixa incompleto mais uma vez o projeto de União”, disse.
Maria Luís Albuquerque não deixou de aproveitar no entanto, perante uma plateia composta por deputados, banqueiros e alguns especialistas internacionais do tema, de enumerar as ‘vitórias’ do seu próprio Governo.
Governo cria automatismo para a convocatória do controlo da atribuição do subsídio. Quem falhar segunda chamada registada perde a ajuda do Estado
O Governo vai impor, já em março, procedimentos que permitem retirar o subsídio de desemprego às pessoas que falhem as idas ao Centro de Emprego nas 2.ªs convocatórias enviadas automaticamente por correio registado, adiantou o secretário de Estado da Segurança Social.
O objetivo é evitar que essas 2.ªs convocatórias acabem por não se concretizar, continuando o beneficiário a receber o subsídio.
Quando lemos o título, até pensamos que Maria Luís tinha aderido ao PCP ou ao BE, ou que se tinha desvinculado da retórica vigente e começara a pensar racionalmente, por si, como pensa qualquer pessoa normal… Lido o artigo e espremidas as declarações, chegamos rapidamente à conclusão que estávamos a ser manipulados, por ela ou pela comunicação social…
Pelo que diz a ministra, ficamos a saber que:
1 - Há um Fundo de Resolução dos Bancos (com contribuições dos bancos) para gerir eventuais falências, mas que parece que é insuficiente;
2 – O que a senhora propõe, é que se crie um outro Fundo, mas com mais dinheiro, sacado aos Orçamentos Nacionais (aos contribuintes), que aumente o volume do tal Fundo de Resolução dos Bancos, para assegurar os montantes disponíveis para a ameaça de falência dos bancos;
3 – E como síntese da sua tese, diz a ministra, que mesmo com este fundo, com dinheiro dos contribuintes, o custo das futuras crises bancárias, deve sempre ser suportado, em última análise pelo setor bancário(?).
Resumindo, o que a ministra está a propor, é que não devem ser os bancos a pagar as suas crises, mas que os contribuintes reforcem ainda mais e normativamente, com uma comparticipação antecipada, os futuros negativos da Banca (fraudes, riscos, prejuízos, ineficiência dos administradores, etc.) exatamente o contrário da mensagem/isco do título que nos impingem…
Para piorar a manipulada análise do texto, mais perna menos perna, explicando que a União Bancária (não escrutinada pelos cidadãos europeus), é a centralização dos mecanismos de garantia do dinheiro dos depositantes, até 100.000 euros, em caso de falência de um banco, o que se pode concluir é que quem tiver mais de 100.000 euros, ainda se arrisca a pagar ainda mais para as “crises” dos bancos, contrariando a meia-mentira do título…
Entretanto, enquanto estes novos saques vão fervendo em banho-maria, com a mãozinha da Alemanha e as diferentes sensibilidades (interesses) entre os Estados-Membros, vai-se amealhando algum com subsídios de desemprego (dos que nada tem para viver), o que prova, definitivamente, que afinal o que a ministra das Finanças pensou, foi que “os pobres que continuem a pagar a crise dos bancos”…
O título, mas sobretudo a substância do discurso, têm uma virtude, que deverá, de uma vez por todas, calar os colados ao poder, militantes partidários, deputados, opinadores e cronistas da situação, de que é o dinheiro dos contribuintes que está a “desavalancar” os bancos, que são os únicos réus desta “crise”, coisa que os banqueiros e os “especialistas” internacionais sabem e não precisavam que lhes fosse dito.
Torna-se assim, finalmente, oficial, que são os contribuintes que estão as pagar as dívidas dos bancos e a meter dinheiro vivo onde os cofres (dos bancos) eram uma “morgue” com os gavetões sem “gaveto”…
Que se calem os cangalheiros!
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