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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Por que tudo melhorou (para a Alemanha) com a crise?

O fervor alemão pelo projeto europeu não está a esfriar, como alguns querem fazer crer à opinião pública. Pelo contrário, hoje mais do que nunca, a Alemanha reconhece o valor da União Europeia e, sobretudo, da moeda única.
Segundo a informação convencional, a crise da zona euro diminuiu a confiança dos cidadãos na União Europeia – e nas instituições europeias em geral – em todos os Estados-membros. Vários relatórios recentes afirmam que o público alemão, em particular, voltou as costas à Europa.
Por exemplo, um recente relatório do grupo de reflexão europeísta Open Europe afirma que os cidadãos alemães tendem a confiar menos no Parlamento Europeu do que no seu parlamento nacional e deteta uma tendência de declínio da confiança alemã nas instituições da UE desde o início da crise. Da mesma forma, um comentário do grupo de reflexão pan-europeu European Council on Foreign Relations é taxativo: “A confiança na UE caiu em todo o continente. Tanto os devedores do Sul como os credores do Norte sentem-se vítimas dela”. Também um relatório do Pew Research Center [centro de pesquisa e sondagens privado norte-americano], divulgado em maio, intitulado “The New Sick Man of Europe: The European Union” (O novo paciente da Europa: a União Europeia), conclui: “O projeto europeu caiu em descrédito em grande parte da Europa”.
Este discurso está completamente viciado. Na verdade, a confiança dos alemães no euro tem vindo a aumentar ao longo da crise e, embora a sua confiança nas instituições da UE tenha caído até há 2 anos, já recuperou.
O regresso do marco?
O melhor indicador da atitude dos alemães em relação ao euro é fornecido por uma sondagem realizada regularmente desde 2002, com base numa única pergunta: “Gostaria de voltar ao marco alemão?”
Nos últimos anos, a proporção de pessoas que gostaria de ter de volta o marco alemão tem diminuído e situa-se hoje em apenas cerca de 35%. Por outro lado, a proporção de pessoas que preferem manter o euro tem vindo a aumentar ao longo da crise e ronda agora os 50%. De facto, a tendência de aumento da aceitação do euro começou em 2008, aquando do início da crise financeira global, e continuou a sua trajetória ascendente com o início da crise da dívida soberana na zona euro, em 2010.
Parece que as condições de crise têm forçado os cidadãos alemães a refletir com mais atenção sobre a importância da moeda comum. Nos últimos anos, o público alemão tem sido amplamente informado sobre o potencial custo fiscal das operações de resgate à Grécia e outros países. Mas, apesar de ser elevado, os alemães têm chegado cada vez mais à conclusão de que preferem manter o euro.
Mesmo o relatório do Pew Center detetou que a maioria dos alemães (52%) acredita que “o Governo alemão deve fornecer assistência financeira a outros países da UE com graves problemas financeiros”. Além disso, a Alemanha não está isolada. Em média, houve apenas um modesto declínio da confiança nas instituições europeias por toda a UE, impulsionado em grande parte pela acentuada quebra de confiança em 4 países da periferia da zona euro: Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda. No entanto, importa salientar que, nesses países, a confiança nas instituições europeias manifesta-se efetivamente maior do que nas instituições nacionais.
Alemanha não vira as costas à moeda única
Assim, o que é comumente entendido como uma crise de confiança generalizada na UE é realmente uma crise generalizada de confiança dos países da periferia em todas as instituições oficiais. Na Alemanha, a confiança no elemento fundamental da UE, ou seja, o euro, tem vindo a crescer com firmeza.
Esta tendência fundamental também ajuda a explicar o resultado da recente eleição geral da Alemanha, em que a chanceler Angela Merkel fez campanha com base em “salvar o euro” e obteve uma vitória retumbante. O único partido abertamente anti euro não conseguiu ultrapassar o limiar dos 5% que permitia entrar no Bundestag (Parlamento federal).
Tem havido muita especulação sobre a composição do próximo Governo de Merkel e o que isso vai significar para a posição da Alemanha em relação à Europa. Mas os pormenores da política de coligação na Alemanha importam muito menos para a Europa do que o amplo apoio dos alemães em relação ao euro. A Alemanha não vai virar as costas à moeda única – nem ao projeto europeu em geral.

2 comentários:

  1. Fazendo um paraleo mais perceptivel por ser numa só lingua com o Brasil_ tambem existem varios estados e governos diferentes em cada um, conseguimos encontar analises e parecers o mais dispares sobre os diversos grupos e governos, dependendo de quem os faz e da perpectiva que tem =favoravel/desfavoravel. não é mau só trabalhoso para ficar com uma perpectiva que não seja muito longe da realidade-sem saber bemo que é a realidade.
    Aqui na UE, para alem dos factos (vivemos e temos uma qualidade de vida acima de qualquer país do mundo) alguns ajustes = nas viagens,nos direitos consumidores, nas chamadas telefonicas, que se têm espalhado por todos os membros por inciativa externa (Bruxelas), noto que em cada país se trava a informação do que se discute e decide em Bruxelas e por vezes se dá eco a des-informaçaõ oriunda dos medias dos Five Eyes. não acho grave já que quem se informa em varias fontes depressa descobre onde está o rabo do gato, mas deve ser mais vezes dado o aviso para não escorregarmos na casca.

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    1. O que sobra, na prática, é que a Alemanha e os alemães, tem ganho balúrdios com as crise, convencidos (os cidadãos alemães) de que estar a ajudar os pobres e preguiçosos do sul, quando eles é que estão a engordar à custa da "miséria" dos outros...
      Acabe-se com o Euro e mande-se a UE à fava e eles vão ver como lhes vai custar a manter o relativo sucesso!

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