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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A fome de saber não se sacia por se saber que há fome

A percentagem de refeições servidas nas cantinas da Universidade de Lisboa diminuiu 28% entre Janeiro de 2013 e Janeiro de 2014, revelou o reitor da instituição, António Cruz Serra, que entende os números como "sinal da crise"“Esta tendência de descida mantém-se no mês de Fevereiro e reforça a tendência que já vem de 2012", disse o reitor.
Cruz Serra, que já tinha afirmado no seu discurso que "urge acompanhar a situação, apurar as causas e, caso seja necessário, implementar medidas que invertam esta tendência", explicou que se pode tratar de um reajustamento dos estudantes ao momento actual de crise económica, que os esteja a forçar a fazer refeições em casa, evitando as cantinas, apesar dos preços baixos praticados nas refeições, admitindo que, mesmo com esses preços, os alunos não tenham capacidade de suportar o pagamento diário de refeições nas cantinas, e que uma das soluções poderá passar, por exemplo, por disponibilizar mais micro-ondas para os estudantes que optam por levar as refeições de casa.
O reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, pediu consensos para o ensino e a investigação, afirmando que “estas áreas não podem ser um instrumento de luta política” e que precisam de um rumo “para além das legislaturas que se sucedem”. “Precisamos de estratégia, de políticas coerentes de educação e de investigação. Sem ruturas”, afirmou na cerimónia oficial de abertura do ano académico 2013-2014.
Falando na presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, o reitor da Universidade de Lisboa sublinhou a necessidade de se definir “numa base plurianual” os recursos a afetar ao ensino superior. Isto para que as instituições possam planear o futuro “sem ter que navegar à vista, incertos quanto ao próximo orçamento e à próxima cativação”.
Numa altura em que as universidades reclamam a devolução por parte do Estado de 30 milhões de euros cortados em excesso dos orçamentos e em que alertam que o corte poderá colocar em causa o funcionamento das instituições, Cruz Serra disse que as restrições orçamentais estão a impossibilitar a renovação de docentes, investigadores e pessoal administrativo das universidades. “Precisamos saber que recursos humanos devemos ter dentro de 5 anos. Precisamos responder aos anseios dos jovens doutorados que sonham ter um futuro na Universidade. Precisamos estimular os nossos mais jovens e talentosos quadros administrativos e técnicos, a quem o bloqueio da carreira ensombra o futuro e impede qualquer planeamento. Temos que saber como recompensar os melhores e como distinguir quem merece ser distinguido”, declarou.
Cruz Serra pediu também mais e melhores condições para os investigadores e a propósito do próximo quadro comunitário de apoios referiu a necessidade de alocar “verbas significativas” à região de Lisboa, “onde se concentra mais conhecimento”, sob pena de desperdiçar recursos e alertou para “apostas erradas” no desenvolvimento regional, com investimentos que não se traduzem em resultados.
Não deixa de ser superficial e até gratuita, a solução proposta pelo reitor da Universidade de Lisboa, da “marmita + micro-ondas” para um problema grave de insuficiência económica e alimentar, que reduz a qualidade nutricional e com consequências no aproveitamento das aprendizagens. Esperava-se a reivindicação de uma solução cientificamente mais eficaz, à custa de mais dinheiro para matar a fome (do saber), mesmo com prejuízo de (algumas) verbas da investigação…
Até se entende que quem está em Lisboa reivindique mais e melhores condições para a sua região, seja lá por que razão for ou só por isso, mas não é, seguramente, um critério muito universalista e muito menos motor de desenvolvimento de todo um país e criador de igualdade de oportunidades… Já cansa que tudo o mais seja paisagem!
E por isso, Sampaio da Nóvoa vai mais longe, passando pela legítima esperança de abril, pela denúncia de uma agenda constrangedora da cultura, pelo comportamento sociológico dos cidadãos de ontem e de hoje, pela não-aceitação desta realidade de guerra e clamando à “utopia” do: “Assim como está é que não, definitivamente não!”.
Pois claro!
O ex-reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa alertou para o “instrumento de dominação” em que se transformou a crise, usada para “legitimar ideias que, de outra forma, nenhum de nós, estaria disposto a aceitar”. “Serve para impor soluções ditas inevitáveis que corrompem a nossa capacidade de decisão e a nossa liberdade”, criticou Sampaio da Nóvoa, na cerimónia de abertura do ano académico 2013-2014 da Universidade de Lisboa.
Perante a assistência de dois ex-presidentes da República – Ramalho Eanes e Jorge Sampaio –, da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, do presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d’Oliveira Martins, de figuras partidárias da política nacional, como Ferro Rodrigues e João Cravinho, e do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, o ex-reitor Sampaio da Nóvoa referiu “a guerra”“sim, a guerra”, sublinhou – contra as artes, humanidades e ciências sociais, que, disse, “não é de agora”.
“Volta e torna a voltar, sobretudo nos tempos de crise, nos tempos em que justamente mais precisamos das humanidades”, declarou, questionando-se se “nada interessa a não ser o que tem uma utilidade imediata”. “Utilidade imediata? Mas para quê? E para quem? Repita-se: a poesia é a única prova concreta da existência do homem. Ninguém decretou a existência da literatura, das artes e da criação. Ninguém decretará a sua extinção, o seu desaparecimento, a sua inutilidade. Temos um dever de resistência perante esta visão empobrecida do mundo, do conhecimento e da ciência. Não há culturas dispensáveis”, defendeu.
A propósito dos 40 anos do 25 de Abril, que se celebram dentro de 2 meses, Sampaio da Nóvoa recordou o jovem que era então, a viver essa “situação única, irrepetível”, que fazia crer que “o futuro de todos estava no mais pequeno gesto de cada um”. “Hoje parece que vivemos a sensação oposta. Sentimos que, façamos o que fizermos, nada muda. Que tudo se decide num lugar longe de nós, num lugar distante da nossa vontade. Precisamos de recuperar essa energia de Abril. Porque somos responsáveis pelo que fazemos, mas também somos responsáveis pelo que deixamos de fazer. Somos responsáveis pelas lutas que travamos, mas também por aquelas a que renunciamos”, reiterou.
O antigo reitor da Universidade de Lisboa afirmou ainda a necessidade de a universidade “se libertar das amarras”, de “estar presente em todos os debates da sociedade” e mais ligada à economia e às empresas, defendendo mais autonomia e uma “conceção radicalmente diferente da relação do Estado com a universidade”. “Assim como está é que não, definitivamente não”, disse.

2 comentários:

  1. bom a comida na clássica sempre foi péssima e a da universidade de évora algarve covilhã e do minho eram da peor merda basta ver a qualidade de red fish que lhes vendíamos

    já o sampaio da nódoa foi um carreirista inda maior cu fungágá da bicharada

    logo...ah bolas o texto é pago ao metro....ou há caganeira literata na famelga?

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