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terça-feira, 17 de setembro de 2013

"Faltar à verdade" é condição “sine qua non” para…

Ontem, Almerindo Marques afirmou na Comissão de Inquérito que a técnica responsável pelo parecer positivo do Instituto de Gestão e do Crédito Público a um swap das Estradas de Portugal foi precisamente Maria Luís Albuquerque, a actual ministra das Finanças que mais tarde defenderia o seu cancelamento.
O passado da ministra das Finanças em matéria de swaps tornou-se grotesco.
Ana Sá Lopes
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, é um dos principais rostos de Portugal perante “os nossos credores” ou “aqueles senhores” (quer optemos por qualificar a troika na versão Passos ou na versão Portas). Maria Luís Albuquerque tem como responsabilidade perante as instâncias Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI mostrar a “credibilidade do país”. Infelizmente, Maria Luís Albuquerque não tem qualquer credibilidade a mostrar.
Se já se tinha percebido que o monstro das swaps tinha atingido a ministra profundamente, um novo dado ontem revelado na Comissão de Inquérito do parlamento veio demonstrar como a relação de Maria Luís Albuquerque com a verdade é uma coisa impossível no que a esta matéria diz respeito.
Os políticos, a começar nos políticos da oposição, fogem à utilização do verbo “mentir” e preferem usar uma expressão mais caridosa que é “faltar à verdade”. Mentir é uma coisa desonesta, “faltar à verdade” pode ser uma falha conjuntural – de memória ou de omissão. Os políticos odeiam acusar-se uns aos outros de terem sido efectivamente desonestos (embora disponham de imunidade parlamentar exactamente para denunciar com todas as letras aquilo que pensam configurar uma desonestidade). Até aqui, Maria Luís Albuquerque conseguiu manter-se inabalável no seu posto, apesar de ter sido provado que “faltou à verdade”.
Ontem, Almerindo Marques afirmou na Comissão de Inquérito que a técnica responsável pelo parecer positivo do Instituto de Gestão e do Crédito Público (IGCP) a um swap das Estradas de Portugal foi precisamente Maria Luís Albuquerque, a actual ministra das Finanças que mais tarde defenderia o seu cancelamento.
Acontece que tempos antes, na mesma comissão, quando ainda não tinha sido promovida a ministra, a então secretária de Estado do Tesouro Maria Luís Albuquerque afirmou que enquanto trabalhou no IGCP não foi responsável por nenhum swap. “Gostaria apenas de esclarecer que no IGCP as minhas funções nunca passaram por esta matéria, mas pelas emissões de dívida. Portanto, enquanto estive no IGCP nunca tive qualquer contacto com swaps, nem do IGCP nem de natureza nenhuma”.
As “discrepâncias” que fizeram cair o secretário de Estado Joaquim Pais Jorge não são nada comparadas com esta discrepância muito maior: uma ministra das Finanças cujo passado profissional em matéria de swaps nunca foi claro e agora se tornou grotesco.
Se Maria Luís Albuquerque tiver que se demitir por causa do novo escândalo swap nas Estradas de Portugal, ontem denunciado por Almerindo Marques, o governo aguenta  a sua queda?
Pode não aguentar.
Paulo Gaião
O investimento de Passos em manter a ministra foi muito forte.
Foi ainda mais forte para manter Paulo Portas, envolvendo-o numa luta de vida ou de morte para quebrar o seu compromisso de "demissão irrevogável". Tudo por causa de Maria Luís.
Tanto esforço em vão, tem que ter consequências.
Portas pode aproveitar a nova crise para rebobinar o filme.
A intuição do hoje vice-primeiro-ministro estava certa.
Maria Luís não só tratou de swaps como lhes deu luz verde nas Estradas de Portugal, segundo Almerindo.   
De que valeu Portas hipotecar a sua coerência em defesa do interesse nacional?
Entretanto, o PSD sobe nas sondagens.
E  o CDS desce.
Certamente por estar transformado num partido muleta do PSD, que não consegue impor as suas medidas expansionistas  a Passos Coelho, Maria Luís e Poiares Maduro.
Mas Portas, como se sabe, tem mais que 7 vidas.
Tem sempre um plano B montado.
Não é por acaso que não ataca os juízes do Tribunal Constitucional.
Não é por acaso que tem um pacto de não-agressão com  o PS de Seguro.
Certamente para aplicar em caso de eleições legislativas antecipadas... coligando-se com Seguro.

2 comentários:

  1. A imagem que tenho das EPortugal/gestao Almerindo é duma seriedade muito questionavel. Estarei errado?

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    1. António Cristóvão
      Estamos de acordo, mas parece que a questão já vem há muito de trás e há mais gente no governo com responsabilidades nas PPP rodoviárias.

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