Ontem, Almerindo Marques
afirmou na Comissão de Inquérito que a técnica responsável pelo parecer
positivo do Instituto de Gestão e do Crédito Público a um swap das Estradas de
Portugal foi precisamente Maria Luís Albuquerque, a actual ministra das
Finanças que mais tarde defenderia o seu cancelamento.
O passado da ministra das Finanças em
matéria de swaps tornou-se grotesco.
Ana Sá Lopes
A ministra das Finanças, Maria Luís
Albuquerque, é um dos principais rostos de Portugal perante “os nossos credores” ou “aqueles senhores” (quer optemos por
qualificar a troika na versão Passos ou na versão Portas). Maria Luís
Albuquerque tem como responsabilidade perante as instâncias Comissão Europeia,
Banco Central Europeu e FMI mostrar a “credibilidade
do país”. Infelizmente, Maria Luís Albuquerque não tem qualquer
credibilidade a mostrar.
Se já se tinha percebido que o monstro
das swaps tinha atingido a ministra profundamente, um novo dado ontem revelado
na Comissão de Inquérito do parlamento veio demonstrar como a relação de Maria
Luís Albuquerque com a verdade é uma coisa impossível no que a esta matéria diz
respeito.
Os políticos, a começar nos políticos
da oposição, fogem à utilização do verbo “mentir”
e preferem usar uma expressão mais caridosa que é “faltar à verdade”. Mentir é uma coisa desonesta, “faltar à verdade” pode ser uma falha
conjuntural – de memória ou de omissão. Os políticos odeiam acusar-se uns aos
outros de terem sido efectivamente desonestos (embora disponham de imunidade
parlamentar exactamente para denunciar com todas as letras aquilo que pensam
configurar uma desonestidade). Até aqui, Maria Luís Albuquerque conseguiu
manter-se inabalável no seu posto, apesar de ter sido provado que “faltou à verdade”.
Ontem, Almerindo Marques afirmou na
Comissão de Inquérito que a técnica responsável pelo parecer positivo do
Instituto de Gestão e do Crédito Público (IGCP) a um swap das Estradas de
Portugal foi precisamente Maria Luís Albuquerque, a actual ministra das
Finanças que mais tarde defenderia o seu cancelamento.
Acontece que tempos antes, na mesma
comissão, quando ainda não tinha sido promovida a ministra, a então secretária
de Estado do Tesouro Maria Luís Albuquerque afirmou que enquanto trabalhou no
IGCP não foi responsável por nenhum swap. “Gostaria
apenas de esclarecer que no IGCP as minhas funções nunca passaram por esta
matéria, mas pelas emissões de dívida. Portanto, enquanto estive no IGCP nunca
tive qualquer contacto com swaps, nem do IGCP nem de natureza nenhuma”.
As “discrepâncias”
que fizeram cair o secretário de Estado Joaquim Pais Jorge não são nada
comparadas com esta discrepância muito maior: uma ministra das Finanças cujo
passado profissional em matéria de swaps nunca foi claro e agora se tornou
grotesco.
Se Maria Luís Albuquerque tiver que se
demitir por causa do novo escândalo swap nas Estradas de Portugal, ontem
denunciado por Almerindo Marques, o governo aguenta a sua queda?
Pode não aguentar.
Paulo Gaião
O investimento de Passos em manter a
ministra foi muito forte.
Foi ainda mais forte para manter Paulo
Portas, envolvendo-o numa luta de vida ou de morte para quebrar o seu
compromisso de "demissão
irrevogável". Tudo por causa de Maria Luís.
Tanto esforço em vão, tem que ter
consequências.
Portas pode aproveitar a nova crise
para rebobinar o filme.
A intuição do hoje
vice-primeiro-ministro estava certa.
Maria Luís não só tratou de swaps como
lhes deu luz verde nas Estradas de Portugal, segundo Almerindo.
De que valeu Portas hipotecar a sua
coerência em defesa do interesse nacional?
Entretanto, o PSD sobe nas sondagens.
E o CDS desce.
Certamente por estar transformado num
partido muleta do PSD, que não consegue impor as suas medidas expansionistas
a Passos Coelho, Maria Luís e Poiares Maduro.
Mas Portas, como se sabe, tem mais que
7 vidas.
Tem sempre um plano B montado.
Não é por acaso que não ataca os
juízes do Tribunal Constitucional.
Não é por acaso que tem um pacto de não-agressão
com o PS de Seguro.
Certamente para aplicar em caso de
eleições legislativas antecipadas... coligando-se com Seguro.
A imagem que tenho das EPortugal/gestao Almerindo é duma seriedade muito questionavel. Estarei errado?
ResponderEliminarAntónio Cristóvão
EliminarEstamos de acordo, mas parece que a questão já vem há muito de trás e há mais gente no governo com responsabilidades nas PPP rodoviárias.